31 outubro 2006

Noel Haris e as Vozes da Rádio

O nome com certeza não diz nada a ninguém. Se eu disser que ele foi o responsável pela gravação e mistura do nosso Mappa do Coração em 1997, então alguns já saberão de quem se trata.
Conhecemo-lo aquando da nossa participação no álbum Alma da Ala dos Namorados em Junho de 1996. Gostámos do seu profissionalismo, da sua forma de trabalhar e acima de tudo do seu humor.
Quando discutimos entre nós quem poderia ser responsável pelas gravações, veio logo o nome dele à cabeça. Telefonemas, faxs e as negociações terminaram em beleza. Veio no início de Abril e regressou pelos primeiros dias de Maio. Fui com o Jony buscá-lo ao aeroporto e começámos logo aí a quebrar pedra para um relacionamento que se veio a tornar excelente. Ele trabalhava horas a fio sempre com enorme concentração, almoçávamos juntos e saímos muitas noites com ele. Em pouco tempo tornou-se um amigo inseparável.
Se do ponto de visto técnico e musical foi bom, muito melhor foi ouvir dele as histórias das pessoas com quem tinha trabalhado. Os Queen adoptaram-no desde A Kind of Magic e o nosso Noel esteve com eles em todas as gravações mesmo após a morte do Freddie Mercury. Depois falou-nos do baixo Hoffner do Paul McCartney e da sandes de atum da Linda McCartney, do feitio do Van Morrison, da casa e do estúdio do David Bowie, do talento nato dos Heroes del Silêncio, dos filmes que os Cult viam ou ainda das mulheres que andavam sempre com o George Michael. Daqui levou também um baú de histórias e algumas partidas. Foi, por sua vontade, nosso técnico de som no concerto de abertura da Queima do Porto 97 e ficou abismado com o que viu no Palácio de Cristal. De outra vez, comeu connosco rojões. Insisti para que ele comesse o sangue sem dizer o que era. Ele lá comeu e disse que era esquisito. Então aí, no meu mais realista inglês, e com a ajuda dos outros é claro, descrevi uma matança do porco bem tradicional dizendo que o que ele tinha comido era o sangue coalhado do porco. Nessa tarde ele ficou mal disposto.
Carinhosamente tratava-nos por bunch of animals and sex-perverted maniacs e estava sempre a dizer poor Rui por causa do tratamento de excepção que o Vilhena tem neste quinteto. Quando nos despedimos dele no aeroporto não se evitaram as fungadelas de nariz de parte a parte.
Infelizmente, fruto dos vírus e das consequentes formatações de disco e também das mudanças de mail, perdemos-lhe o rasto desde 2001 talvez. Quem souber o seu paradeiro, diga-nos e mande um enorme abraço nosso.

Nós e o Noel no Fórum da Maia, no dia das gravações de piano de Hoje (o corvo) e Para te ter aqui

Eu a tentar aprender alguma coisa sobre mesas e botões

30 outubro 2006

GNR

É já amanhã que os GNR vão estar no Coliseu de Lisboa a comemorar 25 anos. E nós, sobrinhos e conterrâneos, rejubilamos com alegria.
Parabéns aos GNR e em especial ao Rui Reininho com quem já cantámos a Pronuncia do Norte. Memoráveis as tardes/noites em Leça com o pretexto de ensaiar e que começavam com um lanche ajantarado e acabavam, sei lá bem quando...
Aqui fica o vídeo do Dunas que gravámos no Mappa do Coração. Deu-me um gozo terrível conduzir esta Dona Elvira. Mais emoção tivemos quando soubemos que semanas antes naqueles bancos tinha sido rodada uma das cenas mais escaldantes do Ballet Rose com a Sofia Alves. Houve quem farejasse os assentos...
Viva os GNR, o Rei Rui, as Dunas e quem por lá se aconchega!

Memórias de pequeninho

Olá.

Muito se tem escrito sobre o grupo, o que tem feito nestes ultimos 15 anos, os concertos, os jantares, as idas à TV, etc..., mas pouco se diz sobre cada um de nós. Quem somos? De onde vimos? Temos papá e mamã? Seremos alienes?
Vou escrever sobre mim naturalmente, focando um período importante na formação de um ser humano sensível, que é o primeiro contacto com a sexualidade na infância. Escrevo, pois o meu foi muito interessante.
Era novinho, muito novo, teria ainda um só dígito, talvez a chegar aos dois. Foi num Natal em Lamego, em casa de meus avós. Meu tio me ofereceu dois hamsteres ( que vou passar a escrever ratos, pois é mais simples), e minha vida não mais foi a mesma. Meu tio disse que era um casal, pois dormiam juntos, partilhavam a mesma gaiola. Mas não, eram dois machos. Macho e fêmea não dormem juntos, nem partilham a mesma gaiola, vim depois a saber.
Semamas depois, minha tia me ofereceu um hamster fêmea ( que irei escrever rata pois é mais simples), para brincar com os ratos.
Tempos felizes eu vivi, brincando com os ratos e a rata. Quando os juntava era tudo muito engraçado, eles eléctricos atrás da rata, a lamberem-na, a agarrarem-na, em acesa disputa. A rata era mansinha, calma, parecia que gostava da brincadeira. Certo dia deu à luz, certo dia ao fim da terceira ninhada meu pai teve que me ralhar, teve que me explicar o que se passava, que rato mais rata igual a ratinhos, que já não tinhamos amigos a quem oferecer ratos.
Compreendi como criança inteligente que era, mas gostava muito daquela brincadeira dos ratos.
Ideia brilhante tive então! Peguei na rata com uma mão, peguei num rato com a outra e esfreguei um no outro algum tempo. Qual receita, depois separei a rata, e juntei o rato ao outro.
Este cheira o amigo que se tinha tomado do cheiro da rata, começa a lamber, a puxar, e zumba, zumba, zumba no ratinho. Achei muita piada, repeti a brincadeira várias vezes ao longo da vida dos ratos e eles pareciam felizes. Alternava a vez dos ratos no esfreguanço com a rata, para haver igualdade.
Hoje penso que criei os primeiros ratos gays da natureza. Hoje penso que sou uma pessoa tolerante e compreensiva graças a estas experiências. Irei oferecer Hamsteres à minha filha quando for maior, lá para os seus 20 aninhos.
Resta-me dizer como morreram os três ratos. Num dia de Inverno muito frio, os ratos não acordaram, estavam rijos. Deitei-os no saco do lixo. Passados uns dias a rata não acordou, estava rija. Ia a caminho do saco do lixo com ela na mão, e meu pai berrou: "Ó João? Que andas a fazer com os ratos? Se calhar estão a hibernar.". Interessante pensei eu. Pus a rata ao pé da lareira acesa e em meia hora ela acordou. Provavelmente os ratos também acordaram no quentinho do camião do lixo.
A rata ficou comigo até ao fim dos seus dias. Morreu com uma infecção na vagina. Já cheirava mal.

Os três porquinhos

A chuva tinha acabado. Anunciava-se bom tempo para o fim-de-semana. Havia logo à partida motivos mais que suficientes para festejar.
Como já tem sido aqui dito este grupo divide-se em: os Homens (também chamado de Núcleo de Agosto ou ainda os Três Porquinhos), um africano e um miúdo. E quem segue para estas tertúlias? Os três bácoros, já se vê.
Fomos à Estação da Cerveja, ali mesmo perto da Avenida da Boavista. Já estávamos para ir lá há muito tempo, mas fomos adiando a estreia. Antes ainda passámos pelo Portobeer saudando o nosso amigo simpático que tão bem nos tem tratado. “Hoje vamos experimentar outros”, gritou o Jony do outro lado da Avenida para o amigo.
Chegados lá, somos atendidos por uma senhora… peculiar. Já nos seus 50 mascava uma pastilha, como quem rilha um rojão. O maxilar inferior por pouco não roçava nas ancas da dita senhora, ou batia na mesa onde nos sentámos. Senti-me constrangido. Pedimos a lista das cervejas e lá estavam mais de 100 títulos, qual lista de dvd’s piratas que o empregado de escritório comercializa entre colegas. Com capa a cores e tudo. Eu e o Tomi escolhemos pela coluna da direita: 11º pareceu-nos bem. O Jony ficou-se por uns tímidos 9º. Veio o néctar trapista da Bélgica, de sua graça KasteelBier. Viscoso, escuro. No primeiro trago veio-me à memória um antitússico da infância: Fluidin! Tal e qual. A textura viscosa na língua, o travo dulcíssimo da última golada, a cor. Eu já tinha bebido aquilo antes da minha primeira comunhão! O Tomi ria-se e eu também mas, perseverantes, fomos até ao fim. Mais que perseverantes, reincidentes e estúpidos, avançamos para a segunda toma do fármaco disfarçado de cerveja. Como diz o meu progenitor, repetindo uma frase que aprendeu lá no seu alto Xingu natal, “pancada grande é que mata a cobra!”.
Saímos. Dormentes, pareceu-me. À bica da Avenida da Boavista lá estava a loja de decoração de interiores do nosso amigo arquitecto José António Andrade. Era uma da manhã e ele ainda decorava. Fomos cumprimentá-lo, como mandam as regras da boa educação, e mantivemos um diálogo interessante. Lembro-me de falarmos das águas do Dubai a 37º. Mais valia mergulhar numa canja de galinha virgem!
Seguimos e passámos em frente ao Portobeer. E um pica-pau agora, que tal? Com cerveja normal é claro, nada que tenha de passar antes pelo controlo da apifarma!
E assim acabámos. Atracámos em Porto conhecido e seguro, saciando o apetite e voltando aos sabores tradicionais do malte. Ainda bem! Depois daquela cerveja trapista, muito se explica sobre os hábitos dos belgas…

