26 maio 2008

E cá está finalmente... o hino!

Estava a ficar difícil apanhar o hino do Capitão Moura no tubo! Mas hoje alguma alma caridosa resolveu disponibiliza-lo (não sei se foi hoje... foi hoje que eu o encontrei).
Algumas explicações ao que se vê, ouve e lê: o troféu do Prémio Capitão Moura é um presunto. Daí a inclusão do fumado na letra. A rima parece forçada, mas funciona. O texto que corre no rodapé, qual Karaoke, tem dois erros graves. O primeiro de Português. Onde se lê "sobre a forma de presunto" dever-se-ia ler "sob a forma de presunto". A RTP já foi notificada sobre isto e irá proceder à substituição. Também Engenheiro deveria aparecer entre aspas "Engenheiro", pois trata-se de uma alusão a quem abusivamente usa o título.
Do ar Soviético e Estalinista, apenas posso referir que se trata da mais justa homenagem àquele que construiu o bunker do Saddam. Ora como o proprietário da cave já não pode medalhar o nosso Capitão, cá estamos nós, envoltos pelo espírito de Outubro, a presentear o português que fez história no Iraque. Seria preferível e mais indicado um hino de sabor islâmico, mas o medo da intifada levou-nos ao musculado tom vermelho. Até porque isto de sanguinários vai tudo dar ao mesmo...

Marcar o ponto

É só isso que me traz por cá. Picar o ponto! É dizer que passei no tasco que nem todos estamos bem de saúde (o Jony avançou hoje para a segunda toma de penincilina em menos de uma semana! Da-lhe aí bravo! Estamos contigo) e que para a semana vamos estar num auditório com um nome no mínimo curioso, A Lord. Também posso dizer que no Dia Mundial da Criança estaremos com a cara, o corpo e a voz na SIC. Enquanto tudo isto se passa, comovemos o Capitão Moura, com o nosso hino!
Boa semana... e fica aqui uma foto da gravação do vídeo "Ponte ao meu lado". Parecem os Bee Gees, ou algo ainda pior!

25 maio 2008

Porque é que o Tomi não aparece?

A pergunta começou logo na sexta-feira da semana passada: porque é que o Tomi não aparece a cantar o Capitão Moura? Eu, e os outros também, com certeza, lá fomos contando toda a história desse domingo 11 de Maio em que pisámos vitoriosos o pelado do Averomarense (julgo que este é o nome da agremiação local).
Para o esclarecimento geral aqui fica a história. O Tomi, fazendo jus à sua habitual postura, chegou atrasado. Não os míseros 20 ou 30 minutos do costume, mas mais de uma hora e meia. A verdade é que já todos previamos o atraso, em virtude de um compromisso que ele tinha nesse dia. Mas a verdade também é que já não havia mais margem para se esperar, logo avançaram as filimagens. Plano para aqui, plano para ali, vento por todos os lados e rodou-se tudo sem Tomi. Eis senão quando, aparece resplandecente, pelado fora, o quinto elemento. Vai a correr para o balneário do visitado e depois de muito procurar na caixa das fardas que a produção arranjou, não encontrou as calças do camuflado. A ideia era ainda fazermos uns takes com ele para depois inserirem na montagem imagens dele.
Como não encontrou calças, apresentou-se em campo da forma que podem ver nesta imagem:No seu melhor e asseado boxer (porque raio estas cuecas têm nome de raça de cão?), com divisas de capitão e perante o olhar do Sérgio Sousa, o Tomi entrou em campo e ainda gravou o fim do hino do Capitão Moura, com uma evocação que fazemos a todos os ranchos folclóricos minhotos. Quem viu o video todo não percebeu o porquê da sua ausencia, nem muito menos o aparecimento no fim. Como vêm tudo tem uma explicação. É só esperar por ela.

