25 abril 2007

25 de Abril!

É sempre muito difícil explicar a quem não viveu, o que foi o 25 de Abril. Eu, que na altura tinha cinco aninhos, recordo-me bem desse dia, da forma como vim da escola, do meu pai "preso" no outro lado da cidade e todos os dias a seguir: foi um mundo novo, diferente, com que me deparei.
Da mesma maneira, na noite de 24 para 25 de Abril de 94, estava com as Vozes em Lisboa, naquela que seria a estreia absoluta da versão dos Índios da meia praia. O programa de televisão era o Turno da Noite, a estação a TVI e um mundo novo apareceu-nos pela frente.
Nesse dia, já eu contava 25 anos, percebi toda a essência da liberdade. Algumas das mais básicas conquistas de Abril estão neste excerto que aqui vos deixo. O fim do programa, um cantor de que não me recordo o nome canta Zeca Afonso, sendo acompanhado pelo tio Júlio, pela Helena Roseta, pelo Emilio Aragon do Jogo do Ganso, por nós Vozes, pelos Entre Aspas, pelos Frei Fado, pelo Manuel Faria. Ambiente de festa com cravos e tudo. Ia tudo tão bem que o nosso amigo Júlio Isidro, num acto heróico, inflecte de Zeca Afonso para o hino do programa Turno da Noite and... Júlio takes the lead! E é a apoteose! Todos dançámos, saltámos, vibramos com a riqueza musical. Mas não só nós... reparem bem num senhor do público que, quase no fim deste excerto, canta e dança com espírito revolucionário, como que possuido pelo Che. Também para isto se fez o 25 de Abril, amigos! Para podermos livremente extravasar os nossos sentimentos, para vivermos sempre em festa... até para o Júlio Isidro cantar... mesmo que nos custe ouvir!
Este 25 de Abril iremos comemorar de forma bem mais aburguesada. Já a bordo do cruzeiro (que está mencionado uns posts abaixo) iremos cantar música de intervenção. Até porque intervir em alto mar, perto da piscina, é muito melhor.

20 abril 2007

Alentejo

Amanhã rumamos a sul, mais propriamente a Moura. Quem nos quiser ouvir, é só estar às 21h30m no auditório municipal. Nós somos os tipos de fato preto e camisa verde com cinco tripés na frente. É fácil darem connosco.
Aproveitando esta passagem telegráfica aqui pelo balcão do tasco, deixem-me contar-vos que faz hoje precisamente 16 anos que os meninos (nessa altura verdadeiramente meninos) subiram pela primeira vez ao palco. Éramos na mesma cinco, mas desse tempo resto apenas eu. Cantámos espirituais negros apesar de nessa altura o Vilhas ainda não estar nas Vozes. Do vasto programa apresentado nesse serão de 91, apenas mantemos a Cindy viva nas nossas gargantas. Quem é a Cindy? Pois não sabemos, mas esteja lá ela onde estiver, que fique sabendo que vive para sempre nos nossos corações!... e no repertório igualmente.

18 abril 2007

Trabalho, muito trabalho...

Cá fica uma sugestão. Parte de hoje a oito dias e é uma oportunidade para ouvirem o melhor grupo a capella da Península Ibérica e provavelmente um dos melhores da cidade do Porto. É também chance única de ver o Vilhas de calções e quiçá acabar com os mitos...

16 abril 2007

Portugal no Coração, once again

Poderia ser apenas mais uma participação no programa de "lucho" da RTP. Mas não... Hoje vai fazer-se história! Pela primeira vez em toda a história da música mundial e quiçá do norte de Portugal, podem ouvir Conjunto António Mafra a cappella. Temo o sucesso e a mudança radical que a vida deste grupo vai sofrer após este acontecimento. Para comprovar a qualidade deste novo trabalho, partilho convosco um dos momentos especiais em estúdio, quando se fazia luz.


Jony, num momento de reflexão e concentração, preparando-se para gravar a sua parte no Sete e Pico.