29 outubro 2006

Pequenos gestos

É nos pequenos gestos que encontramos por parte do nosso semelhante o afecto, o carinho e a ternura, que nos aquecem a alma e que nos transformam em pessoas mais fortes, mais sensíveis e mais felizes.
O ensaio corria bem. Estávamos a relembrar o Primeiro Dia do Mundo para em breve o apresentarmos, quando foi detectado um erro. Nem eu, nem o Miúdo, nem o Tomi tínhamos cantado uns aahhhss lá do meio, talvez por um síndrome de esclerose grupal e simultânea. Todos se esqueceram menos o Jony que interrompeu, e bem, logo a cantoria. Explicou-nos o engano e recomeçámos de um ponto intermédio. Voltando a passar pela zona do erro, sai tudo na perfeição e uma reacção primária do nosso colega vem à tona: desata a distribuir pequenos gestos, como se de cartões amarelos ou vermelhos se tratassem, premiando todos os presentes e agora que se torna público também os ausentes. Quando se lembrou que a máquina estava ali pousada a gravar ficou arrependido e tentou que não se publicassem estas lamentáveis imagens.
Chamo a atenção para a realização: o Vilhas aparece reflectido no espelho. O Miúdo nem aparece. Cinema Europeu do século XXI.


Guerreiro espacial

O aparecimento do blog espicaçou-me uma veia arqueológica. Coisas que há muito julgava perdidas têm aparecido fruto da minha perseverança perante as caixas e sacos de recordações que tenho por hábito guardar.
Hoje, como é domingo, é dia de raridades. Proponho a audição da versão de estúdio do Guerreiro Espacial, nunca antes apresentada. Estávamos em 1999 e tínhamos um projecto de disco e espectáculo à volta da ficção científica e dos seus ícones, de nome 2001 - a cappella no espaço. Por variadíssimas razões a ideia nunca passou disso mesmo. Alguns temas como este, o Per Stellas, a Pequena Jupiteriana e o Jacarépagunaminacajurapassu foram editados no nosso disco ao vivo “O Som Maravilha dos Senhores”. Outros nunca foram gravados. Outros ainda existem no papel mas nunca foram ensaiados.
Há neste tema uma invocação. Sempre fomos um grupo dado a alusões (o Mário quantas vezes nos apresentou como um grupo alusionista). Aqui incrustamos um homem que estava na berra por aqueles anos, Ricky Martin. E citámo-lo na música quando se diz “La vida es competicion. Hay que ganar, ser campeon”, pérola esta extraída do tema oficial do Mundial 98. E é desta transversalidade cultural que se faz o futuro, amigos.

28 outubro 2006

Redescobrir Jobim

Recentemente voltei a apaixonar-me por Tom Jobim. Porque sim. Porque toda a sua música faz sentido. Porque me faz lembrar Odeceixe e os loucos meses balneares. Porque ele consegue chegar ao íntimo de uma forma tão natural como poucos conseguem... Porque com apenas uma nota faz sambar o violão (por acaso são duas, mas tudo bem). Por todas essas razões e mais algumas, parecia-me bem tentar fazer algo dele a cappella. O problema está escolher apenas uma que consiga representar toda a sua genialidade. Ajudem-me a escolher:
  • Canção do amor demais
  • Águas de Março
  • Canção em modo menor
  • Chega de Saudade
  • Modinha
Tenho tendência para escolher as mais deprimentes, mas podem escolher outras.

Portugal Fashion

Esta semana decorreu mais um Portugal Fashion. Infelizmente nenhum de nós marcou presença no desfile do nosso amigo e estilista Nuno Gama. A vida não o permitiu.
Em 1997 os Senhores desfilaram na passerele. Foi um momento inesquecível da nossa carreira pois nunca tínhamos estado em camarins tão bem frequentados. Atrevo-me mesmo a dizer que qualquer mártir de Al Aqsa não encontra melhor ambiente depois de se estourar num autocarro de Jerusalém. Nós, naquela noite, estivemos no paraíso rodeado de anjas (não esquecer que a organização é da Anje) que seguramente têm sexo e ainda bem. Passámos pelo David Charles (o Martini Man), o Mark Vanderloo e estivemos na mesma linha que a Karen Mulder.
Porto Sentido foi a canção que abriu o desfile e para cantá-la nada melhor do que a companhia do Rui Veloso. Aqui fica para quem não viu ou já não se recorda.

27 outubro 2006

Data a assinalar

Os nossos ensaios costumam ser produtivos. Pelo menos, estes últimos. Mesmo com o tempo chuvoso a dar cabo da motivação, ontem realizou-se mais um. Foi curto, por uma razão em especial: Joca celebrou uma data importante da vida dele. Confesso que me esqueci. Joca relembrou-me ao seu jeito, de uma maneira carinhosa e fresca: "Seu vorras, há cinco anos estavas a encher o bandulho à minha pala!" O tempo passa e nem se dá conta dele passar... Depois do ensaio, os três meninos casadoiros foram festejar, eu não tive direito à festa porque ainda não faço parte da Brigada do Reumático. Mesmo assim Joca, parabéns, a ti e à tua senhora. Se alguma vez ela te chutar para canto, não te esqueças de me convidar para a festa (agora está na moda), sempre é mais uma para encher o bandulho.

26 outubro 2006

A estupidez não tem limites

Finalmente acaba aqui a saga dos videos feitos no camarim da RTP. O melhor fica sempre para o fim... De lamentar a chamada de atenção que se ouve no fim, pela senhora que estava na sala ao lado, a arranjar a roupa dos artistas.


Ideias dos outros

Quantas vezes nos acontece pensarmos em algo que achamos terrivelmente original e depois olhamos para o lado e já alguém se adiantou a nós? Comigo este fenómeno é recorrente. E não apenas a nível musical.
Por falar em música, aconteceu-me esta semana estar a descobrir um velho disco do George Harrison, coisa para ter sido gravada nos anos 70, e ter esborrachado a cara num tema cujo começo é tal e qual o nosso Tua Natureza do disco Mulheres. Se alguém ouvir, vai logo pensar que se trata de um flagrante delito de ideia musical, mas a verdade é que não me lembro nunca de ter ouvido aquilo antes. Se ouvi, foi mesmo lá no meio dos 70's. Nestas coisas prefiro ser místico e acreditar que recebi um encosto do espírito do Beatle discreto que assim, pela voz destes humildes servos, quis dizer ao mundo que afinal vive! (que lindo, My sweet Lord!)
Uma ideia em que o tempo de execução me deixou de lado, foi a criação do prémio para o Pior Português de Sempre. Assim que num zapping apanhei a sodona Elisa naquele patético programa/concurso lembrei-me de avançar aqui no blog com o desafio de escolhermos o pior. Esse sim é o que interessa. Para mim, o principal concorrente era mesmo o tipo que resolveu fundar um país num quintal galego. Mas não é que o Inimigo Público e o Eixo do Mal da Sic Notícias já lançaram este repto? Ultrapassado, amigos, foi como me senti.
Uma ideia que não tive, nem acho que alguma vez teria, mas que considero genial é a que podem encontrar neste link. Desde o nome do blog, passando pelas fotos e terminando nos textos, considero tudo de muito bom nível. Mesmo não sendo muito ligado ao fenómeno da bola já tinha sido confrontado com o estilo de cabelo do Paulo Bento. Julgo até que o pior dos amblíopes consegue assustar-se perante tão grotesca visão. O aproveitamento deste tema para mais um concurso parece-me de facto uma excelente ideia. Juntando concursos porque não criarmos o pior português de sempre com corte à Paulo Bento? Dá que pensar.

