29 março 2007

Ao trabalho!

Já aqui dissemos o que andamos a fazer. Para comprovar o trabalhinho, nada como colocar aqui um excerto de um dos últimos ensaios. Neste caso estamos a fazer a primeira leitura do “Carteiro” um dos temas mais conhecidos do Conjunto António Mafra e que já teve direito a versão do Sérgio Godinho.
Como nos ensinaram na escola, estamos a ler o tema muito lentamente para irmos percebendo a harmonia. E repetimos, repetimos, repetimos. Daqui a umas semanas (esperamos nós…), o resultado sonoro será bem diferente.
Quanto às imagens: a qualidade podia ser bem melhor, eu sei. Pela iluminação, este parece mais um ensaio de um quinteto a cappella de Nairobi. Da próxima vez prometo mais luminosidade sonora e cinematográfica. Prometo também, aos pouquinhos, ir revelando quem são os nossos amigos que irão gravar connosco. É só ir passando por este nosso tasco.

25 março 2007

Malta que inspira

Hoje dei por mim a fazer algo que já não fazia há algum tempo: uma arrumação à séria da tralha que tenho no computador. Qualquer um de nós sabe que quem se dedica a este tipo de arrumação, reencontra muita coisa que pensava não existir. Foi o caso. E por ser Domingo, partilho convosco um pouco do lixo que tenho por cá.
Qualquer grupo musical de qualidade não deve negar que, em paralelo ao talento, esforço e dedicação, caminha a influência de outros sons. Por várias vezes, o Joca confessou o seu enorme apreço pelos Beatles, o Tomi por grupos portugueses dos anos 80, o Jony pelas sinfonias misteriosas de Chopin, o Vilhas pelo Baskin Robbins, etc... Ao remexer no poeirento disco duro do meu pc, encontrei alguns vídeos de um concerto mítico, realizado na Aula Magna em Lisboa, no dia 13 de Novembro de 2004. Refiro-me a Rufus Wainwright. Quem me conhece, sabe o quanto a música deste senhor me diz. E, dentro do grupo, há quem também aprecie (ou não teria o joca, como toque de telemóvel, o tema "my phone's on vibrate for you"). Quem conhece bem Rufus Wainwright, sabe que este talentoso songwriter possui uma voz única, que toca piano que se farta, que é sofrível na guitarra mas que compõe genialmente. Ah, e também tem uma particularidade interessante... Digamos que é muito sensível e feminino (assumidíssimo, quer na maneira como se apresenta diante do público, quer em temas como Gay Messiah, ou melhor ainda, quer fazendo parte da banda sonora do polémico filme Brokeback Mountain, com o tema The maker makes).
Aqui o menino não perdeu a oportunidade de o ver. Lá fui eu até à mouraria (trocar a invicta não é coisa que particularmente me agrade, mas há que fazer sacrifícios), rumo à Aula Magna. O seu auditório é conhecido pelas VdR, pois várias galas televisivas em que participámos foram realizadas lá. Habituado à entrada normal dos artistas, esqueci-me que dessa vez era apenas um espectador. Ou então foi o destino... Cruzei-me sem querer com o Rufus, e não perdi a oportunidade de falar com ele. Chamei pelo seu nome, retorquindo-me um "yeeees??" muito anasalado e agudo, característico do seu timbre vocal. Contei-lhe que era grande fã dele e que tinhas uns cds seus, que gostava que autografasse. "Shure, do you have a pen?"- disse ele, de uma forma que nem a melhor tentativa para descrever chegaria perto da realidade... (lembrei-me, nesse momento, de uma deixa recorrente que os meus companheiros costumam dizer quando se pergunta o mesmo, mas vou poupar-vos desta piada fácil). O que é certo é que tinha os cds no carro, e tive de dar o meu bloco de notas para ele autografar. Agradeci-lhe cordialmente, despedi-me dele e do Lála (o seu técnico de palco e, provavelmente, conselheiro sentimental), e contei os minutos para o ver. Dessa noite inesquecível, deixo-vos com partes de uns registos que fiz: versão do Hallelujah do Leonard Cohen, e uma prenda ao fantástico público dessa noite-Go or Go Ahead, solo. Boa semana a todos.

