02 novembro 2006

Questões de segurança

As questões de segurança são importantíssimas neste país. Tudo discute, tudo se exalta pela falta de segurança com que vivemos. Já ouvi falar em fenómenos de sul-americanização, de favelação e até de arrastão. Eu próprio já senti o frio gostoso do fio da navalha no pescoço, não para me fazerem a barba, mas para dar algum dinheiro para tabaco. Eram quatro e meia da tarde e estava no Marquês, bem perto do centro.
O problema é quando o polícia acerta! Aí já não é a insegurança que preocupa, é a pontaria e a formação do senhor agente. Há umas semanas um senhor guarda, aqui do Norte, durante uma perseguição de carro, atirou quatro vezes. Conseguiu acertar duas! Tudo lhe caiu em cima e descobriu-se que afinal o homem não tinha tido formação adequada. Digo eu, pois não, nem precisa. Este tipo devia ser o formador! Um indivíduo que de carro, a alta velocidade dá quatro tiros e acerta dois devia ter direito a reconhecimento público, participação nas próximas olimpíadas na classe de fosso olímpico, medalha no 10 de Junho e nome de rua na terra natal.
O problema é o outro lado. O alvejado. É pena, de facto, até porque o alvejado antes de o ser era assaltante, criminoso, prevaricador. Depois de o ser passa a ser jovem (tem de ser pronunciado devagar)! Pelo menos em todos os noticiários da TVI e alguns da SIC assim o chamam. Depois, e com honras sempre de abertura, ficámos a conhecer toda a vida do jovem, a sua família, a namorada e até que o carro que levava era roubado, mas que nem era normal faze-lo. Ficamos todos com pena do jovem e a família fica com mais tempo de antena que os 15 minutos do Warhol. Ao fim e ao cabo a culpa é da polícia que nem devia andar armada!
Por isso, conduzia eu sossegado por uma rua de Matosinhos, quando vi este revolucionário método de segurança: “Senhores ladrões. Aqui não há máquinas. Levamos para casa” e um enorme ponto de interrogação. Até voltei para trás para tirar a foto e partilhar isto com a blogosfera.
Banqueiros, industriais, ourives, vede este exemplo e segui-o. Levai sempre tudo para casa!

4 comentários:

marta cs disse...

Se eu tivesse tindo conhecimento deste método inovador há uns meses atrás, tinha poupado umas quantas idas à esquadra da polícia por não saber do meu Fiat Uno. Escrevia no capot:

"Não percebo porque insistem em levá-lo. O carro nem sempre pega, o depósito de gasolina está sempre na reserva, só abre a porta do condutor, nenhum dos vidros desce e anda aos solavancos. Não dá mais de 120 Km/h, sob pena de se desmontar em andamento."

Obrigada pela visita! E sai um link para as Vozes da Rádio no Fuck Them All! Humor giro!

Aldina Duarte disse...

Eu prefiro morrer a matar e não é por nenhuma crença religiosa, seguramente, nem por falta de amor próprio... tem aver com a minha liberdade mais profunda!

Até sempre!

Jorge Guimarães Silva disse...

É o país que temos. E nem sei se alguma vez teremos melhor.

tsiwari disse...

poderá parecer politicamente pouco correcto (ou até mesmo sê-lo) mas tb a mim me irrita profundadmente que os fdp dos assaltantes passem a JOOOOO-VEEEENS se forem alvejados.
O que esperavam? Ramos de flores a agradecer o assalto? Vales da Fnac por terem uma vida miserável a mais a sua família toda e os vizinhos?

Haja decoro!