25 outubro 2006

Citação V

No passado dia 23 de Outubro, durante o ensaio, Rui Vilhena dialogou assim com os seus inefáveis amigos:

24 outubro 2006

Macau - 10 anos

O trânsito matinal ajuda-me a mexer nas memórias enquanto tartarugamente me arrasto pela VCI. Hoje dei comigo a pensar que exactamente há 10 anos estava longe das filas intermináveis, longe desta chuva e deste vento e longe dos tipos que à minha frente iam dando uns toques para atrasar ainda mais o tráfego e poderem usar aqueles ridículos coletes verdes com o fatinho e a gravata a espreitarem por baixo.
Foi nos últimos 15 dias de Outubro de 1996 que estivemos pela primeira vez em Macau. Foi aliás a nossa primeira grande viagem. Já fiz aqui uma referência a esta nossa cruzada. Muita expectativa, muita animação, muito jet lag, noites que eram dias e dias que continuavam a ser dias. Disse o Jony na altura, que não precisava dormir muito, porque os colchões eram muito bons. Fiquei com essa na cabeça e até hoje não percebo bem o que quis dizer. A verdade é que andávamos sempre juntos (valendo-nos na altura um epíteto muito bonito por parte do Rui Veloso, mas que não vou aqui escrever) passeando de noite e dia, vendo tudo que havia para ver, visitando tudo que havia para visitar. Não perdemos a chance de entrar na China, nem de fazer compras em Hong-Kong.
Temos dezenas de histórias. Se calhar até centenas. A que vou contar agora, passou-se comigo, com mais gente das Vozes (não consigo lembrar-me quem, provavelmente todos) e com o Carlos Guerreiro dos Gaiteiros de Lisboa.
Os chineses têm a mania de vender comida nas esquinas das ruas. Fazem lá umas viandas que nenhum ocidental sabe o que é, e vendem a quem as quiser comer. Estávamos parados à espera do verde para os peões e lá está nessa esquina um chinês a preparar um cozinhado com uma cor esverdeada e aos nossos olhos pouco saudável. O odor era o típico cheiro a molho de soja. Bem mais saudável foi o verde do semáforo quando abriu e pudemos abandonar aquela improvisada cozinha de rua. Íamos a atravessar quando o Carlos grita para nós: “estes gajos comem cada merda!”. Mais à frente um chinês, dos poucos que articula umas palavras em português, entre duas dentadas no preparado alimentar que tinha acabado de comprar elucida-nos: “Non é melda! É galinha!”
Nunca tentar perceber o que se vai comer! Técnica usada por nós: apontar para os caracteres que pareciam mais afáveis. Depois é sempre uma agradável surpresa.

Para que não se julgue que não houve trabalho. Cá estão os senhores em pleno ensaio de som antes do concerto (que gostava de dizer o nome da sala mas o Alzheimer hoje está muito meu amigo).

Mais um ensaio

Antes de adormecer, e como é hábito meu, fiz zapping... Estava a dar um episódio do Sex and the city. Deixei estar. Basicamente o episódio retratava encontros amorosos que não davam certo porque um dos elementos do casal era esquisito, mesmo paranóico. Fiz a transposição para este grupo... Pelos cardápio de videos que temos no blog, devemos ser também paranóicos. Será que para atingirmos a fama internacional ou até mesmo a nacional, precisaremos de tomar algum tipo de remédio/xarope? Será que a partir do momento que fizermos tratamento, seremos convidados para o BigBrother Famosos ou para o Dança Comigo? Até ter alguma resposta, o mais provável é continuarmos na demência. E temos todo o gosto em partilha-la aqui. E só aqui.


23 outubro 2006

Top 5

Estou mesmo de saída para mais um ensaio. Porém, surgiu-me uma idéia: perguntar-vos qual o nosso top 5. Quais as cinco músicas que vós gostais mais. Podem ser dos nossos cd's ou então, para os mais conhecedores, aquelas que ainda não estão esgalhadas num cd mas que fazemos em concerto.

Como matar o tempo IV

Última variante: a dança. Só dança.
Sabemos todos que se há coisa para a qual o portuguesinho não tem jeito mesmo, é para a dança. Basta ter o azar de cair num daqueles locais em que todos tentam arrastar a sandália à boa maneira tropical, para ter a certeza disto.
Nós, como bons portugueses somos nódoas na arte de bailar. Assim, e para contrariar a lógica generalista do dançar certo-errado, propusemo-nos dançar errado-certo. Passo a explicar: neste pequeno vídeo os dois músicos de serviço tocam uma versão manouche do “Somewhere over the rainbow” com uma divisão claramente binária. Os bailarinos por sua vez dançam com uma divisão ternária. Vamos parecer regra geral desacertados acertando apenas de quando em vez (a matemática explica este fenómeno paranormal…).
O problema é, como podem constatar, que nem conseguimos certo-errado, nem errado-certo. Foi mesmo errado-errado. Certo?

22 outubro 2006

The F word

Domingo. Dia da família. Já o escrevi na semana passada. Pois bem, assumindo a comunidade bloguistica como mais uma parte da minha família vou instituir este dia para apresentação pública de raridades das Vozes, coisas íntimas do quinteto que mais útil seria que nunca fossem mostradas. Coisas que só se partilha com a família (esperando eu que a minha mãe nunca ouça isto).

Há alguns anos recebi num mail um mp3 com uma exposição muito bem feita sobre o uso da F word. A explicação era feita with a very british accent e tinha como fundo musical as Quatro Estações de Vivaldi.
Não temos a cultura literária do Sr. Inglês que falava no uso da F word. Mas também temos a nossa F word. Neste quinteto limitamo-nos a usá-la como verbo, substantivo, adjectivo, advérbio de modo ou de lugar.
Esta verborreia é aliás denunciadora da proveniência deste grupo. Lembro-me de uma noite, já há bastantes anos, em que fomos identificados no Amoreiras acima de tudo pela riqueza linguística. “Do Porto, não é?”. Sim. “São as Vozes da Rádio”. E não é que éramos! Depois foi uma noite animada. Noites como essa foram delicadamente baptizadas pelo Vilhas de “noites das festas do farfalho” (curiosamente também uma F word).
Tudo isto para vos dar a ouvir outra raridade. A nossa construção e ensaio do Postal dos Correios dos nossos amigos Joões (Monge e Gil). Programa do Dia dos Senhores sobre a Família.
As condições não eram as melhores. Três microfones para seis. O Vilhas por ser o baixo ficava só com um. Sobravam dois para cinco. O espaço apertado. Nesta versão o Sérgio Sousa utilizava um megafone e uma lata de Coca-Cola para a sonorização: estava disfarçado de máquina de escrever!
De resto, não são necessárias mais explicações. À falta de capacidade para cantar, para afinar, para estar concentrado lá escapa uma F word. E são muitas vezes. Tantas que nem as contei…

(Uma ressalva importantíssima: de todos, o Miúdo é o único que não usa a F word. Não usa nada aliás. Uma só vez, e no meio de acesa discussão, disse “alfinete de peito” e repetiu “faço mais depressa 10.000 alfinetes de peito…”. A discussão encerrou por ali e saudámos de forma efusiva a libertação linguística do efebo, bem como a predisposição manifestada… em vão. Nunca mais voltou a pronunciar qualquer palavra proibida.)

Aparições Galegas

Quem acompanha de perto a nossa carreira, principalmente quem já teve a oportunidade de assistir a mais de um concerto nosso, começa a perceber o quão polivalente este grupo é. Essa polivalência é desmedida. Atrevo-me a comparar-nos a atletas de triatlo. Mas apesar dessa polivalência toda, existem caminhos pelos quais nunca trilharemos. No entanto, existem princípios inquestionáveis que podem mudar facilmente o rumo das vidas destes artistas.
Geralmente nos concertos, Joca refere (e bem) que um dos caminhos que nunca este grupo pensaria enveredar seria pelo fado, por muitas e determinadas razões: uma boysband não se mete nisso; já existe muito bom músico a cantar fado; não somos nem de Lisboa nem de Coimbra, como as guitarras portuguesas... enfim, um sem número de razões. Até que, certo dia, recebemos um convite do Casino Estoril para abrir a Grande Gala de Fados. Coerentes como somos, fiéis aos nossos princípios, rejeitámos prontamente. No entanto, o valor do cheque acenado constituiu para nós como o motor de arranque para esta nova aventura no fado. E fomos, a todo o gás, abrir a gala, com dois fadunchos daqueles mais conhecidos. Tomamos-lhe o gosto. Muitos de vós já devem ter ouvido um dos 74 arranjos de fados que foram escritos, num dos nossos inúmeros concertos. Claro que nem vou falar da qualidade dos arranjos, qualidade essa que já é badalada até no estrangeiro. Para vocês, deixo este Fado do Estudante, interpretado ao vivo na longínqua cidade de Pontevedra, Espanha, a 17 de Novembro do ano transacto.

21 outubro 2006

Como matar o tempo III

Já ameacei anteriormente a apresentação de várias técnicas para matar o tempo num estúdio de televisão. O último exemplo aqui posto (ver mais abaixo) foi a dança com percussão.
Esta é outra das formas de combate ao tédio: a percussão humana, sem a expressão corporal que tão bem nos fica. Neste caso tentámos base rítmica para rap. O Vilhas é, como nas anteriores imagens, o operador de câmara. Quando pousar a máquina será ele o rapper de serviço. Fica tudo a condizer.
Como podem ver há arestas a limar. Ainda assim para primeira experiência não está nada mal. Digno de registo é o improviso do Jony e do Tomi. Variantes sem dúvida a explorar em próximos espectáculos.

