30 novembro 2006

The Art of Dying

Fez ontem, 29 de Novembro, 5 anos que o George Harrison viu finalmente o sweet Lord que tanto procurava. Negar que ele nos tem vindo a influenciar (bem assim como os outros 3 de Liverpool) era mentir com todos os dentes. Se o nosso disco Mulheres tem slide guitar e sitar a rodos a ele o devemos. Já há muito que fomos conquistados pelo som dos Beatles, pelas suas harmonias vocais, diria até desde que nascemos.
Por isto a melhor forma de marcar o facto é por aqui esta nossa versão do My sweet Lord. Se ela existe devemo-lo ao Júlio Isidro que como responsável por um programa televisivo transmitido em directo da Culturgest há uns dois anos (por aqui percebe-se que já não me lembro do nome do programa…) nos desafiou para cantar esta música. Infelizmente tivemos menos de uma semana para fazer arranjo e cantá-lo em directo. Ou seja… podia estar melhor. Mas ainda assim vale a pena estar aqui… pela intenção.

29 novembro 2006

Reconhecimento

Leituras que já ouvi
Cantadas por quem te leu
Luxúria que em mim desceu
Amor que por ti senti.

28 novembro 2006

Canção de embalar o Action Man

O Natal aproxima-se. Já se sente no ar a nostalgia de tempos passados, de credos escarlates, do cheirinho a canela que repousa na aletria acabada de fazer (a minha avó faz cá uma aletria... ui ui). Quando penso em Natal, penso inevitavelmente na minha infância... Nas palhaçadas com o meu irmão, no nervoso miudinho que sentia quando chegava finalmente a meia-noite, no esbogalhanço do meu olhar quando as prendas apareciam do nada, junto do sapatinho... E não existiam playstations nem gameboys que superassem um carro telecomandado (daqueles que gastam as pilhas mais depressa do que dizer "Boas Festas"), um casio-tone para tocar músicas natalícias ou até uma bola de futebol para "dar uns toques" aos domingos no parque da cidade. Depois crescemos e tudo amaina, fica tudo em banho maria. E penso que só não arrefece completamente porque existem sempre pirralhos que se vão lembrando de vibrar como nós vibrámos: filhos, sobrinhos, netos, crianças em geral. Em 2004, tentámos aquecer um pouco mais esta tendência. Aproveitando um convite da RTP para participar numa das suas galas, intitulada "Sonhos de Natal", fomos mais uma vez de viagem até à capital. Esta gala marcou a diferença pela inclusão de crianças nos momentos musicais dos artistas. Aproveitámos então um dos rebentos do Tomi, a Sofia, e um dos seus colegas do conservatório, o Leonardo, que por sinal é meu futuro ex-sobrinho (esta denominação é vanguardista [daquela vanguarda mesmo da frente] e esgalhada pelo meu futuro ex-sogro, que me trata recorrentemente por futuro ex-genro, visto que, segundo ele, é muito provável que um dia me divorcie, pois está na moda! Eu acredito que, pelo andar da carruagem, quando me casar, já vais estar de novo na moda ficar casado até à eternidade). Com letra de Mário Alves e música de Joca, fiquem com uma das minhas músicas preferidas, a canção de embalar o action man (com direito a parlapier no fim e tudo...)


26 novembro 2006

www.vdr.com.pt

Tal como temos vindo a anunciar as Vozes da Rádio estão a desenvolver junto com a PZP, uma página onde todos poderão ter acesso não só a informação sobre o grupo como também a visionamento de vídeos, audição de temas, loja online e sempre uma pequena oferta das Vozes. Prometemos, sob palavra de honra, que as novidades sairão sempre antes na página do que na Caras ou no Jornal do Crime.
A partir de hoje está em funcionamento um preview do que será esta página em www.vdr.com.pt. Algumas opções estão já disponíveis. Convidamos a uma visita e a explorarem a nossa (futura) página!

Wer macht mir

Quanto mais estranhas e absurdas são as canções, mais nós devemo-nos esforçar por explicar o seu sentido, a fonte inspiradora, a história que está por trás. Isto ando eu a fazer há uns 6 anos quando cantamos este original nosso… ainda assim poucos parecem convencidos.
Certa noite, de regresso ao hotel depois de um concerto, faço o habitual zapping pré- repouso nos braços de Morfeu. Lembro que já era tarde. Dei comigo parado num canal alemão onde um talk show tinha como assunto “wer macht mir ein baby?” que o meu péssimo alemão ainda conseguiu traduzir: “quem me faz um filho?”. Todo o sono se dissipou e maldisse a minha ignorância de não saber mais alemão. A meia dúzia de meses de aprendizagem da língua de Goethe no Conservatório não deu para perceber quase nada. No ecrã estava uma moderadora, uma Fátima Lopes de porte germânico e cinco donzelas, mais balzaquianas que donzelas, que apelavam à caridade masculina no intuito de conseguir de um macho o esforço e empenho necessário para as fertilizar! Lindo. Lembrei-me logo que faço parte de um quinteto que podia, não fosse a distância e a barreira linguística, corresponder aos anseios e assim cumprir o que São Paulo tão bem escreveu aos Coríntios: “Mesmo que eu falasse a língua dos homens, … sem caridade eu nada seria”. E bastava ver 1 minuto do programa para perceber que só mesmo por caridade…
Adormeci com aquela ideia. De regresso ao Porto partilho-a com um parceiro de canções, o meu primo, que além de cultura vasta e vocabulário farto possui igualmente a loucura que certifica a nossa consanguinidade. Falei-lhe num refrão forte e numa coisa polilinguística. Ele surpreendeu-me com a letra perfeita: em cinco línguas (alemão, francês, inglês, italiano e castelhano), tantas quantas as bocas que cantam, uma história idílica (chamo sobretudo atenção à poesia que emana do verso “something’s itching down there”) e estava feita a canção. Gravámo-la ao vivo em 2000 e desde aí tem-nos seguido. O que aqui se apresenta é a versão apresentada no Coliseu do Porto aquando do Porto Cantado em 2001, integrado no Porto Capital da Cultura.

25 novembro 2006

À espera do Natal

Temos andado atarefados, mas não se nota muito, ou não deixamos notar.... Às vezes é bom ir guardando um pouco de segredo sobre o que se faz para não dar azar. E garanto-vos que no nosso caso, isto é bem verdade.
No entanto a partir de segunda-feira deixa de ser segredo para todo o mundo que as Vozes da Rádio gravaram 2 temas novos que serão incluídos na reedição do disco de Natal. Bom, o Miúdo já o tinha mencionado de forma tímida num esgalho anterior. Um deles é o incontornável Jingle Bells que sendo cantado ao vivo por nós desde 1991, só agora passa a estar gravado. O outro, um original de título “À espera do Natal”.
Pois é exactamente este original que começa a ser tocado a partir de segunda-feira na Antena 1. Desde já um Feliz Natal, mesmo a um mês do dia, porque já o Pessoa dizia, a vida pode ser sempre Natal. Queiramos nós!

