21 julho 2008

A esfregona

Este nosso tasco, vulgo blog, tem contado várias histórias de palco, de viagens, de gravações. Tem sido um depósito de memórias, de anúncios e quase sempre de coisas sem qualquer interesse. Tem igualmente alimentado alguns mitos. O do Vilhas, por exemplo, que a avaliar pelo que ele ingere é bem grande. Refiro-me obviamente ao mito.
Um outro mito que vem sendo adiado desvendar é o do senhor da esfregona. Julgo que tudo começou com uma entrevista que demos o ano passado numa rádio da Trofa, onde o Miúdo avançou para esta história, mas, como é seu apanágio, não chegou ao glorioso final. Ficou pelos preliminares da narração e deixou a ansiedade no ar.
Eu sempre esperei que ele desse seguimento aqui no tasco e levasse ao fim a tarefa. Mais de um ano depois, vejo-me na obrigação de narrar tão linda experiência. Espero que a partir de agora não tenha que dar desenlaces a todas as histórias que o Miúdo começa…
Certo dia de um mês de Maio, de um ano que não me lembro, descemos a Lisboa para, juntamente com a Mafalda Arnauth e os Tocá Rufar apresentarmos o espectáculo Mátria no Coliseu. Julgo que a assistência era inteiramente constituída por estrangeiros que estavam numa reunião internacional, pelo que o concerto não passou pelo circuito comercial. Após o teste de som, fomos aquecer a voz às ginjinhas do Rossio, no fundo dos Restauradores. Claro que isto é missão só para homens. Assim, o Miúdo foi apenas espectador atento da arte de beber ginjas, com e sem elas.
Assumindo o nosso papel de educadores para a vida de menores, aproveitámos a nossa posição geográfica e levámos o petiz ao Animatographo do Rossio, no intuito de lhe proporcionar uma experiência pedagógica com a sétima arte.
Chegados ao local deparámo-nos com uma filmografia seleccionada, bem certo, mas extremamente direccionada e selectiva. Diria que a especialização ali foi levada muito a sério. As cabines que exibiam sessões contínuas de filmes premiados tinham igualmente uma cortina e toalhetes de papel, pormenor que demonstra a preocupação enorme que existe com a higiene naquele local.
No entanto, o que mais tocou o nosso benjamim, não foram nem os títulos, nem as imagens. Foi a tarefa do senhor da esfregona. Pois é, neste Animatographo existe um senhor que, de esfregona em riste, limpa o chão das cabines, que quantas vezes acumulam lágrimas de comoção, soltadas pelos espectadores. Estas almas sensíveis sucumbem assim à emoção das cenas mais tocantes e deixam marcas no solo, apenas apagadas pela proficiência do tal senhor.
Daí para cá o nosso Miúdo sonha um dia ter a sua esfregona. Ser o senhor da esfregona do futuro. Sonha assim poder ser útil à humanidade, purificando a terra e lavando-a do pecado. Nós apoiamo-lo, apesar de todos o vermos mais como bombeiro.

6 comentários:

Carlos Figueiredo disse...

O miúdo está a ficar um homem agora.. Mas com o "O" grande :)

São Rosas disse...

Os pais dele sabem com que companhias ele anda?!...

Anónimo disse...

AH AH...

Mais uma passeata coltural!

João o Protestante disse...

E o sr do animatógrafo tinha uma grande ...esfrogona? ehehe

Joca disse...

Querida São,

Nós somos a libertação espiritual do Miúdo. Os pais dele estão-nos eternamente gratos... e não só os pais, começo a acreditar!


Amigo protestante,

a esfregona do senhor era vileda. Muito gasta, por sinal... como aliás o seu utilizador.

bjs e abs

jp

São Rosas disse...

Não duvido, Joca.