Sim, é verdade, as Vozes estão no cinema! E antes de fazer um descarado copy+paste do JN, resta-me citar esse pensador do Beatles, Ringo Starr e dizer: they're gonna put me in the movies/they're gonna make a big star out of me/we'll make a film about a man that's sad and lonely/and all I gotta do is act naturally!
Palavra então ao JN e ao jornalista João Antunes:
Edgar Pêra terminou rodagem do novo filme
2009-12-12
Nuno Melo é o protagonista da versão para cinema que Luísa Costa Gomes escreveu com base na novela homónima de Branquinho da Fonseca.
Nos estúdios da Cinemate, a produtora do filme, perto de Loures, o clima é feérico. As Vozes da Rádio, com a tuna Tocá Rufar e o grupo musical do Centro Etnográfico de Famões, preparam ao pormenor a rodagem de uma cena crucial de "O barão", sob um cenário representando a arquitectura dura da pedra de uma aldeia beirã.
"A cena da tuna é central ao livro de Branquinho da Fonseca. É a apoteose não só do barão e das outras personagens como da própria aldeia. É o circo romano, a festa para o povo. Aquele momento em que todas as pessoas estão a participar, mas manifestam, ao mesmo tempo, um certo desprezo, ou até mesmo ódio, por aqueles que os governam. Sobretudo, desprezo." Explica o realizador, Edgar Pêra, a cena a cuja rodagem acabáramos de assistir.
Jorge Prendas, líder do grupo vocal Vozes da Rádio, formado no Porto em 1991, é uma espécie de maestro de toda a cena, de grande complexidade coreográfica e vocal. "Estamos praticamente desde Maio a trabalhar na ideia sonora que o Edgar tem e que nos começou a transmitir há não sei quanto tempo. E essa, sim, é mais complexa porque é a utilização apenas de sons vocais durante todo o filme", refere. E acrescenta: "Não gostamos de que as nossas vozes fiquem escondidas atrás do microfone. Também gostamos deste lado visual."
Nuno Melo, protagonista do filme, representa uma personagem de recorte vampiresco, mas, afinal, uma metáfora para os jogos de poder, na altura em que o livro foi escrito, nos anos 40, ou ainda hoje. "A história é intemporal. Barões sempre houve e ainda há. Desde há muito tempo que existem algumas ilhas isoladas, tanto faz o tamanho, em que os senhores se apoderam da alma e do corpo de todos os outros", diz Edgar Pêra, embora desdramatize a carga mais política do texto. "É apenas o tapete onde o filme assenta. Não é um filme de grande mensagem. Joga muito mais com a imaginação do próprio espectador."
Além dos aspectos temáticos, sempre irreverentes, o cinema de Edgar Pêra, que já contactara com o universo de Branquinho da Fonseca no projecto ainda não estreado de "Rio turvo", é quase sempre sinónimo de diferença, em termos narrativos e visuais. "O diferente é sempre relativo", afirma o realizador. "Interessava-me muito explorar os movimentos de câmara por oposição a essa componente mais forte que tenho de montagem, de fragmentação. Interessava-me mais uma noção de continuidade. A evolução é mais no sentido da fluidez. O que me interessava era criar um certo tipo de cenários em que pudesse analisar as relações de poder".
Este aspecto do filme cruza-se com a mitologia vampiresca, desde logo perceptível pela caracterização da personagem central. Mas não é um puro filme de terror o que se espera do novo trabalho de Edgar Pêra. "Não me interessa os dentes afiados, nem as mordidelas de pescoço, nem o sangue a jorrar", esclarece o realizador. "Interessa-me a imagem do Drácula, para as pessoas terem um referente, mas para depois perceberem que não é uma personagem fantástica, mas uma personagem real, enraizada nas microditaduras que há para aí".
E só (ainda) para nós Vozes: tum-tum-tum... tum-tum-tum-tum!
2 comentários:
Parabéns, conto não perder tão brilhante filme, só por causa dos Vozes da Radio Claro, porque o meu tempo é pouco e é o meu Bem mais precioso.
que comentário mais estupido
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