24 novembro 2006

O porquê dos Senhores...

Com certeza já muitas vezes deram conta que nos referimos a nós próprios como os Senhores. Tivemos um programa de Rádio com o título “Dia dos Senhores” e o nosso quarto álbum chama-se “O som maravilha dos Senhores”. Porquê esta fixação? Porquê Senhores?
Tudo começou em 2001. Fomos a Macau (está na altura de voltarmos, não?) pela segunda vez para participar nas comemorações do Dia da Raça. Como bem raçados que somos, granjeamos logo uma plêiade de fãs asiáticas que no dia a seguir à nossa actuação no Clube de Jazz de Macau invadiram o átrio do hotel e tiraram centenas de fotos em actos tão marcantes como a entrega das chaves do quarto na recepção, a saída da sala de pequeno-almoço ainda com um croissant entalado entre os dentes, as fotos lado a lado que quiseram tirar connosco e no fim ainda dispararam durante a tão salutar troca de e-mails.
Foi aí que começaram a chover mails. O primeiro rezava assim:

ÄúºÃ£¬caro amigo
ÄúµÄÅóÓÑ julieta ¸øÄú¼ÄÀ´ÁËÒ»•â¾«ÃÀµÄºØ¿¨£¡
ÏÖÔÚ±£´æÔÚ"¿¨Ðã Cardshow " (½«±£´æ30Ì죩¡£
Çëµã»÷ÒÔϵØÖ•¹Û¿´ÄúµÄºØ¿¨£º
Ô¸Äú½ñÌìÓЕÝÓä¿ìµÄºÃÐÄÇ飡

Fiquei deveras emocionado com as lindas palavras… depois foram chegando outros como este, onde mais uma vez o nível de compreensão é posto à prova:

Óla,Jorge!
Está tudo bem?
Hoje é 11 de June,chove muito em Macau!
Ontem à noite, quando voltaram à Hotel Sintra? Muito tarde, pois
não? Tinha ligado 3 vezes mas sempre não estavam. Eu deixei
um recado para recepcionista, não disse à vocës? Porém,
são as palavras para dar bënção a vocës.E
uma senhora do Hotel disse-me que vocës já partiram às 7:45,mais ou
menos, hoje à manha.Então sinto- me desesperada outra vez.Que
infeliz para mim----esta rapariga quem gosta do vosso grupo muito.Quese
chorarei!
O Rigardo disse que ele está a estudar na universidade, não é?
então, vocës estão ocupados para estudar, e para fazer
representação? Acho que este tipo da vida é muito
intressante.
O meu amigo disse que nunca viu a Julieta tão louca por um grupo
de música(ou gosta) como agora.`Mas porquë? De facto, não sei
claramente também. Só sei que na Sexta-feira, no centro de cultural de
Macau, depois de ouvir as canções, sentia-me muito
livre.Porque antes naquele dia, tinha algumas coisas
dificeis,principalmente é sobre o meu estudo.Dentro das vossos
canções, vi uma qualidades de optimista e uma força
que pode, pelo menos, fazer-me ligeira e alegre.
Sempre acho que o meu portuguës'não é fluente mas queria ser
uma estudante excelente,pois alguns tempos sinto -me perder a
esperança.Tenho 21 anos e esta idade é uma idade em que todas as
juventudes pensam muito sobre o futuro deles próprias e a vida humana.E
quanto estava um pouco vaga, as canções ofereciam--me vigor
juvenil.Não estou a Obrigada! É sério! Obrigada!
Lamento que não tenho o E--MAIL do Mário. Então se eu
queria contactar com ele apenas posso mandar cartas e ele vai responder à
carta ou não, eu não sei! Mas para dizer uma verdade :eu
gosto muito muito de si. Não preciso da razão especial gosto s
ó por causa do gosto! Talvez é uma carisma dele!DON'T LAUGH AT ME!
Então podia ajudar-me a perguentar porque é que ele não tem
E--MAIL?
Espero que podemos manter contactos perpetuamente. Se tenho oportunidade
vou ir ao Porto a visitä--los! Os mais sinceros cumprimentos para
vocë, para Rui, António, Gigardo, e para Mário!
Bom dia! Até já!

No entanto o que mais nos tocou foi este:

Olá,Miguel:
Já voltou Porto?
E como está a viagem?Todo está favorável?
Este dia,nós tomamos a liberdade de ir o hotel para tirar fotografia com
vocês.
E Julieta já mandou esteas fotografias para vocês.
Eu senti-me tão feliz que posso ouvir som maravilha dos senhores e
conhece-los.
Muito obrigada!
Outros dias, eu vou escrever e-mail outra vez.Porque eu vou assitir um
jogo de fazer a maquilhagem como modelo.Então estes dias estou muito
ocupato sempre.
E outra coisa,pode ajudar-me cumprimentar outros senhores?
Muito obrigada! Boa noite!
Margarida

E lá está a bold… A Margarida (que na verdade se chama Jin Yi) baptizou-nos para todo o sempre. Para ela, as singelas palavras do tema que abre o nosso primeiro disco: “Desfazíamo-nos, Rebaixávamo-nos, Humilhávamo-nos, Humedecíamo-nos, só de olhar para ti, Margarida!!”

Boas Festas

Já cheira a Natal. Sinto isso nas ruas, nas noites frias e chuvosas, nos ensaios em que trocamos as Mulheres pelo Pai Natal.
Assim foi hoje. Estivemos a ensaiar para os próximos compromissos que já incluirão as canções que estão no nosso disco "Natal".
Na altura do seu lançamento fizemos o vídeo que podem ver aqui. A ideia foi fazer um filme inspirado nos festivais da canção dos anos 70. Daí alguns planos e o preto e branco. Vou confessar uma coisa: quando o vi pela primeira vez não achei grande piada. Fiquei sem vê-lo uns 3 anos. Quando agora peguei nele, vi-o com agrado. Estão lá os clichés todos, o arzinho Eurovision, os efeitos da época. Por isso, porque acho que vale a pena ser visto (e comentado), e porque exactamente daqui a um mês estaremos com os pézinhos debaixo da mesa a comer o bacalhau, aqui ficam as nossas Boas Festas. E que venha o Natal.

