29 junho 2008

E agora a nossa versão

Há uns dias falei aqui do I call your name, da história desta canção dos Beatles, da nossa versão, etc, etc, etc... Nesse dia coloquei a versão dos pais da musiqueta e prometi a nossa versão para breve. Hoje chega o dia de cumprir com o prometido, talvez como forma de celebrar o calor, o verão, ou até mesmo a impoluta vitória do Mugabe.
Este vídeo foi gravado em Ferrol, Galiza, no início de Abril deste ano. Foi apenas mais uma das dezenas e dezenas de vezes que cantámos este tema e que está gravado no nosso álbum ao vivo "Som Maravilha dos Senhores" de 2002. Ainda esta semana e para uma plateia de 450 estrangeiros, cantámos esta aversão que felizmente nunca chegará às orelhas dos seus papás. Um deles definitivamente já não a ouve e o outro tem mais do que fazer do que andar no youtube a ouvir versões das músicas dele.
Bom domingo, boa praia!

22 junho 2008

E já passaram quinze dias...

Terminou há instantes mais um terrível ciclo de trabalho. Estou cansado, mas feliz porque tenho outro pela frente! E se continuar assim durante muitos e muitos anos, acreditem que vivo feliz para sempre como nas histórias infantis.
Justificada desta forma a intermitência de esgalhanços destas últimas semanas, viro-me para o álbum de recordações recentes (aquelas que o Alzheimer não perdoa) e penduro a nossa última prestação televisiva. Aconteceu há exactamente 15 dias numa gala da RTP, ou melhor, que a RTP transmitiu e que, pelo que percebi, se destinou a premiar aqueles que lá fora se distinguem nas mais variadas actividades.
Desta experiência televisiva fica a minha vontade de distinguir pela incompetência quem fez o som da emissão e da sala (duas pessoas, dois incompetentes) e que conseguiram, além de um feedback inicial daqueles que já não se usam, o incrível desequilibrio das vozes: a voz do Jony fica como solista, bem mais alto que todos os outros, e nem os três minutos de música chegaram para a alimária corrigir tal erro. Se isto fosse uma casa séria passava agora a dissertar sobre o que leva tantos músicos a optarem pelo playback, sobre a competência do pessoal técnico das diferentes produtoras e dos diferentes canais e sobre um conceito novo que ando a estudar: inteligência musical. Ouvi esta expressão num juri de exame e não mais voltei a ser o mesmo. Neste caso é de todo lícito afirmar que este técnico não tem inteligência musical.
Bom, mas como este tasco é só de passagem deixo as dissertações para outros blogs mais chatos que este. Deste dia só gostava de contar que a canção, a mesma que gravámos com galegos e para a galiza, foi escolhida pela produção. Pouco tempo antes de entrarmos em palco, estávamos falar com o Jorge Gabriel, perguntei-lhe se soaria estranho o sotaque galego. O homem disse para eu cantar sempre em português, com sotaque português, sem nada de galego e deu justificação para isso. No palco e embalado pelos bá-rá-páás esqueci-me e mandei-me pró galego. E sinceramente nem fica mal!

19 junho 2008

A culpa é do Sérgio Conceição!

Hoje está tudo triste, macambúzio, de monco caído. A selecção mais uma vez falhou no momento em que todos esperavam a glória. Eu sei que toda a gente sabe isto... ou melhor, quase toda, porque garantidamente o Tomi não deve saber. O Tomi é o tipo que anda pelos corredores do Continente a encher o carro quando o país está a ver futebol. É o tipo mais anti-futebol que conheço! Nem se chateia com o exagerado barulho à volta do mesmo, nem sabe absolutamente nada sobre resultados, jogos ou jogadores. É simplesmente desligado, completamente desligado do fenómeno... e só por isso merece todo o nosso respeito.
Para mim a culpa é do Sérgio Conceição, que há uns anos atrás (2000?) resolveu humilhar a Alemanha e marcar três golos, quando já nem precisávamos vencer. Daí para cá caímos sempre aos pés dos arianos, mesmo que sejam de cabelo artificialmente loiro. É a mesma maldição que a França nos pôs. E pior é que agora, sem futebol para nos entretermos vamos mesmo ter que voltar aos buzinões, aos piquetes, aos boicotes, para nos livrarmos de maldições maiores.
Como o fair-play está sempre presente na vida das Vozes, repito hoje aqui, a performance do Tomi a cantar alemão. Qual Marlene Dietrich, o nosso homem que amanhã não saberá que Portugal jogou e perdeu, encanta a plateia durante a apresentação do nosso álbum Mulheres, aqui no Porto, no ano de 2005. Divirtam-se e preparem-se para as olimpíadas!