22 março 2007

Moldar mentes jovens

Como devem ter reparado, a frequência da escrita de novos posts decresceu significativamente. Por um lado, como o Joca teve já oportunidade de explicar, o novo trabalho (que está prestes a estourar) tem consumido tempo e recursos que nos impedem de ser tão frequentes aqui no tasco; por outro lado, as escolas também têm apertado connosco. Excepto o Vilhas, que vive exclusivamente da música, todos os caucasianos estão ligados, de alguma forma, à educação. Uma das formas mais fáceis conseguir as fantásticas vendas que todos os cds das Vozes da Rádio atingem, é recorrer a quem realmente tem poder de compra: as crianças. Por isso é muito natural que perguntem pelos nossos cds nos mais variados sitios e nunca consigam arranjar: todos foram já comprados pelos nossos alunos.
Pensava eu que só os cachopos que nos aturam é que conheciam as nossas músicas, por imposição óbvia... Porém, hoje fui apanhado de surpresa. Algo inesperado aconteceu quando cheguei a casa...






Para os menos conhecedores, a criança refere-se a um dos êxitos do cd de Natal, de título "Canção de embalar o action man"


Marco, obrigado pelo desenho, está muito bem esgalhado. Pode ser que um dia destes apareça aí, na tua escola, com os meus amigos, para te fazer uma surpresa. Ah, mais uma coisa: agradece à tua professora por se ter lembrado de passar pelos correios antes de um qualquer ponto de reciclagem.
Para relembrar a música, é favor clicar aqui.


21 março 2007

Primavera

Hoje deu-me para a nostalgia e para as recordações. Mas como em tudo, há sempre uma explicação. Se a memória não me atraiçoa muito, foi exactamente há 15 anos que estivemos no Monte da Virgem a cantar este Them there eyes para o Sr. Goucha ainda de bigode e o Juca Magalhães ainda no entretenimento. Novinhos, bem novinhos, podem ver-nos exuberantemente vestidos (não me ocorre outra adjectivação, ou melhor, ocorre mas este blog é lido por menores…) pela Sodona Laura Rodrigues, a voz activa da Associação dos Comerciantes do Porto e especial amiga do Senhor Pinto da Costa. Podem rever a formação inicial das Vozes e ouvir-nos um pouco desafinados, é certo, mas cheios de boas intenções.
Outra das justificações para este momento regresso ao passado, é que há oito dias atrás cruzei-me com o Rouxinol de Perafita, estava ele em trânsito de Turim para Nova Iorque com paragem (e cantoria) em Bruxelas. Confessou-me ele, que quando pode, passa aqui pelo cantinho das Vozes. Pois rapaz, entra à vontade e mata saudades dos tempos a cappella… e já agora vai dizendo por onde andas. Os nossos leitores de Kuala Lumpur ficarão satisfeitos se anunciarmos aqui os teus concertos.

17 março 2007

Justificação...

Ontem falei pelo telefone com o nosso amigo Rui Santos (já aqui referenciado), e ele admoestou-nos pelo facto dos nossos esgalhanços terem decrescido significativamente. Eu justifiquei-me como pude. As Vozes da Rádio andam a trabalhar na clandestinidade, a preparar um novo trabalho. Primeiro escolher músicas, depois fazer arranjos, ensaia-los e finalmente gravá-los. Tudo isto consome tempo e neurónios e os mais desafortunados (não falo de mim, como é óbvio que continuo a escrever por cá) não têm número suficiente de células nervosas na caixa craniana capazes de fazer mais do que uma tarefa de cada vez.
Mas falemos do nosso trabalho. Tal como puderam ver nesse magazine diário Vizinhos do Porto Canal, nós vamos fazer um disco só com músicas do Conjunto António Mafra. Para quem não sabe o Conjunto António Mafra é o responsável pela alegria musical das festas populares há 50 anos. Mas não só. Grandes êxitos dos anos 60 e 70 saíram deste colectivo, que tivemos o privilégio de conhecer em 95 e por quem temos uma grande admiração. Será garantidamente um disco com sotaque, pois connosco estarão a cantar colegas e amigos aqui do burgo. Quem são? É para ir descobrindo aos poucos. Para começar fica aqui uma foto que marca o nosso encontro com os Mafras no passado dia 7. E fica também a notícia de que eles irão participar neste disco.