20 outubro 2006

Reconhecimento público

A nossa amiga Picolé provou-nos que apesar de ser palhaça nunca poderia entrar na política. Prometeu-nos o envio de fotografias antigas e… cumpriu! Cá estão elas!
Não resisto, no entanto, a copiar um excerto do mail que ela nos enviou e que nos enche de felicidade:
“Vocês são mesmo doidos... Pensava eu que tinha tirado diploma, vocês tiraram mestrado…”
Este é o melhor reconhecimento público que podíamos ter. Ana Paula, obrigado. Fizeste 5 doidos felizes.

The beauty and the five beasts

Novas aventuras dos cinco (quem é o cão?)

Como matar o tempo II

Que mais podemos fazer para matar o tempo? Brincar ao macaquinho chinês? Já nos fartámos. Atirar fósforos acesos uns aos outros? Já nos queimámos. Cantar canções de Abril do Pe. Fanhais? Já o fizemos, mas este programa é matinal e a esta hora ainda não bebemos… Resta-nos a dança e a expressão corporal.
Pois foi isso que, entre outras actividades lúdicas, estivemos a fazer nos camarins do Monte da Virgem. Inspirados numa dança de mineiros da África do Sul desenvolvemos movimentos corporais de alto índice artístico como podem constatar neste pequeno vídeo. Divirtam-se que nós também… e já agora não percam a saga. Há mais expressões alternativas que vamos aqui revelar.

19 outubro 2006

Praça da Alegria - Quando vocês se juntam

Já devem ter reparado que uma simples aparição televisiva num programa de nível como a Praça da Alegria dá origem a muito post bonito... e digo-vos, ainda não viram nada! Para já deixo-vos mais uma música do nosso último album "Mulheres", felizmente sem comentários inusitados do Joca, mas infelizmente com o final A-zoto cortado...


Como matar o tempo I

A espera é o pior da vida. Mas, nados e criados sob o lema de que “quem espera sempre alcança”, aproveitámos o terrível tempo de nada fazer nos corredores da RTP para nos dedicarmos a outras actividades.
As conversas são sempre o bom destes espaços. Com o mestre João Carlos Silva e com a Picolé o assunto foi gastronomia e ervas (aromáticas é claro…). Por falar nisso, o polvo que foi preparado durante a emissão estava fantástico.
Há outras actividades que nos costumam entreter. A fotografia é uma paixão de algumas Vozes. Por isso, e porque o digital também permite disparar com total à vontade, aqui ficam alguns retratos que poderiam figurar no nosso book ou portfolio. Ou se calhar aproveitá-los para uma coisa estilo “quadros de uma exposição” de Mussorgski, mas totalmente a cappella. Pelo sim, pelo não, vou já baptizar cada foto.

les nuages sont fous


kuss meine guitar


E voi? che cosa desiderate da vita?


dinossaur en het blonde meisje


как раз сделайте меня обслуживание губы

18 outubro 2006

Memórias do Monte da Virgem II

É fantástico, incrível, sem explicação mesmo. Estava eu a esgalhar esta história prestes a publicá-la, quando vejo que o Jony a tinha acabado de contar. Ainda pensei apagar tudo, mas achei piada deixar. Com mais ou menos poesia, eufemismos, imagens ou exageros aqui fica a minha versão. Quanto à coincidência, que curiosamente também já tinha acontecido com o miúdo noutro esgalhanço, ela apenas mostra que somos bem mais que um simples grupo de trabalho. Acreditem que sim…

O meu colega Jony é de entre todos o mais calado e reservado. No entanto não deixa de acumular histórias de fazer corar as pedras, fruto quantas vezes de uma linguagem desbragada ou de um sentido de oportunidade pouco apurado.
Esta situação que agora vou relatar passou-se há uns 3 anos talvez. Por motivos óbvios vou omitir alguns nomes.
Saio eu e o meu amigo de um estúdio de televisão e, caminhando os dois lado a lado para o carro, verifico ter uma chamada não atendida de uma amiga. Lá comento: “olha a X telefonou-me” e educadamente devolvo a chamada. Convém agora referir que a X foi por Deus abençoada no que toca às suas formas. A sua feminilidade salta à vista bem desarmada e reduz a meros montículos o sistema montanhoso Montejunto-Estrela. Tudo com uma proporcionalidade assinalável e uma juventude invejável. Nesse preciso momento Jony espeta a cara na mala da viatura e eu fico de costas para ele de telemóvel encostado à orelha. Ela não me atende. Eis que surge vinda do nada, uma não menos abençoada figura televisiva que sorridente me saúda e a que eu respondo com uma redundância evitável, já que ela estava à minha frente e eu podia-o constatar: “então, estás boa?”. Ela nem tempo teve de responder… Jony que continuava embrenhado na mala e, julgando ele estar eu a falar com X, solta brados de estupidez: “estás boa, estás! És boa, és boa, muito boa!” e repetiu-o até à exaustão juntando por vezes outras frases que a minha decência não me permite escrever.
A nossa amiga televisiva não evitou o riso, muito para além do sorriso de simpatia que tinha antes. Eu, com cara de parvo, ria-me tentando encobrir a enxurrada de baixaria que saía da mala do carro, o Jony insistia na linguagem soez, sempre de carantonha afundada na mala sem ver o que se estava a passar.
Ela lá passou, ele lá tirou a cara da mala e eu lá fiquei de ombros encolhidos como que procurando uma explicação lógica para tanta grosseria.
Hoje sempre que estou com a televisiva não deixo de me lembrar do sucedido. Numa das últimas vezes estivemos longos minutos a conversar e não havia maneira de me sair da cabeça a cena. Pior foi quando os coleguinhas passaram atrás dela… temi o remake!
Quanto à X, continua a mostrar saúde, ainda que ultimamente não tenha estado pessoalmente com ela… é que, confesso, o contacto visual acaba por mexer com a minha tensão ocular.

Memórias do Monte da Virgem

Certo dia, quando nos dirigiamos para nossas viaturas à saída dos estúdios da Praça da Alegria, depois de mais uma brilhante, senão mesmo memorável actuação, Joca diz no meio da rua que ia fazer um telefonema a uma menina, que eu conhecia, e muito jeitosa por sinal. Joca afasta-se um pouco, e passado um bocado, enquanto metia as tralhas no carro, oiço Joca, virado de costas a perguntar:
-Estás boa?
Como é tradição neste grupo entalarmo-nos uns aos outros, salvo a expressão, gritei logo sem pensar:
-Estás boa??? És boa!!!!!! Ó BOOOOAAA!
Joca vira-se para trás, com uma cara entalada sem dúvida, e aponta. Joca não estava ainda a falar ao telefone, Joca estava a cumprimentar, uma das fantásticas apresentadoras do Portugal no Coração, de seu nome Marta, que eu não tinha reparado que estava a sair de seu carro.
Nessa altura comportei-me como um rato, meti a cabeça no porta bagagens e ali fiquei.
Peço desculpas à visada por tamanha grosseria, mas foi um equívoco. Às vezes, as pessoas sensiveis e bonitas como eu, de tanto conviverem com a escumalha e pessoas menores, têm comportamentos irrefletidos.
Eu não sou assim, e para provar, deixo aqui este belo poema, que poderia ter dedicado à pessoa visada, não tivesse o seu coração dono, e o meu também.


Do inspirador Abílio Da Cunha...



Escreveria
o teu nome num
barco
se soubesse navegar-te
o corpo
E
ser capitão da tua alma

Praça da Alegria - Tua Natureza+entrevista

Primeira intervenção musical, seguida de uma entrevista. Joca, no seu melhor, a fazer a piada fácil com o apelido do Sr. Padre... seu herege!


17 outubro 2006

A Picolé e as Vozes da Rádio

Ir uma manhã ao Monte da Virgem foi surpresa em Maio de 1991. Daí para cá já há muito perdi a conta das vezes que entrámos nos portões da RTP. Desde o “Às 10”, passando pelo “Bom dia”, a “Praça da Alegria”, o “Portugal no Coração”, alguns programas da defunta NTV, especiais de Natal e tantos outros, fomos criando com os estúdios da televisão uma relação de muita familiaridade.
Na nossa família televisiva o Sr. Jorge, a menina Sónia e a Picolé têm um lugar especial. O Miúdo em tempos até futebol jogou com o Sr. Jorge. Com a menina Sónia já fizemos concertos fora do ecrã e já nos encontrámos a fazer compras no Continente A Picolé é parceira predilecta nas sessões fotográficas. Prometeu-nos aliás o envio de fotos que marcam a nossa passagem anterior pela Praça.