23 novembro 2006

Ensaios

Já há algum tempo que não registamos aqui o âmago dos ensaios... Isso não quer dizer que a malta não tenha ensaiado. Bem pelo contrário. Agora que se aproxima a época natalícia, muito material interessante rolará por aqui... Aguardem pelos próximos esgalhanços.

22 novembro 2006

R.I.P.

O dia hoje é de consternação para as Vozes da Rádio. O nosso companheiro de vídeo, candidato a melhor actor secundário no ano 2005, o peixinho amarelo, sucumbiu esta noite após prolongada doença. Estes últimos dias, já os passou acabrunhado no fundo do aquário, evitando dialogar comigo, apesar da minha insistência.
O meu maior problema agora é explicar a uma criança de três anos que o peixe esticou as barbatanas. Pensei já em três estratégias. A primeira chamaria a realista. Explico-lhe que a vida tem um outro lado e que se chama morte. Que um dia o papá também vai passar para esse lado, tal como peixinho e que a diferença é que em princípio o papá não vai acabar num saco do Continente com a inscrição “a marca do seu Natal”. Não que o papá precise de uma urna em jacarandá, pau-rosa ou sucupira. Basta-me um saquinho daqueles que se usam nas tragédias para ensacar cadáveres, desde que tenha uma cor discreta. Outra hipótese é a fantasista. O peixinho largou o nosso lar para ajudar o pai natal que nesta altura anda carregadinho de trabalho. Depois do Natal voltará a nossa casa, bem disposto e pronto para mais uns mergulhos. A terceira via chamaria de via-sacra. Deus, que no paraíso também tem os seus lagos, neste momento precisava de uma carpa bonita como a nossa. Nós, como gostamos de partilhar, demos-Lhe o nosso companheiro. Ficamos todos felizes… enquanto não me decido, deixo aqui uma visão póstuma do nosso amigo.

A cappella meets Fado

Há uns anos o João Monge perguntou-me: “ouve lá, ó Prendas, gostas de fado?”. A minha resposta foi aquela de quem não se quer comprometer muito: “mais ou menos”. Por um lado a ignorância não me permitia dizer muito mais, por outro sabia da paixão do João pelo fado e o facto dele ser um dos seus mais notáveis letristas. Talvez pela aridez da resposta, o Monge iniciou um curso intensivo para ignorantes do fado. A primeira lição foi a de me ensinar que há fadistas e há artistas. Depois veio o desafio para esgalhar uns 2 ou 3 fadalhões (como ele costuma dizer). A aula final foi no domingo à noite: o concerto da Aldina Duarte na Casa da Música.
Encontrámo-nos ao fim da tarde para um café no Península: a Aldina, o Monge, o guitarra portuguesa José Manuel Neto, o viola Carlos Manuel Proença e eu iniciámos um intercâmbio de experiências musicais. Fim de tarde bem disposto e jantar no Chaimite, cujo nome só por si assusta, mas que se mostrou à altura do apetite.
Depois vieram os fados. E aí foi de fechar o comércio (esta também é sacada ao Monge). A Aldina esmagou-nos a todos. Incrível a música que dela brota! O acompanhamento ajuda e muito. Fabulosos músicos. E a Aldina lá vai planando sobre as cordas. O meu barómetro, que tenho instalado na pele, várias vezes deu sinal de alarme.
Acabei o meu curso sobre fado nos camarins a confraternizar com os artistas. Ainda não sei com que média vou ficar, mas não tenho dúvidas que ontem tive a melhor aula. E já sei distinguir uma fadista de uma artista. A Aldina é fadista. Enorme.

Final do jantar depois de umas tripas à moda do Porto (Monge, não é dobrada. Voltas a dizer isso aqui e não te servem, garanto-te...)

(este esgalhanço estava já esgalhado desde segunda. Infelizmente esgalharam-me a net até hoje, por isso o esgalho tardio)

O arraso

O último post descreveu in-loco uma gravação de urgência. Faltou apenas dizer que o que seria relativamente simples e rápido de se fazer, tornou-se numa maratona vocal. Resultado: após o serão, não tive mais noticias dos meus amigos. Quem souber do paradeiro de algum deles, avise por favor... Temos alguns concertos agendados e fica mal não dar satisfações a quem está a contar connosco.

20 novembro 2006

Em estúdio...

Estamos precisamente a gravar dois bonitos temas de natal para vos presentear na devida altura. Um dos temas é sobejamente conhecido, porém outro é original (letra e música do Joca). Como alguns de vós deveis saber, outrora este grupo teve um cd de natal nas bancas, com o tema original "Natal". Quem sabe se não existirá uma reedição com estes novos temas. Confesso que, para mim, o cd de natal foi o mais popular de todos os 6 que este grupo fez... Não digo isto apenas pelo número de vendas que se registou, nem tão pouco pelas vezes que o cd tocou nas rádio. Digo isto apenas porque certo dia, a mãe de um aluno meu comentou comigo que tinha visto cópias do cd a serem vendidas numa feira. Com mais espanto ficou da minha reacção, que foi, obviamente, de rejubilo. Haverá melhor indicador do sucesso de um produto que uma feira? Ao lado de cd's de morangos e floribelas... é um orgulho!

Joca a assobiar à pai natal... pelo menos foi o que disse!

19 novembro 2006

Milú

O dia hoje, à semelhança dos últimos dias, amanheceu triste, com chuva, deprimindo aqueles que, como eu, são heliodependentes. Por isso, e para tentar alegrar o dia, deixo aqui o videoclip da Milú, do nosso último álbum.
Este esgalhanço permite-me contar coisas que os discos normalmente não dizem. A Milú existe na realidade e foi uma activista das causas femininas nos anos 60, aqueles em que os dias, como o de hoje, amanheciam cinzentos em Portugal. Daí esta cançoneta ter um ar tão sixtie. O vídeo é da responsabilidade do Carlos Figueiredo que compilou uma série de imagens antigas das Vozes, juntando algumas de estúdio e da apresentação ao vivo de "Mulheres".
Bom domingo.

O fado vem ao Porto


É já amanhã, na Casa da Música, que a fadista Aldina Duarte apresenta o seu último álbum Crua. E eu vou estar lá, porque se há fado que nos toca, o da Aldina é um deles. Diria que é fado sem corantes, nem conservantes. 100% natural, exactamente como ele deve ser.
Por isso amigos do Porto e arredores não percam esta oportunidade de ouvir uma fadista a sério. Encontramo-nos lá!