12 março 2007

Vizinhos

Porto Canal, estão a ver? O melhor canal do país e talvez um dos melhores da cidade. Pois o vizinho que hoje vai contar a sua vida é um velho conhecido aqui do blog. Hoje às 20h (daqui a pouco), com repetição amanhã às 11h30m (o melhor argumento para se faltar a um dia de trabalho). Assistam à melhor entrevista do mundo feita a um membro de uma boys band a cappella da cidade do Porto e descubram em primeirissima mão o que essa tal boys band vai fazer nos próximos tempos.

11 março 2007

Conselheiro dominical

A partir de hoje vou poder voltar aos vídeos e a imagens históricas com que tenho recheado os meus esgalhanços. Com o computador de volta e com novo disco duro o meu mundo documental aumenta exponencialmente para vosso desespero. No entanto, isso só poderá ser mais tarde, na altura em que já pela hora, se deve chamar segunda-feira. Para já, ainda e só fotos acidentais de telemóvel.
Hoje, e como é domingo, aproveito para vos deixar uma recomendação, e ao mesmo tempo espicaçar as outras amélias que por aqui (raramente) escrevem. Porque não aproveitarmos este espaço para orientar os nossos leitores no que de mais importante há na vida, o comer e o beber? Porque não criar uma secção “Os Senhores recomendam” que possa ser no fundo, o nosso guia Michelin das coisas fundamentais de um ser humano?
Então cá vai. A semana passada, juntamente com o Jony, passei em Ponte da Barca. Na hora do repasto atascámos num daqueles restaurantes da marginal, cujo nome me foge, e na falta de um sarrabulho que naturalmente iria puxar o verde tinto (só por aquelas paragens consigo beber tal unguento), atirei-me a umas trancinhas da Barca que foram acompanhadas por um Encostas de Estremoz, escolhido pelo Jony. E que posso dizer? Que valeu bem a pena a chuva toda que apanhámos. Nada como ir ao Minho oxigenar os pulmões e o estômago, mesmo quando o néctar é alentejano.
Toca a passear pelo Minho, ir até ao Gerês e saciar o apetite por aquelas bandas… e ainda por cima não é muito caro (até pensei escrever que é barato, mas é um risco grande. Alguém daquelas paragens pode ler e os preços começam a subir compulsivamente…).

Uma das visões do almoço. O vinho, que aproveito para recomendar, pois naquilo que os especialistas chamam relação qualidade/preço está bem cotado. Eu longe de ser especialista bebi, gostei e nem o facto de dizer "contém sulfitos" me inibiu. Aliás, o que são os sulfitos?

07 março 2007

Depósito de lixo

Eu sei, andamos arredios e pouco produtivos, o que não significa um abandono completo e total deste nosso confessionário público. Temos tido que fazer, um pouco mais que o habitual, mas fora do palco, o que indicia novidades para dentro em breve. Para já, e como diziam os outros senhores, “deixem-nos trabalhar” e “deixem jogar o Mantorras”.
Por falar em abandono, trago hoje aqui uma fotografia com quase um ano. Para mim foi novidade ver uma lixeira tão arrumada e com cartazes a explicarem o que se deve colocar em cada lado. Lixeira para mim é desarrumação, é caos, é o escritório de onde vos escrevo. Não consigo imaginar este escritório com tabuletas: Depósito de folhas, depósito de cartas, depósito de partituras, depósito de lixo. Não! Isto só funciona como está, caoticamente ordenado. No entanto, não sei se Kyoto tem a ver com isto, os nossos lixos deitados a céu aberto tem de ser muito arrumadinhos. Sinceramente até me parece bem, sobretudo este depósito de monstros que achei divinal pela singeleza do nome. Numa altura em que Demis Roussos regressa em grande com um DVD ao vivo, sabemos agora onde podemos fazer um grandioso concerto com ele, cá no nosso belo Portugal.

Cá está. Tudo que está a mais em casa tem lugar neste depósito de monstros: a televisão antiga, o frigorifico que não funciona, o sofá que o gato arranhou, os discos dos D'zrt, a tia-avó gorda, em vésperas de cumprir mais um aniversário. É só chegar aqui e atirar. Atirem para aqui também sugestões de objectos a abandonar.