Eu no bom estilo Boris Karloff, Jony no papel de Bela Lugosi, Tomi como Max Schreck, o Miúdo enquanto Hervé Villechaize e Picolé as Picolé


Sobre a Praça da Alegria gostava de publicamente assumir um feito de que muito me orgulho e que irei fazer constar no meu curriculum. Estávamos em 2002 e eu tinha um telemóvel que permitia fazer toques.

Os estilos mantêm-se. Só o Miúdo cresceu e passou a ser o Ed Wood

E que ideia tive eu num bocadinho de tempo livre? Foi fazer o toque da Praça da Alegria! Pouco tempo depois, lá estávamos de manhã na RTP a passar o toque para o Sr. Goucha e para os músicos do programa. Ainda hoje o Jony tem essa musiqueta para assinalar que alguém lhe quer falar. Que orgulho, senhores!

E agora descubram quem são os palhaços...

Praça da Alegria - Prefácio

Bem sei que a maior parte de vós fez greve só para visualizarem a vossa boysband predilecta. No entanto existem sempre aqueles que não tiveram oportunidade de ver, e choram amarguradamente pelos cantos... A pensar nesses lindos, temos ao nosso serviço várias fãs dispostas a todo o tipo de serviços e mordomias, uma das quais passar o nosso bonito momento televisivo para formato digital, de modo a partilhar com todos os agarrados à nossa teia. Um agradecimento especial para elas.

Foto tirada no camarim da RTP. Reparem na pose dos artistas. Infelizmente, como estava encostado, pareço um midget. Reparem também no espelho, que se demitiu da sua principal função para se assemelhar a um vulgar "classificados".

16 outubro 2006

Post nº100

Chegamos finalmente à centena. Se calhar era altura para reflectir um pouco. Iniciámos esta aventura bloguística no dia 1 de Setembro do corrente ano.

Portanto, em 46 dias temos:

  • 100 posts
  • 5000 visualizações
  • 2204 visitas
  • 180 comentários

Já temos, sem dúvida, mais que desculpas para festejarmos. Portanto, inspirados nestes tempos que correm, vamos fazer greve na próxima quinta-feira e vamo-nos barricar numa cervejaria (já levamos cobertores no caso de se lembrarem de apagar as luzes e meter o ar-condicionado em modo glaciar). Juntem-se a nós nesta patuscada.

IVG

Olá.

Hoje acordei com a notícia que o PS abriu o debate acerca da despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Como neste grupo existem 3 homens de direita e esquerda, um africano e um miúdo, será melhor não tomarmos partido, mas ajudar à reflexão. E nada melhor do que um belo poema sobre o assunto.
Do grande e muitas vezes esquecido pela crítica especializada, Luís Carvalho, uma bela abordagem.


ABORTOS


Saltam-me os olhos das órbitras
quando vejo
o caranguejo
caminhar em frente.
Depois de quinze anos
de práctica ginecológica
ainda assisto
às constantes parições
de revolucionários -
no paleio
mas reaccionários -
nas acções.
No abrir dos corações
entra sempre de permeio
a eterna interrogação:
ser ou não ser
eis a questão!
Fora com a lógica
dos constantes desenganos
pois quem se lixa
é sempre o maralhal
isolado, perplexo, abandonado
neste atlântico quintal
à beira mar plantado.

15 outubro 2006

Aparições Televisivas III

Amanhã, os meninos vão deslocar-se até Monte da Virgem, para mais uma Praça da Alegria. Contamos com as vossas televisões sintonizadas e sincronizadas connosco. Reportagem e análise a caminho.

Village Vozes

O Miúdo conta, com um orgulho incompreensível aos meus olhos, a sua presença na gay parade de Berlim. Nem sei quando foi, ou se foi mais do que uma vez, mas volta e meia lá vem ele com a festa à baila, seguido de um rol de desculpas como “ia a passar e fui apanhado de surpresa” ou então “até estava acompanhado”. Julgo até que, para horror dos vindouros quando ele os gerar, existem fotos que testemunham a presença lusitana na coboiada alemã.
Confesso que a minha modesta, retrógrada e conservadoríssima heterossexualidade leva-me a uma falta de pachorra para estas coisas. A questão vai muito para lá da opção. São aliás poucos os ajuntamentos públicos que me seduzem. Os pindéricos Carnavais que se gozam em algumas terras portuguesas levam-me ao mesmo sentimento que por vezes se traduz num prurido (que não anal… se bem que a piada, mesmo brejeira e básica, resulta sempre muito bem).
No entanto, sempre na tentativa da conquista de novo público, mais uma vez sucumbo e junto-me a eles. Assim desci aos anos 70, recuperei dos enormes Village People a imagem única e criei os Village Vozes que já em 2007 prometem saracotear em tudo que é desfile. Para ser mais credível e porque os originais eram 6, deixei o mais parecido com o Freddie Mercury a fazer-nos companhia. Não sei aonde vamos (e agora ficava bem Régio, mas deixo essa tarefa para o Jony) mas sei que ganhamos uma comunidade de fãs. Viva. Vamos lá mergulhar neles!

Música no olhar

É de fácil discernimento associar os músicos a pessoas cultas e ecléticas. Pois bem, naturalmente concordo. Num grupo como este, faz-se a conta a cinco. A cultura apreendida é avassaladora. Basta ver semanalmente a análise às melhores e mais finas cervejarias da cidade e arredores. Hoje, o registo inclinou-se para a arquitectura de interiores. Aproveitou-se o facto de a Casa Decor ter o seu último fim-de-semana de estadia na baixa da cidade do Porto. O que dizer da exposição? Que não consigo entender as tendências... Um misto retro/gótico com algum melancolismo enigmático... cores quentes, negras, densas... quase depressivo. Felizmente, houve quem salvasse aquilo, com um espaço sóbrio, iluminado e funcional. Autoria da Arq.ª Elsa Oliveira com a colaboração do Arq. Jorge Gonçalves.


Neste espaço, gostei não só dos materiais de revestimento utilizados, como o pormenor de algumas imagens impressas nas portas de madeira do armário. Para quem quiser ver, ainda vai a tempo. Tem até ao final do dia de hoje (Domingo).

Canção da família

Domingo. Dia da família. Dia do bacalhau, dos assados, dos passeios à beira mar. Sempre na companhia daqueles que temos como nossos. Por isso, e para todas as famílias deste nosso Portugal, aqui deixo mais uma relíquia do Dia dos Senhores.
Aquando do programa dedicado à Família cantámos este clássico do Pe. Zézinho com todo o fervor. Um baixo acutilante, harmonias cristalinas, este vosso humilde trovador a tentar a verdadeira colocação do seminarista romântico com toque anasalado e Sérgio Sousa na pele de dizeur. Um colosso de versão, abrilhantada no fim por invocações próprias da época como o General Ben-Ben ou a Karen Jardel. A pérola fica sempre para o fim. Ouve-se o último acorde, o pungente agradecer de Sérgio Sousa, o click de um microfone que se desliga e a súmula de tudo por parte do nosso Vilhas. É claro que não foi esta versão que foi para o ar. Este é apenas mais um exclusivo deste blog.
Bom domingo.

14 outubro 2006

Grandes Portugueses

O grande dia está à porta! Vamos todos descobrir quem são os Grandes Portugueses.
Confesso que até sexta (ontem) não fazia a mínima ideia do que tratava este programa/concurso. Continuo a não fazer. Mas algo chamou a minha atenção.
Ao passar de carro por uma paragem de autocarros, lá vi de relance um cartaz que juntava o Vasco da Gama com a Rosa Mota. Pensei para mim: “mas o interesse é compará-los? Porquê? Porque competem estes dois a uma coisa chamada Grandes Portugueses? Para que é que se faz isto? Quem é que tem estas ideias de programas?”. Pensei nos dois conterrâneos ali expostos e o único ponto de ligação que encontrei entre eles foi as axilas.
Depois pus-me a pensar em mais cartazes e duplas que são nossas: Infante D. Henrique e Carlos Castro, Leonor Teles e Zézé Camarinha, Maria de Lurdes Rodrigues e Petit, Egas Moniz e Odete Santos, e tantas outras parelhas que poderiam igualmente ser nomeadas para serem Grandes Portugueses. E relações entre estas duplas não seriam difíceis de encontrar.
Hoje li num semanário que este programa é serviço público porque nos vai ensinar história. Eu ainda assim não percebo bem esta ideia de meter tudo no mesmo saco e fazer da história um concurso com votações por sms. Mas esta gente é que percebe de tudo…
Como não consigo vencê-los e convencê-los de que isto é uma idiotice, junto-me a eles. Na hora de votar apelo à vossa ajuda. Votem na categoria “Grandes Portugueses que cantam em quinteto a cappella”. Se não existir esta categoria, criem-na. Mas por favor, votem em nós. Nós merecemos.