15 junho 2008

I call your name

Na passada quinta-feira, dia de ensaio, saímos da sala de ensaio, e aproveitando a noite quente, fomos beber uma cerveja com o músico e formador inglês Tim Steiner, que nestes dias está cá pelo Porto.
A conversa andou à volta das Vozes da Rádio, do que fazemos, quando fazemos, com quem fazemos e quantas vezes fazemos. É claro que tudo o que foi dito fica por relatar até porque os blogues são locais de passagem de muita gente. O fantástico de toda a conversa foi o constante humor britânico! Sim! Desta vez alguém nos percebeu!
Na altura em que falávamos sobre repertório falei no I call your name, canção pouco conhecida dos Beatles, e que cantámos praticamente desde 1992, tendo sido gravada em 2000 no álbum "Som Maravilha dos Senhores". Mal disse o título da canção, o Tim começou logo a cantá-la: "I call your name, but you're not there..." e a seguir rematou: "It was the B-side of Long Tall Sally EP. 1964!". Isto para um beatlemaníaco como eu é cultura! Sabia que a música tinha sido composta pelo John Lennon em 63 para um grupo inglês, mas que não tendo gostado da versão desse grupo, resolveu gravá-la com os Beatles. Também sei que a ouvi pela primeira há muitos, muitos anos e que se encontra em colectâneas que saíram em vinil como a "Beatles Rarities".
O motivo que me levou a pegar neste tema para o fazermos a vozes, no tal ano de 92 foi... uma constipação. Em casa, com febre, nada melhor para me entreter que pegar numa canção para fazer um arranjo. E a escolha caiu no I call your name, coisa que não podia fazer por esses dias, tais eram as dores de garganta. A ideia de pegar em algo tão pouco conhecido serviu também para nos proteger. Cantar um daqueles clássicos que toda a gente conhece, e que tanta gente já cantou é sempre mais arriscado. E eu em estado fragilizado não podia expor-me assim tanto!
Para quem não conhece a versão original, ela aqui fica. A nossa, um destes dias, ficará aqui pendurada.
Bom domingo

12 junho 2008

Lords

No dia 31 de Maio tivemos concerto em Lordelo, Paredes, a cerca de 20 minutos aqui do Porto. Quando li o nome do auditório onde íamos actuar não fiz, estúpido, a associação lógica: auditório A’Lord! Lord, de Lordelo, só me surgiu quando estacionei o carro em frente ao novíssimo auditório da Fundação Lord. E foi com enorme privilégio que soube que fomos nós que inauguramos um extraordinário auditório, bem equipado, bonito, com excelentes condições e ainda por cima cheio para nos ver!
Mas não só da excelencia do auditório viveu essa noite. Fomos recebidos e tratados como uns verdadeiros Lords por toda a organização, a começar pelo presidente da associação local. Comemos num restaurante em frente ao auditório, o "D'Avental", de uma forma que as imagens documentam... ou não porque são insuficientes para mostrar toda a qualidade do serviço.
E desta forma termino este rápido esgalhanço com um óbvio é tão bom fazer disto o meu trabalho!

O Miúdo e a espetada de gambas. Eu preferi o Bacalhau com broa que estava fantástico. O final foi um doce (claro) de chocolate que me recordo tinha qualquer coisa no nome como Jójó, nome carinhoso herdado do jardim de infância, que muitas vezes os meus coleguinhas usam para me chamar. Foi o que pedi e era divinal. Pronto, passem por Lordelo, espreitem a programação do auditório e comam no "D'Avental".

