04 setembro 2008

Finalmente o regresso a casa!

Andei fora, como um vadio, mais de cinco semanas, com uma passagem meteórica por casa para trocar de mala e seguir para férias. Foi Avis, foram os passeios de Verão, foi o Estoril e dia 31 de noite voltei ao lar, doce lar.
Vacilei muito sobre como marcar este regresso. Começar com uma série de observações de férias, algo que já ameacei no esgalhanço anterior, seria o mais natural. Falar sobre o concerto do Estoril e o sucesso que foi, seria o mais óbvio. Mas infelizmente, há notícias que nos abalam e, por fazerem tão parte de nós, têm de vir parar aqui ao tasco, mesmo que na maior parte das vezes seja penoso dá-las. Estas férias, como em quase todas, parece sina, fui abalado pela perda de mais um amigo. Como sempre, novo demais para não estar aqui a ler mais este esgalhanço. Como sempre, bom demais para não continuar a cantar, a tocar e a sorrir com os companheiros da Tuna. Como sempre, vai-nos fazer muita falta.
Dia 1 acordei a ler o rodapé das notícias. E foi ali que li que o poeta e crítico literário Joaquim Castro Caldas também nos deixou. Nesse mesmo dia recebi um e-mail de um amigo com a notícia da morte e um poema. Conheci-o nas famosas noites do Pinguim onde muitas 2as feiras fui ouvir poesia. Falei com ele umas duas, três vezes antes da meia-noite, a hora em que descíamos para as catacumbas do Pinguim. Vi-o no Carlos Alberto no "Mais Mar Houvesse" que contava também com o nosso Vilhas na banda desta peça. E com ele ouvi a melhor poesia, aprendi, conheci, faz já 20 anos, muitos dos poetas e da poesia que hoje leio e recomendo. Dele, ao balcão do Pinguim, roubei uma expressão que uso, e que na altura achei engraçada: "traz-me um balde de cerveja, por favor". Por isso mesmo, e por ter sido público este desaparecimento, venho aqui ao tasco agradecer-lhe o que me ensinou e nos deixou. Como este poema do último livro "Mágoa das Pedras" e que veio no e-mail do Jorge Castro Ribeiro:

Vão-se embora palavras
Deixem-me ali à esquina
Amem e façam-se à vida
Não temam a morte voem
Sabem que são minhas
Para lá dessas fronteiras
Que desapertam as rimas
Com poemas ou bombas
Fucem apanhem boleias
Só vos deixei preparadas
Para os cornos dos poetas

Roubei esta fotografia deste blog, um excelente blog, diga-se de passagem. Faço-o pelo pior motivo, pelo que espero que o fotógrafo não se importe. É que é exactamente esta a imagem que guardo dessas noites do Pinguim e não podia deixar de a mostrar aqui. Como sempre, vai fazer-nos muita falta.

2 comentários:

patologista disse...

Pois fizeste muito bem em roubar a foto. O Joaquim merece ser lembrado.
As noites do Pinguim dessa altura trazem-me muitas boas recordações.

Joca disse...

Caro Patologista,

Desculpa mais uma vez o abuso, mas foram exactamente essas boas recordações que legitimaram o delito. De resto a fotografia é excelente e parece tirada da minha memória. é incrível!

ab,

jp