Tróia, Maio de 2005

13 outubro 2006

Caetano Veloso e as Vozes da Rádio

Volto hoje às histórias da memória, talvez por ter passado o dia a ouvir o novo disco do Caetano Veloso. O trânsito possibilita-nos experiências destas. Antes de tudo o novo disco: o homem surpreende sempre. Goste-se ou não. Cada disco que sai mostra uma face diferente. Desta vez juntou-se ao filho e seus amigos e fez um disco bem mais pesado que os anteriores. Depois continua a ser um provocador e gozador (basta ouvir o porquê?). E no meio de algum surrealismo há sempre lugar às boas letras, às ideias verdadeiramente originais.
Mas, recuando no tempo, em 2000 quando ele veio ao Porto pela enésima vez, estivemos no Coliseu e no fim encontrámo-nos com ele. A coisa estava previamente programada pela direcção do Coliseu e justificava-se porque três anos antes tínhamos gravado o Leãozinho. Lá subimos aos camarins no fim do concerto, com o Mappa do Coração debaixo do braço para lhe oferecer, e entrámos num ambiente… tropical. Mal chegámos, o Caetano saiu do camarim e para mim foi a surpresa. Aquele que estava à minha frente era bem mais frágil e bem mais pequeno do que o monstro enérgico que tinha acabado de ver em palco. Estava exausto o homem. Dava para perceber isso. A conversa não foi longa, nem podia. Dissemos quem éramos, o que fazíamos, o que tínhamos gravado e ele ia variando entre o “que bom”, “legal” e “ai sim?”. Dele pouco se falou, apenas do concerto. Diria que ele estava zen. Chegámos ao ponto em que se diz “vamos embora” e mais uma vez (tal como com o Robert Plant) nem foto, nem filme. No entanto não quis sair sem um recuerdo, só que também não tinha levado sequer um disco do homem para ele autografar. O recurso foi mesmo rasgar umas folhas já vencidas de uma agenda do Tomi. E assim guardo o autógrafo do baiano. É aliás o único que tenho.

Gostos pessoais

Eu gosto delas bem magrinhas...

























12 outubro 2006

Voltar à carga

Gostava muito de contar com a vossa ajuda. Já vos pedi uma vez que me ajudassem a escolher umas músicas para fazer um cd romântico. Daquelas músicas lindas que gostariam de ouvir a cappella... Posso dar o único exemplo que foi aqui ventilado... O "És tão sensual" do Toy foi a única opção que tive até à data (obrigado FL, pela enorme sugestão). Mas infelizmente eu não quero fazer algo que já a Disney e a Pixar fizeram... O Toy Story (ou, em português: A estória do sr. Boneco) é um mito infantil. Não o quero destruir com um arranjo musical sério e pesado. Mas aceito outras sugestões. Se conseguir ter no mínimo umas 12 músicas, sou miúdo para fazer uns arranjos à maneira, ensaiar com os meus amigos e presentear a malta com o concerto on-line (como prometeu o sr. não oficial). Uma boa data para tal acontecimento seria no Dia do Boavista... Não, desculpem... No dia do Sr. Valentim... vulgo, dia dos namorados. Conto convosco.

11 outubro 2006

Gente boa

O sucesso de um grupo não depende apenas do virtuosismo dos elementos com mais notoriedade. Já aqui foi referido um dos elementos que torna possível o bom ficar excelente. Hoje é altura de falar dos nossos técnicos. Apesar do aspecto alternativo, são excelentes profissionais. Nuno "ips" e Pedro "luzinhas" abrilhantam ainda mais os nossos espectáculos. Um sincero obrigado pela vossa prestação.



10 outubro 2006

Feitiço contra o feiticeiro

Ontem foi mais um dia de encontro gastronómico com prelúdio musical. Estávamos já nos acordes finais, tinha inclusivamente já passado a hora da Cinderela, quando retine o telemóvel. Quem poderia ser? O nosso amigo realizador Carlos Figueiredo, responsável pelos dois vídeos do álbum Mulheres. Além disso está a trabalhar em mais umas coisas… mas para já é só trabalho, ainda não é noticia. Claro que a visita dele não foi para trabalhar. Foi para saber onde íamos para aquele que é sempre o último copo da noite e que carinhosamente se apelida de “copo da sossega”. Como hoje amanhecia cedo para todos investimos mais uma vez no PortoBeer que já aqui foi referenciado.
Fomos recebidos como da última vez, com simpatia. Indicaram-nos a mesa. Já estava a acomodar-me na cadeira quando o senhor simpático que da outra vez nos atendeu disse: “já tirámos a pescada do sítio das sobremesas”. Assustei-me e sorri ruborescido. Afinal como é que o senhor sabia do nosso comentário? A resposta foi imediata. “Nós também lemos o blog”. Ora cá está! Nunca me tinha ocorrido que para além dos meus pais, irmã, os familiares das outras Vozes e mais uma meia dúzia (sim, não mais…) de insanos pudesse haver mais alguém que por aqui passasse. Cumpre-se o sonho. Deus quis, o homem sonhou e a obra é de todos. A arte caiu na rua. É do povo, assim como o nosso blog. Ainda bem!
A Liliana (nada como as plaquinhas com o nome para sabermos bem a graça das pessoas que nos servem bem) foi pondo os talheres e os guardanapos. Nós ainda incrédulos, quando se aproxima outro simpático funcionário que estava na função de impressor de francesinhas na parte interior do balcão, com o nosso post todo em papel. Toda a gente leu a nossa crítica ao PortoBeer. Lá ele foi explicando que aquilo da pescada era aborrecido para a casa, mas eu tentei fazer ver que isto é pura diversão e que na verdade somos estúpidos.
Pedimos pregos e cerveja. E que dizer? Pois apenas posso dizer que aquela carne deve ser do mesmo talho que serve a casa do Sr. Engenheiro. Fantástico bife! No ponto. Excelente! Ainda nos questionámos: Será assim para todos? Será que da próxima vamos comer a mesma carne tenra e macia? Acreditamos bem que sim. Por isso lá voltaremos.
Quanto à sobremesa desta vez não pedimos nada. Não foi por medo do travo a frigorifico. Não. Aliás também cremos que o que se passou na última tarte foi acidente de percurso. Foi mesmo porque já era tarde e o apetite estava já saciado. Palavra final para a simpatia do atendimento. A comida também sabe melhor quando somos bem tratados. E tal acontece no PortoBeer.

Vive - Uma pérola negra

Já não é a primeira vez que lanço para aqui algumas rolas... Obviamente não são lançadas a porcos, mas sim a todos os prezados leitores, que tanto estimo. Desta vez lanço mais uma, com uma diferença: esta faz parte dos meus primeiros passos neste grupo, há 6 anos atrás. Foi a minha primeira aparição televisiva, substituindo o Jony que estava em lua-de-mel. Porque apelidei esta pérola de "negra"? Não, nada tem a ver com o Vilhas... Mas tem a ver exclusivamente com a famigerada entrevista/audição/interrogatório de acesso a este grupo. Por questões morais e religiosas, não posso pormenorizar. Apenas deixo o registo do momento lindo que passei numa das galas da tvi, quase tão lindo como a entrada a pés juntos à altura do peito brilhantemente executada pelo Marco Borges, num dos episódios deste programa de culto, inspirador de versões memoráveis.


09 outubro 2006

Rescaldo dos Ratinhos


Palavras para quê... No fim do espectáculo há sempre espaço para tirar a bela da foto. Eu, músico do sec. XVIII, rodeado de ratinhos... O que se pode mais desejar nesta vida?Agradecimento especial aos pais dedicados, pela disponibilidade infindável, e ao P. Guilherme pelas fotos. Tomara as vozes terem produções deste calibre... :P

08 outubro 2006

O Lula não entra aqui!

Já aqui tenho zurzido algumas vezes no Brasil e seus filhos. Não é nacionalismo exacerbado. Antes pelo contrário. É um sentimento contraditório. Para que conste, sou filho de pais que lá nasceram e cresci a numa mistura de verde e amarelo com vermelho e verde, de feijoada à brasileira com feijão vermelho de Trás-os-Montes, de leite de onça com aguardente do Minho.
Por isso fico desgostoso, irritado até, quando vejo que a música de rodízio, as duplas sertanejas e os românticos bregas são para muitos o símbolo único da MPB aqui em Portugal. Sobrevivem os Caetanos, os Chicos, as Marisas, os Baleiros e poucos mais que felizmente ainda por cá se ouvem.
Do que já passou, então nada se sabe. Muito poucos ouviram falar na Legião Urbana e em Renato Russo. Por aqui fica uma mistura entre São Paulo, Camões e o próprio Renato. Que eu saiba, não houve até hoje nenhum português a tratar de forma tão natural Camões num contexto pop/rock.
O Brasil é muito mais que Collors, Lulas, corrupção, droga, prostitutas em Bragança, IURD, Pe. Frederico, futebolistas, fome e favelas. Ainda bem!