18 novembro 2006

Adenda

Joca, faltaram alguns pormenores (ou pormaiores) da saída dos meninos... Faltou contar a rodagem que foi feita ao carro alugado, como o aproximação das portagens a 180 km/h... Faltou contar a palidez estampada no rosto do Vilhas (coisa que pensei ser impossível de acontecer), sempre que os pneus chiavam, seguido dos seus tão conhecidos impropérios... Faltou contar o nível do hotel onde ficámos, o facto de teres partilhado o quarto comigo... Do maravilhoso pequeno almoço que deveria ter sido entregue no quarto... Vá lá, não te acanhes e conta tudo direitinho...

Noite em Lisboa

Depois da gravação no sábado à noite, três dos senhores resolveram sair um pouco do hotel e esticar as pernas até à 24 de Julho. Há uns anos atrás esta Avenida era palco das cognominadas festas do farfalho, expressão sem significado preciso mas que depois de inventada pelo Vilhas acabou por ser de uso recorrente nas saídas do grupo. Há um outro conceito que também nasceu no seio das Vozes da Rádio: o ensaio de naipe, que será tratado numa crónica futura. Voltemos à noite de 11 de Novembro. Saímos a pé, pois somos responsáveis, e não iríamos de forma alguma conduzir com uma gota de álcool. Descemos a Rua que querem que se chame Amália, passámos na casa onde viveu Assis Pacheco, outra onde durante um ano Fernando Pessoa lavou os pés e claro a casa museu da sodona Amália. E foi exactamente por aqui que demos com este achado num velho Opel Corsa de cor vermelha. Já não tenho vareta!!! O que se conclui daqui? O que pensar? De que vareta falamos? Da do óleo? O que se quer dizer com isto? Este insolúvel enigma seguiu-nos o resto da noite e inibiu-nos de entrar em alguns locais como a KKs, Kremlin e Kapital. Ainda somos reconhecidos como os homens que tiraram a vareta ao Corsa e saímos de lá espalmadinhos, a avaliar pelo tamanho dos seguranças…

17 novembro 2006

Que horas são?

Quase meia noite... O Tomi está com a barriga a dar horas... É a altura ideal para desejar um bom fim-de-semana a todos. :)

16 novembro 2006

Smelly Cat - last recall

Amanhã, pelas 21:30, na RTP, os mais distraidos poderão observar a performance musical de nível no Diz que é uma espécie de magazine. Como sabemos também que muitos de vós pegam no turno das oito da noite e só saem às tantas da manhã, oferecemos aqui o momento referido anteriormente.


Newsletter

Tal como já foi aqui anunciado, em breve as Vozes da Rádio terão disponível uma página, onde além das habituais fotos, dos vídeos, do curriculum e das notícias, haverá sempre uma lembrancinha para descarregar. Por isso, inscreva-se na newsletter para não perder, desde já, nenhum capítulo.

15 novembro 2006

Mudanças de visual

Ontem no calor do palco, a emoção falou mais alto e anunciei o corte da barba aquando da apresentação da canção Mudo Tudo. Curiosamente mereci, por força do heroísmo, o maior aplauso da noite. Poderia agora reflectir porque é que se aplaude mais uma manifestação de intenção, que um rico repertório desfiado em cerca de hora e meia. Será com certeza motivo de conversa no próximo ensaio, onde proporei aos meus colegas anúncios similares para próximas actuações: a amputação de uma mão ao Jony, a aplicação de botox nos lábios e nádegas ao Tomi, a lobotomia ao Miúdo ou ainda a operação estética que o Michael Jackson fez ao Vilhas.
Assim hoje, cortei e cortei-me para retirar todas as pilosidades que se acumularam durante dois meses, certinhos, na minha face. O acto durou uma hora entre esgares de dor e alguns impropérios. Fiz a vontade a uma enorme legião de fãs, encabeçada pela minha mãe e seguida de perto pelo pai do Vilhas que se mostrou indignado perante a imagem de militar de Abril saído do verão quente de 75. Tristes ficaram os (poucos) que invejavam estes hirsutos pêlos. O Ricardo Araújo Pereira, por exemplo, confessou que gostava de ter uma barba assim. Mostrei-lhe o lado menos prático, falando-lhe de quando estamos constipados e nos assoamos. Ele ainda assim referiu a vantagem da barba poder ocultar uma mucosidade durante uns três dias e passado esse tempo a reencontrarmos sã e salva. Sem dúvida um aspecto positivo, que não me deu a força suficiente para continuar… até porque com a chegada da chuva aumenta a probabilidade de me constipar e sinceramente prefiro perder todas as mucosidades.
Mas para este esgalhanço não ir a seco para o blog, recordo aqui fotograficamente, o estilo Os acólitos de Al Capone, de 1995. Por esses anos o Nuno Gama além de nos vestir, esculpia-nos personagens que assumíamos em palco. O visual resultava muito bem e, no fundo, todos os personagens se encaixavam bem connosco.
Com bigodes, sem bigodes, de cabelos ao vento, ou rapados, nós somos todos uns camaleónicos. Uns David Bowies do a cappella lusitano, a bem dizer…

Tomi, no papel de mafioso, explorador de casinos. Hoje, seria dirigente desportivo.
Vilhas, no papel de contrabandista por altura da lei seca. Hoje, forneceria linhas à linha.

Jony, no papel de pombo-correio da máfia. Hoje, seria um hacker.

Eu, no papel de bandido conquistador. Hoje, seria massagista de hotéis de 5 estrelas.

14 novembro 2006

Ah e tal...

Eu tenho o privilégio de trabalhar com 4 colegas talentosos. Mas no sábado, sem ter ingerido uma quantidade considerável de álcool que me dobrasse a visão, vi-me no meio de 8 criaturas que transpiram talento. Como já aqui foi contado, eram 17h30m de sábado, estávamos no estúdio à toa sem saber o que iríamos fazer, e com certeza os gato também, sem saberem como nós o iríamos fazer. Trocados os galhardetes, iniciámos trabalho: eles dando-nos os textos, nós pensando no que podíamos cantar. O Ricardo queria muito que fizéssemos aquela dança de mineiros que já aqui foi apresentada. Testámos coisas, dançámos, rimo-nos e finalmente entrámos em palco para ensaiar com os gato fedorento. Para primeiro e único ensaio correu bem. Para nós e para eles. O problema foi o tempo: 15 minutos, a produção reclama... e toca de tirar coisas. Por isso a dança acabou (para nossa pena e deles) por ficar de fora. Foram suprimidas partes e a segunda vez que fizemos tudo foi já na gravação ao vivo. O resultado foi o que viram no domingo, ou poderão ver na sexta. Divertimo-nos imenso e só por isso valeu mais do que a pena.
Respondendo a alguns comentários entretanto aqui deixados:

Improviso – Já expliquei em cima o que aquela apresentação teve de improviso. Com certeza foi tudo bem mais improvisado que alguns discursos de improviso que ouvimos;

Zé Diogo – Perguntarem se está mais magro… Que raio de pergunta. Nunca o tinha visto (pessoalmente) mais gordo! (expressão popular a que não acho particular piada, mas que aqui se enquadra literalmente);

Troca de equipamentos – Sim. A ideia foi essa! E assumo, com algum orgulho, que foi nossa. Achamos que também deveria ser assim na Assembleia da Republica e nos jogos femininos de voleibol. Troquei casaco, gravata, cinto e os sapatos com o Zé Diogo. Infelizmente o sapato dele não me coube, apesar de ser do mesmo número. Problema de forma. Ainda propus a troca de calças e cuecas, mas não tive parceiros. Atitude simpática teve o Tiago Dores que nos camarins, ofereceu-me a t-shirt dos gato fedorento que ele trazia vestida. Eu vesti-a e assim mergulhei na noite de Lisboa. O suor dele deu sorte! Eram só gajas de Ermesinde atrás de mim! (esta parte é exagero… lembro-me só do Miúdo e do Tomi);

Podem ver aqui a t-shirt usada e suada do Tiago Dores já no meu corpinho, bem como a descomunal estatura do Ricardo. Um enorme talento, essa é que é essa...

Agradecimentos

Serve o presente post para agradecer a todos os que nos foram ver à Fnac do GaiaShopping. Agradeço também a todos os que queriam ir e não tiveram oportunidade. E já agora, também a todos os que não sabiam, mas que teriam ido se soubessem. É sempre bom ver caras conhecidas pelo público: familiares, amigos, colegas, alunos e outros. Ah, e já agora, obrigado por terem acedido ao pedido do Joca, e terem contribuido para a ajuda da compra das fraldas dos seus rebentos. Ele agradece!
Para mim, foi um serão agradável. Vamos repetindo, noutros locais...

Foto gentilmente usurpada daqui (desculpa lá, Carla) ;)
Se mais alguém tiver fotos deste bonito encontro, avisem.
Jacky, tu deves ter que eu vi! :p

13 novembro 2006

É amanhã

Uma pequena pausa nos esgalhanços sobre o nosso encontro com os gato fedorento só para lembrar que amanhã pelas 19 horas estaremos a cantar os parabéns à fnac do gaiashopping. Ao contrário do que se anuncia, não iremos fazer apenas a apresentação do álbum Mulheres. Vamos fazer, como de costume, o que nos apetecer no momento. Uma coisa é certa, vai haver Mulheres, homens, palhaços, um africano e boa disposição.
Tinha que mostrar esta fantástica fotografia da Diana Silva tirada aquando da apresentação ao vivo das Mulheres, em Abril do ano passado.

12 novembro 2006

Le chat

Já posto no conforto do lar, inicio aqui alguns considerandos sobre a nossa magnífica participação no programa “Diz que é uma espécie de magazine”. Tudo começou com o honroso convite que o Ricardo nos fez, via 93, na passada quarta-feira. Seguiram-se algumas curtas conversas telefónicas de onde se concluíram aspectos importantes:
1º) Não sabíamos bem o que fazer. Aliás, nem bem nem mal, como tal deixaríamos para a altura decidir o que iríamos fazer;
2º) Nós gostamos deles e eles de nós, o que não iria significar necessariamente que este seria um encontro colorido;
3º) Concluímos com toda a humildade, que este encontro reuniria o melhor do que se faz em Portugal, no humor e na música, não sabendo nem nós, nem eles, qual das áreas cabe a cada grupo;
4º) Dia onze, dia da gravação, é dia de São Martinho e como tal o tempo deveria estar bom;
Assim ontem lá fomos A1 abaixo, cantando e rindo! Eram 17h30m, conforme estava combinado, e estávamos na Cinemate prontos para os ensaios. Depois foi todo um árduo trabalho só ao alcance dos melhores profissionais. À noite, e depois de um jantar num requintado tasco da capital, gravámos aquilo que hoje será transmitido. E para já mais não digo, até porque nem eu estou certo do que fizemos ontem à noite. Espero esta noite para ver…

Há muitos anos que não se via em Portugal um conjunto tão grande de estrelas reunidas no mesmo palco. Nem na festa dos 20 anos da Rádio Regional de Arouca se conseguiu tal feito.

11 novembro 2006

Press-release

Estamos prestes a entrar no programa... Nos bastidores conseguimos encontrar a Floriseca antes da produção final. Altíssimo nível...


Joca - estou a vestir-me. Amanhã terão a minha avaliação rigorosa sobre este momento. Que Deus nos abençoe.

10 novembro 2006

O (in)esperado acontece

Amanhã, os jovens músicos deslocar-se-ão à capital para fazer parte de uma espécie de magazine... Diz que é uma... Sim, por incrível que possa parecer, os Gatos Fedorentos lembraram-se de nós. Temos a difícil (senão impossível) tarefa de superar a qualidade musical dos Incríveis Saraiva, que actuaram no último programa. A ver vamos. Domingo, RTP, depois do Sr. Marcelo, lá estaremos com os Gatos.

09 novembro 2006

Um dia cinzento

Hoje, infelizmente, não há ensaio. Cada vez mais, os elementos desta fila-harmónica são requisitados para trabalhos extra. Uns tocam em sitios de vício, outros são juízes de festivais duvidosos; existem ainda aqueles que se armam em Nunos Rogeiros da música erudita. Enfim... Uma cambada de vorras. Estou farto de gente mole... Precisamos de uma ditadura!




Musica do programa da Rádio Nova "Dia dos Senhores", com Vozes da Rádio e Sérgio Sousa, programa esse dedicado à Ditadura

08 novembro 2006

Balada da Aleijadinha - futuro Hit

A insanidade continua. Estive a ponderar não escrever sobre isto, mas é mais forte que eu. Vou aflorar novamente um projecto que já leram por aqui... O projecto das canções proibidas. Em mais um ensaio, ficaram registados mais alguns interessantes momentos desta banda. O que salta à vista é a musicalidade e engenho do Jony, que consegue ser ao mesmo tempo o solista e o baixo do grupo. McCartney, põe as vistinhas neste jovem e roi-te de inveja! Depois podem reparar também que a minha vocação para cameraman tem os dias contados. E como alguns já sabem que não consigo ganhar para uma máquina de jeito, que capte um som decente, vou ajudar à audição, oferecendo-vos a letra, excelentemente vociferada pelo Jony.