21 maio 2008

Como se fixo

Como se fixo é o mesmo que dizer como se fez, ou no melhor português, making of.
O nosso vídeo do "Ponte ao meu lado" foi rodado no Porto e em Manhufe (Galiza), havendo a curiosidade do Vilhas e da Guadi nunca se terem cruzado!
Uma noite de ensaio gravámos as nossas vozes cá no Porto. Nesse fim-de-semana fomos à Casa de Tolos gravar a Guadi e os meninos galegos. Nessa manhã o Miúdo tinha gravado os mais miúdos portugueses na Valentim de Carvalho. Estávamos a 10 de Maio e passámos umas horas fabulosas na Casa de Tolos e depois com o Santi num bar... antes do duro regresso.
Segunda 12, telefonou-me o Santi a perguntar se nessa noite íamos ensaiar. Ao meu sim, disse ele que então viriam a sul para fazer o vídeo-clip. Na quarta seguinte a Guadi saiu de Santiago para vir ao Ikea e na passagem por Manhufe gravou as cenas para o vídeo. Quinta-feira estava pronto e sábado a ser transmitido nas televisões galegas.
Nada seria possível se este não fosse o século XXI. Da mesma forma nada seria possível se não houvesse profissionalismo, rapidez e perfeição por parte dos nossos amigos galegos (o Santi, o Segundo e o Miguel, e todo o pessoal da Casa de Tolos).
O resultado final já está colocado aqui abaixo. Hoje ficam com o "como se fixo" e com imagens da tarde em Manhufe e da noite no Porto.

18 maio 2008

Justo, honesto, coerente e imparcial

A ligação das Vozes da Rádio ao programa "Liga dos últimos" vem praticamente desde o início, ainda o programa se chamava "N Amadores" e o canal tinha o nome de NTV. Já o expliquei algures aí para baixo e como tal, não vou repetir-me de forma voluntária.
Também a ligação das Vozes ao Sérgio Sousa vem dos tempos da Rádio Nova, onde partilhámos microfones e programa durante 10 meses, no ano da graça de Nosso Senhor de 2002. Do "Dia dos Senhores" já aqui se falou tanta vez, que não vale a pena explicar tudo de novo.
Por tudo isto, foi natural a escolha que o programa fez, ao convidar-nos para darmos forma e voz ao hino do prémio Capitão Moura.
O Capitão Moura, o Emplastro e tantas outras figuras, fazem parte da galeria de personagens que fazem única esta cidade. Quem viu o "Nem guerra, nem paz" do Woody Allen percebe que cada cidade tem de ter um símbolo destes. O Porto, como cidade rica, tem vários, que dão cor e alegria aos nossos dias. São parte da cidade e parte do país.
Isto tudo porque há sempre um embolorados, cinzentos e enfadonhos estudiosos que tomam o tamanho do jardim da sua casa e o seu umbigo para referência das suas crónicas. Só a sua limitação de espírito e elitismo bacoco os fazem vociferar contra a Liga e contra os Capitães deste país.
Por isso ponho aqui esta verdadeira crónica social do nosso país. E deixar de fora este lado folclórico, é esquecer e negar a realidade.
Enquanto não está o video do hino na net, senhoras e senhores, O Capitão Moura, por ele mesmo!

16 maio 2008

Letras Galegas

Ainda há minutos vestimos a pele de Capitães Moura no programa Liga dos Últimos e já nos apressamos para outro lado da nossa intervenção cívico-sócio-musical. Amanhã, dia 17, é o dia das Letras Galegas e nós estaremos nas televisões do outro lado da ponte para a estreia do nosso tema, feito especialmente para o Ponte... nas ondas.
Sobre todo este movimento, deixo-vos um texto em galego, que facilmente perceberão:

Na celebración das Letras Galegas, o cerne do noso patrimonio inmaterial, a lingua, érguese como a bandeira do achegamento e da convivencia. Unha lingua compartida na que galegos e portugueses vivimos o noso día día. Nela creamos os nosos mellores tesouros intanxíbeis. Nela soñamos o mundo e nela aprendemos a amar, a falar. A lingua que nos xunta e nos achega a unha grande comunidade de falantes espallados por todo mundo. Este patrimonio, sustentado na lingua, debe ter o máximo recoñecemento internacional. Reclamamos que os poderes políticos inscriban o patrimonio inmaterial galego-portugués na Lista Representativa do Patromonio Inmaterial da Humanidade, tal como foi recomendado pola propia Unesco.