Memórias de Infância

Ontem, o espectáculo dos Ratinhos correu muito bem. Pelo menos, foi o que senti, baseado no que pude ver e ouvir. Os alunos conseguem sempre surpreender em momentos de enorme tensão. Geralmente pela positiva... O auditório estava cheio, as crianças contentes, mais uma vez fez-se a festa da música. Uma bela produção. E para não baixar a fasquia a que os pais se vão habituando, toca a pensar em mais coisas bonitas para se fazer. Então fui procurar pautas esquecidas, pesquisei na Internet por algo que conseguisse motivar tanto como os arranjos divertidos do Mozart… como o Natal se aproxima, seria engraçado montar algo relacionado com a altura, mas é “mais do mesmo” que se costuma fazer… depende também da abordagem que se faça. Enquanto ia pensando, começo a ouvir algo familiar. Tentei seguir o rasto da música que ouvia. Deparei com a minha mãe a fazer o que todas as mães costumam fazer: mostrar o nosso passado à namorada. Desta vez não fiquei muito envergonhado… estava a mostrar um pouco do que eu ouvia quando era “piqueno”. Que saudades de ver e tocar num vinil, já há muito tempo que não tinha esse prazer. E então, o que todos estávamos a ouvir? O JARDIM JALECO!

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Que saudades... de ouvir o guarda Ezequiel, o elefante D. Henrique, a serpente Serafina, o jacaré Casca Grossa (o meu preferido! Ah, fadista!), o hipopótamo Aristocrata, o burro Adalberto, o sapo Baltazar (de todos, foi o que safou melhor, agora tem contrato com a PT), a rã Henriqueta e o Popas, o papagaio! Os meus amiguinhos decidiram visitar-me de novo, no velho gira-discos do papá, e encantaram-me tal e qual como da primeira vez que os ouvi. Dei por mim a pensar que, provavelmente, o Jardim Jaleco foi o propulsor e catalizador da brilhante carreira musical que tenho. Pelos vistos devo essa tremenda façanha ao Carlos Mendes, Joaquim Pessoa e Júlio Isidro pela Autoria, à Maria José Guerra pela narração e ao Pedro Osório pela direcção musical. Mesmo sendo antigo, considero um trabalho actual, muito por "culpa" da qualidade que lhe imprimiram. A fazer ver a muitos cds de música para crianças que por aí se fazem, demonstrando que, apesar de terem acesso a todos os meios de gravação e produção que hoje existem, a qualidade dos mesmo tende a ser duvidosa.
Então, a resposta às minhas preces está em algo que já ouvia há muitos anos atrás. Ainda vou fazer um musical, à custa deste disco. Em memória dos bons velhos tempos! Meninos, preparem-se, vamos ter muito trabalho pela frente…

Há Homens, ou quê?

As Vozes da Rádio podem ser divididas segundo vários critérios: vozes graves e agudas, europeus e extra-europeus, caucasianos e sub-saharianos, fortes e menos fortes e tantas outras, que a imaginação nestes casos é bem fértil. Há no entanto uma divisão natural que há muito se acentua e que parte este quinteto em dois: os Homens e os meninos. Os Homens são aqueles que já geraram vidas, que enfrentam as batalhas gastronómicas sem temores, que dormem 5 horas e fartam-se do colchão, que não têm hora para dormir, que distinguem as castas dos vinhos só pelo aroma do néctar, que não viram a cara ao fumo quando ele é de qualidade, que acreditam que melhoram a qualidade vocal com um digestivo da casa. Este grupo preponderante para o normal funcionamento do quinteto é também conhecido pelo Núcleo de Agosto, pois os seus três membros escolheram o mês do Imperador Augusto para darem início ao seu brilho terrestre. 10, 13 e 14 para quem quiser saber, do mais velho para o mais novo.
Depois de uma viagem a Lisboa para debitar um playback de 3 minutos nada como a recuperação das forças num café mítico. O café Cenáculo. Mas é claro que só pensa assim, quem faz parte do grupo dos Homens.
O Cenáculo é desde há anos o ponto de encontro das Vozes. Graças à pressão do nosso fiel amigo José António, o Cenáculo passou a ter percebas e tremoços de há uns tempos a esta parte o que torna as saídas nos meses quentes mais agradáveis. A escolha deste café – snack-bar é óbvia: se serviu para Cristo e os apóstolos se reunirem, porque não serviria para estes 5 humildes pecadores mais tripulação se arrebanharem antes das viagens?
Pois bem, os Homens do grupo lá foram às quatro da tarde (o almoço praticamente não existiu) afiambrar uma francesinha que ao sábado é merecedora de benesses por parte do café e só custa 3,99€. O Cenáculo tem destas coisas. Promoções alimentares. Feiras de Marisco. E tem um lema que muito nos intrigou durante algum tempo: “Café Cenáculo, sempre na vanguarda da frente!”. Depois de muito pensarmos no verdadeiro significado de vanguarda da frente, reparámos que também nós somos um quinteto que está na vanguarda da frente… bem isolado na liderança, tão distante que ninguém repara nele.
Que dizer das francesinhas da nossa segunda casa? O melhor pelo preço. Justo, muito justo para aquilo que se pratica no mercado. Quanto ao paladar distinguiria o nosso comer com um regular. Nem mais, nem menos. Uma francesinha regular. A cerveja também merece nota positiva não atingindo porém a pujança daquelas que são tiradas na Galiza (sem dúvida destacada na vanguarda das cervejas de barril). O atendimento é aquele a que já estamos habituados. Somos da casa, tratados como tal. Há ainda a registar neste campo um reforço do staff, com uma menina que tem pedal para rapidamente se distanciar do pelotão e chegar à frente… à vanguarda da frente!

07 outubro 2006

Aparições Televisivas II

Como anunciado anteriormente, os meninos deslocaram-se à capital para mais uma aparição televisiva, daquelas que toda a gente sabe e toda a gente vê. No entanto, o que se esperava ser "apenas" mais um contributo musical extrapolou-se para outras áreas igualmente artísticas - as artes plásticas! Confundidos? Vamos por partes...
O início da viagem deu-se às 8:45, 45 minutos depois da hora inicialmente marcada. Felizmente o Tomi conseguiu chegar com menos de uma hora de atraso, que é mesmo coisa rara. Anda a esforçar-se, o rapaz. Tanto que até lhe crescem coisas estranhas nos olhos... Adiante...
Paragem obrigatória em Leiria, para visualização de revistas de referência, vazamento de líquidos e ingestão de qualquer coisa que engane a fome. Os barbudos e colegas lambareiros foram num geladinho, enquanto eu fui numas bolachinhas com passas e suminho de pêra.


Com bolsos mais vazios e barrigas mais compostas, rumámos para Lisboa, mais propriamente para a Pontinha, onde fica situada a Casa do Artista. Chegados ao local, dirigiram-nos para o camarim, onde nos equipámos. Acabámos por ser solicitados por uma menina muito simpática (apelidada de “menina dos guaches”) para contribuir com um desenho, uma pintura, uma frase, ou algo do género, tendo como suporte uma placa de gesso cartonado. Perante as indecisões naturais de “o que fazer no raio desta parede” Joca tomou o leme à situação, ajudado pelo ar de comprometimento dos seus colegas de grupo, e começou a pintar. Amigos, o resultado é indescritível… Imagens que valem mais que palavras…


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Joca iniciando o trabalho artístico. Pode notar-se uma forte influência na corrente "Pistas da Blue", série da qual é grande admirador e consumista.


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O resultado final. Reparem bem na mistura de cores, tão bem combinadas. Da associação do traço artesanal ao conceito de grupo musical... Do endereço do blogue, que tão bonito ficou, apesar do Jony ter detestado. Gosto particularmente das assinaturas, que prefiguram tão bem os nicks blogosferáticos.

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Os meninos junto ao seu trabalho. De todos os sarrabiscos, os nossos são os mai'lindos, não são? Mais dia menos dia a Paula Rêgo descobre-nos e ainda nos delega o importante cargo de "grupo residente" da sua futura casa (essa sim, projectada por um verdadeiro artista do norte, Souto Moura)

Depois deste momento brilhante, lá cantámos um bocadinho. 600 kms para cantar o "Tu lês em mim", pareceu-me muito bem. Depois combinámos em encontrarmo-nos de novo com a menina dos guaches, para uma brincadeira (desta vez musical), mas infelizmente as saudades do Porto falaram mais alto. Pedimos desde já desculpas à menina que ficou pendurada, com o microfone na mão (para entrevista em directo).
A viagem de regresso foi uma verdadeira epopeia. Não só porque fui a guiar o naco de tecnologia do Jony, mas também por tudo o que se disse. O Joca sugeriu começarmos a gravar as viagens, para não perder pitada do que é dito. Eu concordo. Principalmente para não perder o registo que tem sido aqui apresentado.