Fiquem com a Balada da Aleijadinha. (parte dela, claro... não da aleijadinha, mas sim da música)


Veio de muito longe
De uma aldeia lá de cima
Foi prós têxteis trabalhar
Era Deolinda, uma menina.

Num dia muito triste
Malhas que o Diabo teceu
Sobre a infeliz mocinha
Uma desgraça se abateu

O peso de um fardo de roupa
Nas frágeis costas trazia
Quando caiu nas escadas
E fracturou a coluna e a bacia.

(Isto continua... e não melhora! O resto ficará para um dos próximos concertos)


07 novembro 2006

Questões de estética

Aqui fica mais um capítulo das questões que se me colocam no dia-a-dia. Esta apareceu numa sexta solarenga, logo pela manhã. Antes de uma aula de composição, fui ao café onde habitualmente tomo a dose para as duas primeiras horas. Já lá me encontrava refastelado, quando entram uns alunos e perguntam-me o que achava sobre a parede pintada. Eu nada tinha visto. Eles lá a descreveram e começou ali uma discussão estética que se prolongou sala dentro e que naturalmente resvalou para questões musicais. À saída tive oportunidade de mirar a declaração e registá-la para a posteridade. E foi engraçado ver que conceitos como piroso, coragem, paixão, romântico, foleiro, e outros tão díspares se aproximam quando o assunto é uma declaração. Mas fui perseverante e depois da aula perguntei às minhas colegas o que achavam daquilo ali. Depois colocava noutros termos: e se fosse para ti? A verdade é que também aqui as opiniões mudam. De colega para colega. De situação para situação. Se o Pessoa já falava que todas as cartas de amor são ridículas, a verdade é que todos os muros só o são se não são escritos por e para nós. A esta conclusão cheguei depois auscultadas todas as opiniões, sobretudo as femininas, e de cantar o irmão Monge no Mudo Tudo do nosso Mulheres. Aqui fica um excerto desse poema: Por ti mudo o meu futuro/ meu nome, minha rubrica/ deixo de ser do Benfica/ mudo para verde escuro/ como só de garfo e faca/ até viro a casaca/ e escrevo tudo num muro

06 novembro 2006

Errata

Pelos vistos, errei na hora do tão aguardado concerto. Look at the bright side: em vez de se deslocarem depois do jantar propositadamente para assistir ao circo, mais vale irem antes do jantar e ainda pode ser que as senhas do sr. Fnac cheguem para todos (senhas essas que podem ser gastas em sumos e quiches). Se não chegarem, podem sempre pagar o jantar aos meninos, em troca de alguns bocejos musicais. O importante é mesmo aparecerem por lá e comprar o cd. Dia 14 de Novembro, às 19:00.

05 novembro 2006

Partidas inocentes

Sou um rapaz de bom carácter, um pouco tímido até, regido pelos melhores valores morais e com uma consciência cívica e ética bem acima da mediania. Quis porém o destino, esse erróneo zombeteiro, que me juntasse a um bando de desordeiros, sem educação e capazes das maiores bizarrias sem olharem ao prejuízo do próximo.
É esta nefasta influência que quantas vezes molda a minha conduta. Fora deste antro de víboras, sou exemplo notável para qualquer filho da burguesia. Bem dizia a minha mãe para me afastar das más companhias.
Tudo isto para, se possível, justificar o meu comportamento numa noite de fim de Abril, faz já nove anos.
Estávamos nas gravações finais do Mappa do Coração. Lá dentro estava o Tomi a cantar e nós observando-o do lado de fora do aquário. Nessa altura a moda era o beep que substituía o telemóvel com vantagem, para quem não queria gastar muito dinheiro. Nas Vozes beepava-se sem pudor e o telemóvel ficava só para o Vilhas e para mim. Que raio de ideia me havia de passsar pela cabeça naquela altura? Mandar um beep para o Tomi, é claro. Só que não podia ser uma mensagem qualquer. Teria que ser algo que o desassossegasse verdadeiramente. E nada melhor do que uma mensagem alarmista para um individuo que estava para ser pai pela primeira vez por esses dias. Olho para ele do outro lado do vidro, pego no telemóvel e mando a seguinte mensagem: “A Sofia já está cá fora. Vem para casa. Beijinhos” e assinei com o nome da mulher do meu colega. Depois ficámos todos a observar do lado de fora. O acto do nosso amigo sacar do bolso o aparelho, ler a mensagem e a saída em presto cá para fora. Depois aproximou-se e muito titubeante pediu-me o telemóvel. Enquanto isso nós, com a cara mais inocente, íamos acompanhando cada gesto seu. A verdade é que ele estava tão desnorteado que não conseguiu marcar o número de casa. Nessa altura eu, cão, perguntei-lhe o que se passava e ele não foi capaz de dizer muito: apontava para o beep e pediu-me para lhe ligar para casa que não estava a conseguir. E tremia muito. Aí não me contive. Desatei a rir, seguido pelos outros, e o Tomi readquiriu a cor normal. Percebeu logo que tinham sido os seus queridos colegas, em mais uma brincadeirazinha inocente.
Tomi, não que adiante muito nesta altura, mas mais uma vez desculpa. Por esta e por todas as outras… ainda assim não prometo que tenham acabado.

Instalação para pessoa e tripés. "O menino que não se tinha de pé". António Miguel, Abril de 97. Estúdios Rangel.

XX FITU

Antes que um dos meus colegas me começasse a citar, por falta de posts meus, aqui estou eu a escrever algo mais.

Nos dias 20 e 21 de Outubro, decorreu no Coliseu do Porto o XX FITU (Festival Internacional de Tunas Universitárias). Eu lá estive, e com muito gosto, a convite do Orfeão Universitário do Porto a assistir e no fim a avaliar a participação das tunas a concurso. Não vou aqui fazer uma descrição aturada das noites. Sublinho apenas o saudável espírito académico do público e das tunas participantes. Apesar de este ano, no que diz respeito às tunas a concurso, o nível musical ter sido mais pobre do que em anos anteriores, conseguiram fazer um bom espectáculo académico. De salientar, a prenda oferecida aos espectadores de uma pequena orquestra a acompanhar a tuna universitária, a participação da tuna dos antigos orfeonistas e claro, os grandes Jograis.
Bem hajam todos os presentes e em particular o Orfeão Universitário do Porto (saliento claro o meu amigo Gustavo Nascimento e o digníssimo maestro António Sérgio, bem como todos os outros colegas de Júri). Parabéns!