Para mover as remansadas augas do río das iniciativas culturais transfronteirizas Ponte...nas ondas ! e os estudios Casa de Tolos presentan unha nova proba da creatividade e a colaboración galego-portuguesa. Nenos e nenas de Galiza e Portugal xuntan as súas voces ás de Guadi Galego e Vozes da Rádio para reivindicar o noso patrimonio común: o patrimonio inmaterial galego-portugués.
Unha composición de Vozes da Rádio coa colaboración de Guadi Galego para a XIV edición de Ponte...nas ondas!

Por isso... ponte do nosso lado!

15 maio 2008

A ver na sexta

Como o dia se aproxima, e amanhã há encontro de Vozes, alerto todos aqueles que passam por cá, que na sexta-feira iremos para o ar (não literalmente, espero) depois do telejornal no canal 1.
Se fosse há uns anos atrás, os senhores desse lado estariam a perguntar: "Que raio vão fazer ao boletim metereológico? Já não chega o Anthímio de Azevedo?". Nos dias de hoje o boletim já não existe. A SIC matou esse momento mágico de cultura geográfica, a partir do momento que o resolveu embelezar com meninas boas... foi a morte do Anthímio e de tantos outros que de vara em riste nos falavam sobre os sistemas frontais e o anti-ciclone dos Açores. Bons tempos...
Hoje, ou na sexta-feira, para ser mais preciso, o que a rtp oferece depois do telejornal é a... Liga dos Últimos! O programa do povo e para o povo, que ainda recentemente foi considerado o 8º melhor de sempre numa votação cibernáutica.
Nos anos da NTV o programa chamou-se N Amadores. Nessa altura (Natal de 2002) fizemos o hino e ao mesmo tempo genérico do programa. Depois, já na RTPN o programa ficou só como Amadores e nós, lá cantávamos em todas as aberturas e fechos do programa.
Desta vez o desafio foi maior... a música e a letra a serem estreadas na sexta dizem tudo. para já ficam mais fotos das gravações de domingo, no pelado de Aver-o-Mar.
Divirtam-se, que nós divertimo-nos muito!

13 maio 2008

...e ontem mais filmagens...

Ontem recebemos a visita de três amigos galegos, O Santi, o Segundo e o Miguel para nos filmarem em acção. O tema "Ponte do meu lado", que fizemos especialmente para o Ponte... nas ondas deste ano e que culmina com um espectáculo em Vigo dia 6 de Junho, agradou aos nossos irmãos e eles estão neste momento a produzir um vídeo para ser estreado mundialmente no próximo sábado, dia 17, dia das letras galegas.
Já aqui coloquei uma foto tirada no sábado no estúdio Casa de Tolos. Pois nunca um nome de estúdio esteve tão apropriado a este grupo. Talvez por isso nos sentimos particularmente bem num espaço fantástico, com umas condições fabulosas e perdido na calma da Galiza. Dar com o estúdio só mesmo para tolos, ou para um gps! Depois é o conforto de uma casa de campo, com uma sala ampla e acolhedora a que se junta o profissionalismo do Segundo. Tudo do melhor!
Da sessão de imagens de ontem ainda não há retratos, mas desse sábado na Galiza aqui fica mais uma imagem singular. Para verem mais vão ao nosso hi5. Os tolinhos estão por lá...

11 maio 2008

Trabalhinho

Este foi mais um fim-de-semana intenso, com viagens pelo meio, gravações audio e vídeo. Aos poucos iremos revelando por cá o que fizemos nestes dois dias. Para começar ficam estes retratos e explicações sucintas: o pequeno coloca-nos como operacionais de um exército supostamente afinado. Para quê? Sexta-feira depois do telejornal do Canal 1, o mundo saberá o que andámos esta manhã a fazer por a Ver-o-Mar (coloca-se aqui um problema gráfico: há também a versão Aver-o-Mar, quem quiser escolha a que mais lhe aprouver), com câmaras, bandeiras e muito vento. Mais pormenores brevemente.
Em baixo, uma fotografia mais decente com os quatro caucasianos das Vozes, juntamente com Guadi Galego (cantora e gaiteira) e sete crianças galegas (Andrea, Marta, Laura, Paula, Aaron, Pedro e Ricardo). Depois de na semana passada termos gravado cá no Porto o nosso novo tema "Ponte do meu lado", foi altura de o colorir com vozes, sotaques e gaitas galegas. Modéstia à parte ficou muito bem e a estreia mundial prevê-se para 17 de Maio, sábado, em toda a Galiza, como forma de celebrar o dia das letras galegas, facto que muito nos honra. Se houver tempo o vídeo feito durante as gravações de ontem, irá para o ar na TVG (Televisão da Galiza), nesse mesmo dia.
Se, por observação cuidada das imagens, acharem que nos livramos do Vilhas, saibam que estão enganados. A sua ausência ontem em estúdio estava bem acautelada, pois já tínhamos os seus graves em fita. Hoje esteve nas filmagens, mas na altura do duche, estava já vestido à civil... é que para o Vilhas não há nada mais sagrado do que a hora da refeição. E se o querem ver a correr é só colocar os ponteiros depois das 13h... e ele estar de barriga vazia.

