Não era sobre isto que tinha pensado escrever, no entanto o Tomi com o seu escrito de segunda-feira, desempoeirou as memórias do programa "Dia dos Senhores" que durante dez meses esteve no ar, na Rádio Nova. Hoje, quase dez anos depois olho e ouço para trás e fico com a imodesta sensação que o raio do programa era mesmo bom! Os poucos que ainda hoje nos falam sobre o "Dia dos Senhores" referem-se a um marco no humor radiofónico. Eu, que também vi o Marco, a Heidi e a Abelha Maia, sinto o mesmo. E sinto saudades das noites passadas nos estúdios da Nova, à volta da máquina do café e do chocolate quente, dos textos martelados ali em cima do joelho, do verde da quinta do Senhor Engenheiro, dos mixs à volta dos soundbytes que os cromos do país vomitavam na altura, das audições ainda na cama ao domingo de manhã, dos teasers que o Álvaro Costa passava nas manhãs da Nova, dos anúncios que saíam no Público, dos streamings que levavam gentes de outras paragens a ouvirem-nos (e que orgulho senti quando um dia, um senhor telefonou-me e a meio da conversa confessou ter sido ouvinte regular do programa em streaming. Esse senhor, começou a ligação assim: Olá Jorge Prendas, daqui fala Ricardo Araújo Pereira, não sei se me conheces... sou de um grupo chamado Gato Fedorento... sou o mais parvo. A isto respondi: eu também sou o mais parvo do meu grupo), da crítica moral e ética que a mãe fazia quando não gostava de certas coisas que ouvia, dos teatrinhos radiofónicos, dos arranjos feitos on the spot, das emissões gravadas ao vivo no Bflat... enfim, de tantas aventuras que dez meses de um programa semanal de 2 horas proporcionam.
Muito desse material repousa em discos duros, cd's e outro material de arquivo. reparei que além do vídeo que o Tomi pôs, há um outro desses tempos: o meu pé, um tema pungente, aqui numa versão diferente daquela que se encontra no cd "Pérolas e Porcos".
Aqui fica o pé, numa altura em que ninguém pode pôr o pé em ramo verde, ou em que todos nos preparamos para sobreviver ao pé-coxinho. E antes que comece tudo ao pontapé, deixa-me ir embora, desligar as luzes e tirar a carne picada do descongelador para amanhã fazer rissóis aqui para o tasco.
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