País de Navegar

Nada faz mais sentido estar aqui no nosso blog, do que esta música que foi feita por alturas da inauguração oficial do Museu da Alfândega, Museu dos Transportes e Comunicações do Porto.
Em finais de 2000 fomos convidados a realizar um concerto todo pensado à volta do título do Museu. Fizemos textos, músicas, pensámos em cenários, criámos um guião. Depois achámos que seria interessante faze-lo com uma instrumentação pouco usual: flauta, clarinete, violoncelo, acordeão e percussões além é claro das cinco vozes.
Este tema, que originalmente se chamava “país de navegar” mas que acabou por ser registado com o nome “voo no dorso do meu rato”, é dedicado à Internet. Por isso mesmo é a mais pop das músicas deste espectáculo, que no início de 2002 teve edição discográfica.
Foi para mim um misto incrível de sensações reencontrar esta gravação. Por um lado achava que a única cópia que havia deste concerto de inauguração tinha desaparecido aquando do roubo do carro do miúdo. E foi uma enorme surpresa quando vi na caixa escrito “alfândega”. Por outro foi recordar toda a montagem deste espectáculo com os músicos: o Quim, o Moreira Jorge, o João Costa, o Nuno Silva e o Manoel Santiestebán. Mas acima de tudo, lembrar-me do nosso amigo e técnico de som que fez esta gravação e que uns meses mais tarde, depois do nosso concerto de Ovar (impossível esquecê-lo), trocou-nos por um coro celestial de anjos bem mais afinados e disciplinados do que nós. Não tenho dúvidas que um dia também lá vamos cantar. Enquanto isso não acontece, vamo-nos relembrando desses tempos. Mas às vezes, dá um raio de um nó…

04 novembro 2006

Mulheres

Como já sabem os que por aqui passam, o nosso último trabalho chama-se Mulheres. Tudo começou com o João Monge e com os seus textos (deveria chamá-los poemas, porque o são de facto) e seguiu depois aqui em cima com a música, os arranjos e finalmente o disco. O privilégio que o Monge nos deu para cantarmos estas mulheres, serve de mote para hoje falar das mulheres que nos acompanham e do igual privilégio que é tê-las no meio de nós (aqui sinto por parte dos meus colegas e dos fieis leitores o medo de que descambe para a baixaria, mas garanto-vos que me aguento…).
Assim, tal como a perfeição divina, temos 3 mulheres que habitualmente trabalham connosco. A nossa Santíssima Trindade é composta pela competentíssima Cristina (é vê-la aqui no jantar de Natal da empresa, onde a obrigámos a comer num restaurante nepalês e a fumar um cubano), que é a nossa sócia, que trata da nossa vidinha de papéis, de contactos, de contratos e que nos atura as manias de artista, a profissionalissima Inês (que aqui aparece ao lado do Lobo Mau, em plena marginal de Ponta Delgada) que é nossa técnica de som, que se preocupa muito connosco (apesar de às vezes se referir a mim como o porco do Prendas, sei que é por carinho) e que igualmente atura as nossas manias de artista e a habilitadíssima Diana (em plena tertúlia de fim de jantar) que é uma excelente fotógrafa, que tem as melhores fotos do quinteto e que tem-nos aturado... manias de artista. Com elas, tudo parece mais fácil. Com elas, até somos mais civilizados. Por isso e por tudo mais, obrigado por estarem connosco. Fiquem por cá, que vale a pena! Já agora, não são todas lindas?

Logotipo

As Vozes da Rádio têm o prazer de apresentar em primeira mão o seu logotipo. Aqui fica a arte de Miguel Marafuz

03 novembro 2006

Questões de linguagem

A extraordinária prosa do meu colega Jony sobre a cromação fez-me recordar uma série de desvios linguísticos que vou coleccionando de memória e que me deliciam, introduzindo estes neologismos, quantas vezes, no meu dia-a-dia.
Era pequeno, talvez 8, 9 anos, e estava com a minha mãe numa loja, quando ouvi uma senhora a dizer que tinha apanhado um bilros. Um bilros muito forte. Troco olhares com a minha mãe e mordi-me todo para não me rir. Ainda hoje no seio familiar, quando estou meio gripado, refiro-me ao bilros. Sim, porque não há Inverno em que o bilros não se aloje em mim. Outra recordação de infância passa por uma conversa didáctica com um jardineiro camarário. Eu, na melhor tradição clássica, gostava de coleccionar saberes e dessa vez tentava perceber quantas vezes se devia regar uma planta. Ele então explicou-me que há plantas mais sedentárias que outras. E as sedentárias precisam de muita água. Já os cactos não (serão nómadas? pergunto-vos eu).
Anos mais tarde, já adulto, confrontei-me com expressões dramáticas como “fazer um taco à queluna”, “ter um filho suficiente”, ou um irmão “toxodepente”. Há ainda o caso do outro irmão que morreu de “rebordosa”. Depois há quem sofra das engivas ou quem tenha problemas no diódeno. Quem gumite o almoço por má dingestão (mistura simpática de digestão com congestão). E há ainda quem sofra das hemorródias (sofrimento diário, como se infere da palavra). A medicina fornece um manancial de novas expressões que não se encerram por aqui. Noutra vertente, uma das mais deliciosas que ouvi foi no autocarro onde uma senhora pergunta à vizinha se “o baso que pus à entrada do prédio estroba?” “Não estroba nada” respondeu a outra. Qual estrobar, qual quê!
Uma amiga psicóloga sabendo deste meu fascínio linguístico passou-me duas expressões geniais. Uma delas foi uma mãe que lhe pediu para abrir as cédulas da filha (gesticulando à volta da cabeça) porque a menina tinha dificuldades de aprendizagem. Já uma outra estava com problemas porque tinha tido um esgoto cerebral.
Nisto também há clássicos nacionais. O há-des ver, por exemplo. E a conjugação da segunda pessoa singular. O fostes, o tivestes, o entrastes e o saístes entre tantos outros.
Para terminar repito a última, arquivada há uma semana. Andava eu de carrinho na rua com um dos herdeiros, quando ele desata a chorar. O motivo é o de sempre. Viu alguém a comer. Não fosse meu filho e parecido comigo, diria que é um aspirador. Perante o choro da fome, aproxima-se uma anciã que pergunta “o que é meu menino?”. Eu lá esclareço a senhora e ela diz-me: “tenho um netinho tal e qual! Sabe o que são meu senhor? Uns alarmes, uns alarmes!!”. E alarmado fiquei, para o resto da vida…

Quando morrer quero ser...