09 maio 2008

Tunas

Aqui em baixo, nos comentários perguntaram-me se tinha estado no Fita esta última quarta-feira, na missão de júri. Sim, fui eu que estive lá, como tenho estado não sei desde quando... talvez 97, 98.
Enquanto estudante nunca me envolvi muito na vida universitária. Na minha primeira vida, aqui no Porto, estudei Informática enquanto me dedicava à música. na segunda, em Aveiro, estudei Composição, enquanto dava aulas aqui no Porto. O tempo sempre foi pouco, e em abono da verdade, a motivação também nunca foi muito grande. Curiosamente tinha bons amigos nas tunas como o Bibas, o Rocha, o Luís em Engenharia. Um dia, veio o convite para ser júri no Fita (Festival Ibérico de Tunas Académicas), e eu aceitei. Anos depois o convite da Portucalense para dar uma mão nos ensaios, e mais uma vez disse sim. Nesse período deixei de ser júri, porque achei que não seria ético. Entretanto fui conhecendo mais gente das tunas: o Lennon da Católica, o Gandhi de Engenharia. Divertiam-me os ensaios na Portucalense e modéstia à parte contribuí um pouquinho para o ano de glória dos rapazes: ganharam todos os principais festivais em 2003. A vida fez-me afastar. Não tinha tempo nenhum disponivel para a Tuna. Voltei no ano a seguir às funções de júri, que foram acumuladas com júri em festivais de tunas femininas (confessadamente melhor frequentados...).
Dos "meus" tempos de tuna há algumas imagens na net. Estas que aqui vos deixo foram-me mostradas na reunião em que me fizeram o convite, em 2000. Na casa do Mokas, lá estava o Chaves, o Mari Carmen e o Mário, no trabalho de me convencerem. Depois, nos ensaios, conheci-os a todos: o Átila, o Scotch, o Cromo, o Sabonete, o Darth, o Tom, o Tomadas... muitos.
A tuna passa é uma espécie de hino da Portucalense. Pois como tudo passa, também eu passei por lá. Que fique a tuna, e rapazes, bom trabalho!

06 maio 2008

O'Dezaseis

No início de Abril escrevi que aquele era o mês galego. A verdade é que as coisas passaram a uma velocidade estonteante e já estamos do lado de cá de Maio. Verdade também é que Maio segue com novidades galegas. Sábado subiremos ao telhado da Península, desta vez para gravar um tema nosso, “Ponte do meu lado”, que fizemos de propósito para o Ponte… nas ondas deste ano. E em Junho, dia 6 (que já não será o perigosíssimo 666 de 2006), cantaremos este e outros temas em Vigo, num concerto ao ar livre com os Luar na Lubre (Galiza) e a Socorro Lira (Brasil).
As nossas aventuras na Galiza começaram em 2003 em Santiago. A verdade é que sempre tivemos as bênçãos da Uxía Senlle, voz enorme da Galiza, com quem nos cruzámos num concerto em Coimbra, fez 10 anos este Abril e nos ajudou a abrir este caminho de Santiago… e não só. Com a Uxía temos cantado juntos variadíssimas vezes, a última das quais este Janeiro no Porriño.
Foi também com a Uxía que fomos pela primeira vez ao O’Dezaseis, do amigo Suso. Para quem nunca lá foi, pergunte por este extraordinário restaurante que fica na Rua de San Pedro, mesmo pertinho da casa da Uxía.
O Suso, que ficou admirador das Vozes, faz sempre questão que ninguém saia com fome. A verdade é que somos sempre muito bem tratados e desta vez fizemos um desvio para restabelecermos forças no restaurante do nosso amigo.
Fica aqui a sugestão para todos os peregrinos, sacros e profanos, que se dirigem para Santiago e arredores: saltem até ao Dezaseis e vão pedindo as especialidades: o polvo, os pimentos padrón, os pimentos recheados, o lacón… enfim, na dúvida peçam para falar com o Suso e digam que vão da nossa parte.
Bom apetite.