06 outubro 2006

Multibanco já ali

Esta história tem dois, três meses. Às vezes dá vontade de variar. Sair da rotina, dar um pulo até ao desconhecido e assim oxigenar o dia. Foi o que fiz no final do ano lectivo passado. Farto da rotina de comer onde costumo recuperar forças, rumei um pouco a sul e tentei num qualquer bar junto à praia a refeição para aquele dia. Olho para a carteira que apresenta o aspecto usual, sem dinheiro. A fome era já grande. Procuro um Multibanco. Acreditei que na marginal tinha de haver um Multibanco, afinal ali faz-se turismo. Avisto um Totta ao fundo. São as cores do Totta. É um banco, nada que enganar. Avanço já de cartão nos dentes… eis com o que me deparo:Esmoriz é a terra. Privilegiada é certo, pois em mais nenhum lugar do mundo há um tuttipromo. Melhor que o estabelecimento só mesmo a criatividade do designer que propôs esta imagem e estas cores para a loja. Afinal não foi Stravinsky que disse que genial é aquele que rouba?

Sugestão para fim-de-semana

Depois da já anunciada aparição televisiva dos meninos, regressaremos à Invicta, se Deus assim permitir. Seguirei directo para Vila Nova de Famalicão, mais especificamente para a Casa das Artes, onde se realizará um musical infantil belíssimo, chamado "Os Ratinhos da Família Mozart". Trata-se da história da vida do famoso compositor, contada por uma família de ratinhos que habitou a sua casa há muitas gerações atrás e que passou o testemunho aos seus descendentes. Os ratinhos aproveitam para cantar várias melodias mozartianas, com algum humor à mistura. Quem não tiver que fazer amanhã, e não veja onde gastar 2€, mais vale pegar nos miúdos e ver outros miúdos a trabalhar no fim-de-semana. Pode ser que lhes sirva de exemplo. Ou então que fiquem sensibilizados para a música. Sempre não era um fim-de-semana mau de todo. Amanhã, 18:30, Casa das Artes, Vila Nova de Famalicão.

Citação IV

No dia 2 de Outubro do ano de 2006, Vilhena no meio de muito impropérios, disse em pleno ensaio:

05 outubro 2006

Ca(u)sa do Artista

Admira-me a perspicácia e sentido de oportunidade do sr. Artista, proprietário da casa homónima... Organizou uma festarola para sábado, da qual participaremos de forma graciosa, e que, segundo a RTP, será "Uma emissão especial (...), que pretende sublinhar o papel e a intervenção dos artistas na vida do País". O programa chama-se Ca(u)sa do Artista. A mim não me enganam eles. O sr. Artista conseguiu prever a 5ª subida da taxa de juro, desde que o ano começou, e com esta visibilidade toda (8 horas de emissão) deverá angariar dinheiro suficiente para manter a sua casa jeitosa durante, pelo menos, um bom par de anos. Os meninos encantarão entre o meio-dia e a uma da tarde. Desenvolvimentos da festa no Domingo, aqui, num blogue perto de si.


Na sapatilha!

Aqueles que me conhecem sabem que sou um indivíduo sério, bem formado, que não entra em brincadeira brejeiras, nem tropelias tontas. A vida pode ser divertida sem ser preciso recorrer à gargalhada gratuita, à partida degradante. A fruição da Humoresque de Dvorak ou de La Revue de Cuisine de Martinu chegam e sobram para acrescentar diversão às batalhas que travo no dia-a-dia.
Outros porém não pensam assim. Chico escreveu e Caetano cantou “Deus é um cara gozador, adora brincadeira…”, numa clara provocação sem piada. Outros ainda gozam com os vindouros. Os pais da Maria das Neves ex-primeira ministra de São Tomé e Príncipe baptizaram-na com uma alvura que não condiz com a tez. Só para gozo, já se vê. E por falar nisso, que dizer da Clara das Neves com os seus 7 anões de um filme brasileiro, com uma morena de, como diz o Monge, fechar o comércio à hora de ponta? E as cenas com os liliputianos? Chacota amigos! Chacota que, definitivamente, não faz parte de mim.
Neste grupo há-os capazes de gozarem com este e com o outro mundo. A história que vos vou relatar perde-se na minha memória. Não sei quando foi, onde foi. Sei que, como é hábito nesta seita, dois instigadores do mal vasculhavam a carteira do Vilhas nuns camarins, onde esperávamos pelo início de mais um concerto, enquanto este se encontrava ausente. É recorrente. Tenho constantemente a minha vida devassada pelos meus colegas que ora pegam no telemóvel para lerem as mensagens, ora pesquisam no meu portátil aquilo que lá tenho, ora ouvem as minhas conversas ao telefone. Tudo fica a descoberto. Eu vi-os na função de tirar e por cartões, contarem o dinheiro e acabei por virar a cara e as costas por pudor e em acto de reprovação. Não posso pactuar com isto!
Passado algum tempo, semanas talvez, recebo uma chamada do amigo Vilhas. Era domingo de tarde e estava um dia agradável. “Ó Joca, quem me tirou o cartão do Porto?” disparou o sub-sahariano como se (vede do que a mente humana é capaz…) eu tivesse algo a ver com o desaparecimento do cartão de sócio cativo das Antas. “Eu estou aqui à porta das Antas e não me deixam entrar porque não encontro o cartão!”. “É racismo, Vilhena” ainda brinquei, mas ele não estava para isso.
Telefonei ao Jony e ao Tomi na tentativa de ajudar o belfudo africano. Nenhum deles sabia de nada. Negaram como Pedro e ainda para mais o galo nunca mais cantava para se sentirem arrependidos.
Passados dias alguém se lembra. “Ó Vilhena, ora vê debaixo da palmilha da tua sapatilha!”. Lá jazia o cartãozinho com foto e tudo. Afinal o Vilhena tinha levado o cartão à bola. O que ia era no sítio errado. Devia ter procurado melhor…

A verdade é que não sei quem escondeu o cartão ao pobre Vilhas. Mas tenho a certeza que no meio desta multidão fotografada na Ilha de Santa Maria durante as marés de Agosto de 2003 estão os dois responsáveis pela facécia!

04 outubro 2006

Canções de Amor

Na minha cuidada análise ao último número da "Dica da Semana", jornal de referência no bairro onde moro, vislumbrei, tanto na primeira página como também na página das Personalidades, o nosso colega de profissão - Mickael Carreira - filho do outro Carreira, esse bem mais badalado. Como filho de peixe sabe nadar, pensei que, para além de saber cantar, para além de ter uma legião de fãs e para além de ter um aspecto lavado, o repertório também seria idêntico ao do Tony: baladas, canções de amor e afins. Pelos vistos enganei-me redondamente, pois ele define o seu primeiro trabalho discográfico (que já alcançou 50 mil vendas - dupla platina em 5 semanas) como sendo um album com uma sonoridade pop/latina. Mesmo tendo alcançado esse número de vendas, penso que se tivesse optado pelo estilo romântico do Tony, provavelmente os números triplicariam. E foi aí que me lembrei que se calhar o futuro deste grupo pode passar por aí... por um disco de músicas românticas, versões acappella de músicas que ficaram gravadas no nosso íntimo por marcarem os momentos mais significativos: o primeiro olhar, o primeiro beijo, a primeira namorada, a primeira no carro, a primeira amante, a segunda namorada e por aí em diante. Peço a ajuda de todos, que revelem a "sua" música, aquela música que, sempre que a ouve, o transpõe de novo para o momento lindo que viveu outrora. Desde já, obrigado pela colaboração.

03 outubro 2006

Boas notícias

Entre 6 e 27 de Outubro vai ser possível morrer sem barreiras nos estabelecimentos prisionais de Matosinhos. Foi pelo menos isto que eu li num cartaz que anuncia as actividades para o mês 10!
Depois informei-me melhor e soube que vão ser feitos workshops, conferências e masterclasses sobre as boas formas de morrer numa prisão.
Além de uma distribuição de seringas infectadas, o que permite a poupança de alguns tostões no investimento que é feito em guardas prisionais, há uma expectativa enorme na vinda de um feiticeiro Zulu, que é mestre em mutilações. Doutorado em excisões, trás com ele apenas um x-acto e espera-se o corte das suas próprias jugulares.
Ponto alto será um seminário de seis horas com um mestre da tortura. Este popular cançonetista irá interpretar os seus melhores êxitos já registados ao vivo no pavilhão atlântico.
Parabéns a quem teve tão brilhante ideia… Já agora precisam de um revisor?

Não está muito visível mas o cartaz diz JAZ SEM BARREIRAS - estabelecimentos prisionais de Matosinhos. Não restam dúvidas, vai ser uma festança!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades


Felizmente o Eusébio mudou para um clube de jeito. Em jeito de mudança, proponho que se adapte o hino do Benfica para uma das quatro versões que arduamente criámos, aquando a feitura de mais um programa do Dia dos Senhores, na Rádio Nova, programa esse dedicado ao telemóvel. Dedico particularmente esta versão a todos os que já foram brindados com uma multinha da BT, por falar ao telelé enquanto conduziam.