10 junho 2008

Dia da Raça

O dia parecia ter começado no paraíso: feriado, céu azul, os camionistas a desmobilizarem, os mineiros desaparecidos, lá na Ucrânia, a saírem com vida, a Itália a ser humilhada pela laranja mecânica (e eu que sempre gostei do Kubrik). Eis senão quando uma gaffe do Sr. Silva (assim conhecido na Madeira) veio estremecer a calma que o dia anunciava. “O dia da raça” fez irar o bloquista Rosas, que de inflamada verborreia se indignava na tsf, com o carácter arcaico e racista da expressão. O vulcão era tão grande que se cheirava o mau hálito do douto professor pelas ondas hertzianas. À raiva seguiu-se a pergunta: “gostaria de saber a raça do português que marcou um golo, belo golo por sinal, contra os turcos, e que afinal é brasileiro…”. Referia-se ao Pepe, com certeza. Boa pergunta, sem dúvida, até porque é sabido Petit é de raça Pit Bull. Fui buscar um velho almanaque, “Todos os Cães”, de um tal Pugnetti, italiano que pesquisou as raças caninas e compilou-as num livro excelente, onde além das características do canídeo, a sua alimentação, longevidade média e outras curiosidades, se junta uma foto para melhor se identificar o animal. Nada… não vi o Pepe. De Abel Xavier ainda vi traços no Pelado Chinês, com o seu penteado espetado, e com um bocadinho de boa-vontade lá liguei o João Moutinho ao Akita Inu, uma raça onde a ideia de grande porte não existe.
Teimoso como sou, mudei de enciclopédia. Passei para o reino animal. Além de todas as raças, tenho neste livro, todos os animais mamíferos. Virei-me para os símios e… cá está: macaco-esquilo, com o seu pelo rapado no cocuruto. Respondo assim à curiosidade do Sr. Prof. e com certeza ao problema existencial das últimas 24 horas. Afinal até o Pepe tem raça.
A nossa raça, a das Vozes, é discutível. Pelo facto de usarmos a voz, somos conotados com as aves canoras e com todo o universo Messiaenico (de Messiaen). Seremos rouxinóis, melros, canários, cotovias? Pois não sei. Tenho agora que analisar o meu guia de aves e se possível arranjar sons gravados de cada uma para identificar a nossa raça. O Vilhas parece-me claramente ser um Mocho-Galego.
E já que falo em Galegos, aqui fica o vídeo do dia. Gravado precisamente há dois meses, em Ferrol, no Centro Cultural Torrente Ballester, apresenta-nos a cantar a Berta, dos nossos amigos Mafra. Os galegos são de raça porreira! Recebem e tratam-nos bem. Têm boa comida e bebida, e gostam de festa! A canção, num português com sotaque do Porto, mostra a maior riqueza da nossa raça: a nossa língua!
Do serôdio Professor de História, pois que não encontrei enquadramento canídeo para ele. Haverá, com certeza canis lupus que lhe sirvam, mas neste momento mais do que identificar a raça, julgo precisar urgentemente de uma anti-rábica. E de aproveitar o feriado para fumar o seu cachimbo e relaxar…

07 junho 2008

Prémios Talento

Pelo título pode parecer que vamos falar de nós. Mas não...
Acabadinhos de chegar de Vigo, onde estivemos ontem no nosso Rock in Ria (de Vigo, por supuesto) juntamente com a Socorro Lira do Brasil e os Luar na Lubre da Corunha, preparamo-nos já para amanhã zarpar até sul, mais propriamente ao Convento do Beato onde decorrerá a gala Prémios Talento, que distingue os tugas que lá por fora mais deram nas vistas. Toda a informação sobre esta gala está no site da RTP.
Nós vamos para abrilhantar a festa com o nosso novo tema galaico-português e quem nos quiser ver e ouvir só tem de ligar o televisor no canal 1.
Agora vou para estágio que o jogo começa dentro de momentos.
(a foto, já antiga mostra um clássico das nossas viagens: as paragens nas estações de serviço, para abastecer o estômago.Quanto aos carros, desta vez não levam nada... já vieram com o depósito cheio de Espanha)

06 junho 2008

Nas ondas do mar de Vigo

Daqui a poucas horas estaremos a sair para Vigo onde cantamos no Polo Universitário pelas 12 horas locais, integrados no dia do Ponte... nas ondas! Quem quiser pode aceder ao site e ver-nos e ouvir-nos em directo. Depois à noite, às 10horas, estaremos em Samil, Vigo para um concerto aberto, ao ar livre junto com Socorro Lira (Brasil) e Luar na Lubre (Galiza).
Agora vou dormir, que se faz tarde.