Quando morrer quero ser "cromado".
Na passada quarta-feira, lembrei-me desta frase, em tempos dita por um senhor desconhecido, que ia à minha frente na rua, enquanto falava com outro senhor. Cremado quereria ele dizer, mas o "cromado" ficou-me na cabeça, e de tempos a tempos lembro-me disso.
Dia 1 também conhecido por dia dos mortos, levou-me a pensar na morte, e lá veio o cromado. Vendo bem, podemos ser enterrados, cremados, empalhados, mumificados, congelados, queimados, e por que não cromados?
Em tempos discuti a questão com um amigo que tinha ideia de entrar no negócio das funerárias. O homem já tinha contactos, ia mandar vir os caixões do Brasil, dizia que ia ganhar muito dinheiro. Penso que entretanto desistiu, mas na altura sugeri-lhe que que uma das valências da funerária fosse a cromação. Ele achou que eu estava a gozar, mas a ideia não é descabida. Iria revitalizar uma indústria em decadência, a dos cromados. Hoje em dia é díficil ver-se um cromado, os automóveis já não têm pára-choques cromados, as bicicletas já não têm o guiador cromado. O cadáver cromado pode ser arrumado em casa, na sala, no quarto para pôr a roupa em cima, na varanda ou jardim com uma bela erva trepadeira a enfeitar. Conserva-se melhor que um cadáver empalhado pois é muito mais fácil de limpar o pó. Estando bem limpinho serve de espelho. Não havendo mais espaço em casa para pôr corpos cromados, uma pessoa pode ir até um ponto verde, e depositar o corpo na secção de "monstros metálicos", e assim reciclar a avó ou o padrinho. Fica mais em conta que um funeral tradicinal com caixões e campas.
Estou certo que se pensarmos bem, iremos encontrar ainda mais vantagens, e por enquanto ainda não vi nenhuma desvantagem.
Quando morrer quero ser cromado.

02 novembro 2006

Concerto Fnac Gaiashopping

O sr. Fnac gosta muito de nós. Por isso, pontualmente, lá nos convida para animar as suas lojas. No aniversário, que se aproxima, da sua loja do Gaiashopping, faz todo o gosto que os meninos compareçam, tal como outras bandas. Por isso já sabem, contamos com a vossa presença. Apontem nas vossas agendas, palms, telemóveis e afins: Dia14 de Novembro pelas 19:00, loja Fnac do Gaiashopping.

Questões de segurança

As questões de segurança são importantíssimas neste país. Tudo discute, tudo se exalta pela falta de segurança com que vivemos. Já ouvi falar em fenómenos de sul-americanização, de favelação e até de arrastão. Eu próprio já senti o frio gostoso do fio da navalha no pescoço, não para me fazerem a barba, mas para dar algum dinheiro para tabaco. Eram quatro e meia da tarde e estava no Marquês, bem perto do centro.
O problema é quando o polícia acerta! Aí já não é a insegurança que preocupa, é a pontaria e a formação do senhor agente. Há umas semanas um senhor guarda, aqui do Norte, durante uma perseguição de carro, atirou quatro vezes. Conseguiu acertar duas! Tudo lhe caiu em cima e descobriu-se que afinal o homem não tinha tido formação adequada. Digo eu, pois não, nem precisa. Este tipo devia ser o formador! Um indivíduo que de carro, a alta velocidade dá quatro tiros e acerta dois devia ter direito a reconhecimento público, participação nas próximas olimpíadas na classe de fosso olímpico, medalha no 10 de Junho e nome de rua na terra natal.
O problema é o outro lado. O alvejado. É pena, de facto, até porque o alvejado antes de o ser era assaltante, criminoso, prevaricador. Depois de o ser passa a ser jovem (tem de ser pronunciado devagar)! Pelo menos em todos os noticiários da TVI e alguns da SIC assim o chamam. Depois, e com honras sempre de abertura, ficámos a conhecer toda a vida do jovem, a sua família, a namorada e até que o carro que levava era roubado, mas que nem era normal faze-lo. Ficamos todos com pena do jovem e a família fica com mais tempo de antena que os 15 minutos do Warhol. Ao fim e ao cabo a culpa é da polícia que nem devia andar armada!
Por isso, conduzia eu sossegado por uma rua de Matosinhos, quando vi este revolucionário método de segurança: “Senhores ladrões. Aqui não há máquinas. Levamos para casa” e um enorme ponto de interrogação. Até voltei para trás para tirar a foto e partilhar isto com a blogosfera.
Banqueiros, industriais, ourives, vede este exemplo e segui-o. Levai sempre tudo para casa!

01 novembro 2006

Rimbaud da savana

Hoje dia de todos os Santos, o nosso Santo em Pau-Preto (evitei assim o facilitismo brejeiro do Preto de Pau-Santo) cumpre mais uma Primavera. Andava eu aqui a pensar como surpreende-lo, quando me lembrei de uma conversa que tivemos há anos sobre Rimbaud (sim, à vezes também falámos destas coisas). O Vilhas na sua ironia mais que normal dizia: “esse exemplo de moral e bons costumes. Olha é um tipo que nunca bebeu, nem levou uma vida da noite. Não, um exemplo de Cristão…” e lá foi seguindo, juntando como é seu hábito, o soez que tanto o caracteriza. Depois eu provoquei-o (como é costume) chamando-o de Rimbaud da savana, bebendo de cubata em cubata, aos pontapés aos salalés e tropeçando nas morenas quer lhe apareciam à frente, lá no fundo do quintal da casa de Luanda, que ele tão bem já nos descreveu. O Vilhas ria-se e claro, acrescentava interjeições que lhe são tão caras e que neste blog já se ouviram. Por isso aqui vai este soneto do homem das virtudes, pedindo desde já desculpas ao Jony por lhe estar a tirar o lugar de João Villaret deste blog.
L'IDOLE
SONNET DU TROU DU CUL

Obscur et froncé comme un oeillet violet
Il respire, humblement tapi parmi la mousse
Humide encor d'amour qui suit la fuite douce
Des Fesses blanches jusqu'au coeur de son ourlet.

Des filaments pareils à des larmes de lait
Ont pleuré sous le vent cruel qui les repousse,
A travers de petits caillots de marne rousse
Pour s'aller perdre où la pente les appelait.

Mon Rêve s'aboucha souvent à sa ventouse ;
Mon âme, du coït matériel jalouse,
En fit son larmier fauve et son nid de sanglots.

C'est l'olive pâmée, et la flûte câline,
C'est le tube où descend la céleste praline :
Chanaan féminin dans les moiteurs enclos

Parabéns, Vilhas

Hoje é dia de festa, cantam as nossas almas, para o menino Vilhas, uma salva de palmas.


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