À falta de um São José de azulejo decorei esta casa portuguesa com memórias galegas. Durante o repasto houve testes de fotografia à luminosidade da sala. No final a foto oficial com Don Suso, tal como fizemos há alguns anos atrás. Além da comida e da simpatia é de realçar que esta sala é sem fumo, o que é raro, mas infinitamente mais agradável para quem come.

04 maio 2008

As mães são as mais altas coisas que os filhos criam

O dia é das mães! E dos seus filhos, que as fizeram mães. Por isso hoje as palavras ficam para quem as sabe usar. Fica Herberto Helder, e fica muito bem:

No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas senta-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
a através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.


E em especial para a minha mãe, uma música que ouço desde sempre. Talvez já no ventre. Simples como ela, e que me faz pensar que é por isso que gosto das coisas simples

Feliz dia da mãe.

03 maio 2008

Ginastas natos

Num instante passou um ano desde a nossa primeira aventura marítima. Quem tem frequentado aqui o espaço com certeza se lembra do inesquecível Cruzeiro Fitness do Holmes Place, a bordo do Princess Danae. Já muito escrevemos sobre esses dias (e noites) fantásticos e já aqui pusemos cançonetas filmadas em alto-mar.
Para a reportagem ficar completa faltava observar todo o esforço muscular das Vozes, no meio de tanta gente amante da boa forma física. Pois bem, o Miúdo é o porta estandarte, sempre activamente participante, seguido de perto por mim, porque andar com uma câmara, mesmo que pequena, representa muito esforço. Finalmente há aqueles que se esforçam a ver o esforço dos outros: o Vilhas, o Tomi e o Jony. Muito suámos nesses dias... e muito continuamos a suar no Holmes Place! Quer dizer... eu sempre que tiro outro cartão da carteira, vejo o cartão Holmes e suo ao pensar: "Já não vou lá desde o início de Novembro!".
Bom exercício!

Até corei...

Acabadinho de chegar de Viseu e ainda impregnado da cultura galega (e do cheiro de tabaco também), li o e-mail que aqui, a seguir, vos deixo:

Olá, Meninos,
tive imenso gosto de ser vossa ouvinte em Lugo(Clavicembalo). Fiquei deliciada com as vossas vozes em geral e com cada uma em particular. Sou prof. de piano em Verín e tratarei de ver se vos querem por cá (por favor: não dancem!).
Sou a pessoa que os viu entrar para o carro enquanto largavam umas carvalhadas tripeiras(perdoem a expressão).

Tanta verborreia para dizer, simplesmente, parabéns!

Que posso dizer? Que até corei! Não pelos elogios. A nossa elevada performance faz com que eles sejam habituais... mas as carvalhadas tripeiras, fizeram-me logo tentar pensar no que se teria passado naquela noite de Lugo. Pois bem, tudo tem explicação. Estávamos a arrumar a mala e o Vilhas naquele seu conhecido dinamismo e rapidez nunca mais saía do sítio. Saíram obviamente as primeiras palavras de desagrado quase todas de pendor racista. Vilhas para realçar a sua brutal desenvoltura neste tipo de actividades, resolve imprimir um ritmo estonteante que o levou a rebentar a pele do meu adufe com quase 30 anos, e que até agora nos tem servido. O coro de protestos pela perda foi enorme e julgo que foi invocada toda a família do Vilhas até à quinta geração, ou seja, aquela que ele próprio apelida de cepa negra.
Nessa altura alguém passou, mas julgando nós tratar-se de um espanhol, e não de uma galega, não vedámos a verborreia (já agora: como se chama quem fala muitas línguas? Um poliglota. Quem fala duas línguas? Bilingue. Quem só fala uma língua? Espanhol...). Enganámo-nos redondamente. Quem passou sabia bem quem nós éramos e escreveu este e-mail lindo, num português irrepreensível! Obrigado... e desculpe...