04 junho 2008

Galeria de Arte

O mundo não é feito só de sons. O nosso em grande parte é, e pensando bem, vivemos deles. Sem sons, ou em terra de surdos de nada valiam as harmonias que debitamos.
No entanto, hoje o tasco abre a sua galeria de arte para pendurar três belos retratos que nos foram enviados pelos cantores da Escola Profissional de Música de Espinho, um coro que marcou presença (tarde e noite) no Parque da Cidade e na SIC e que, por coincidência, tinham todos, para mim, um ar muito familiar.
Pois estes meninos, além de cantarem como ninguém (vê-se, ou melhor, ouve-se que são muito bem orientados) passaram o dia agarrados às máquinas e aos livros de autógrafos a cravar sorrisos, beijinhos e assinaturas a quem por lá passava. E o resultado, além de muitos papéis com gatafunhos, foi um álbum enorme de recordações fotográficas, que decerto brevemente verei. Aqui fica o tríptico da Glória: As Vozes e a Lili das Chiquititas, as Vozes e o Ruca e... as Vozes e os alunos do básico da EPME! Três pontos altos, a não esquecer!

03 junho 2008

Crianças

No passado domingo estivemos umas horas no Parque da Cidade aqui no Porto, a convite da SIC, para participarmos num programa televisivo "O melhor do Mundo". O programa que teve transmissão directa foi continuamente entrecortado ora por publicidade, ora pelo Rock in Rio, ora ainda pela nossa selecção que nesse dia andou de avião. E que linda foi a tarde televisiva, variada, colorida, sempre pulando: era Floribella, na versão Luciana, era a Ana Rita, nossa antiga amiga da NTV na Bela Vista, era o Pedro Moutinho no estúdio e era o Quaresma a coçar os genitais no avião. Passou-me pela cabeça que se em vez de 1 de Junho fosse 13 de Maio, então nada teria mudado desde os tempos dos 3F's! Só a televisão, que agora é a cores.
O nosso F, o do Fado, foi ter de gramar (aqui há um trocadilho muito subtil: a organização da SIC, sem ter onde por os convidados deixou-os na relva, grama para os brasileiros) umas horitas até ao momento em que a Luciana e as suas duas novas amigas, amarfanhadas numa linda camisola, nos chamasse para um momento histórico: o Setor, que há uns anos passou pela escola de Aldoar, tinha os seus alunos, disciplinados e bem educados, a gritarem freneticamente por ele! Sim, esse foi o momento histórico a que a Luciana se refere no fim do vídeo! Os mesmos que a alto e bom som gritavam e cantavam "És tão boa, és tão boa" quando a Flori subia ao palco, só se calaram quando viram o Miúdo! "Ei, é o Setor!" E vai daí as atenções deles viraram-se para o nosso Miúdo. E quem canta "papagaio loiro..... pró meu namorado..." arrisca-se ao melhores piropos do dia!
Neste nosso medley infantil ficou de fora uma canção. Pela primeira vez houve censura nas Vozes. Um dos elementos, de voz e ar grave, recusou-se a cantar o "Pretinho Barnabé". Argumentou ele racismo, antipedagogia e choque social! Nós, caucasianos, tudo fizemos para demovê-lo... mas nada. No entanto, e porque dentro de nós há sempre um "Pretinho Barnabé", fizemos no decorrer do medley várias citações do referido tema. Fica o desafio para procurarem todas as invocações, incrustações, e outras coisas que terminem em ões que nós pusemos neste singelo arranjo. Sempre com o sentido no Barnabé!