Não consigo compreender a distracção evidente do Sr. EDP: na mais recente publicidade do seu tasco, troca um grupo brilhante como este por um outro alguém quem nem sequer sabe o que é luz, por andar sempre de acessórios anti-diáfanos na fronha...

15 abril 2007

De volta à RÊTÊPÊ

Amanhã voltaremos ao Monte da Virgem para, pela primeira vez, cantar um dos temas do nosso próximo trabalho. Como têm sentido pelos hiatos entre esgalhanços, estamos com o tempinho ocupado em escrita musical, ensaio e estúdio, tudo para assegurar um trabalho que saia já certificado com o ISO9001.
Exactamente pelo facto de amanhã reencontrarmos o tio Júlio, aqui vos deixo imagens do nosso primeiro encontro com o Júlio Isidro. Foi há 13 anos (completam-se no dia 24 de Abril), o programa chamava-se “Turno da Noite”, a estação era a TVI e nesse dia de 94 fomos estrear a nossa versão para os “Índios da meia-praia” do Zeca Afonso. O tema, incluído no álbum “Filhos da Madrugada” foi o primeiro que gravámos em disco e sozinhos.
De reparar que já por aqueles dias o Vilhas primava pela ausência, tendo sido substituído por um rato de peluche. Esta acção foi algo que na altura não foi entendido. Acho que ainda hoje nem nós percebemos porque o fizemos… mas marca a diferença!
Então, até amanhã no “Portugal no Coração”!

13 abril 2007

Mulheres II

Em finais de Abril de 2005 foi editado o nosso álbum “Mulheres”. Por esses tempos andámos no circuito televisivo de promoção do novo produto, cantando o tema “Tu lês em mim”, mais conhecido entre nós, e não só, como o “peixinho amarelo”.
As imagens que aqui se apresentam têm exactamente 2 anos e foram gravadas num programa da RTP, que sinceramente não me lembro do nome, do que tratava, nem o porquê daquela maratona televisiva em directo onde estivemos envolvidos. Lembro-me apenas, que foi essa a primeira vez que pisámos as novas instalações da RTP e da RDP, ali para os lados da Expo. Coisa bastante arejada e a cheirar a novo, bem diferente dos tempos da rampa da alameda das linhas de torres, para os lados de Alvalade. Tão arejado aquilo é, que passámos o playback a tentar disfarçar os efeitos do forte vento que nos ia abalando e levantando as guedelhas. O efeito é mais notado em mim, que ironicamente canto “… e eu brinco nas ondas do teu cabelo”. Com aquela ventania as ondas viraram marés vivas, a brincadeira virou batalha, e eu, capilarmente falando, virei Nuno Gomes, mais preocupado com a cabelugem do que com a minha função de troante.

08 abril 2007

A última semana

O domingo de Páscoa já se finda mas não quero deixar de aproveitar estes minutos que faltam para desejar a todos que por aqui passam os votos de uma Feliz Páscoa em 2008.
Nós continuamos o nosso árduo trabalho de grupo sem instrumentos. Tal como vem sendo dito, estamos a preparar o novo disco, com saída prevista lá para fins de Maio. Esta semana entrámos em estúdio e neste momento já há algumas coisas gravadas. Pelo meio meteu-se um jantar que abrilhantámos com as nossas maviosas vozes e que será dissecado noutra ocasião.
Para já alguns dos melhores momentos de estúdio, ou melhor, ao redor do estúdio… porque lá dentro é sangue, suor e lágrimas e não seria de bom tom estar a exibi-lo!
Ora cá está uma coisa que eu gosto! "A feminilidade exibi-se e forma sublime em movimentos, trajes, sons e curvas...". Exibi-se? Que sons? Há sons, que saídos do homem ou da mulher, não são de todo sublimes... mas nada como ir a umas aulas de dança do ventre para vermos do que se fala. Já agora se perceberem a frase, expliquem-me.
Aqui temos uma informação muito útil. Conheço quem se tenha queimado violentamente por ter colocado o cigarro ainda em brasa num urinol. É que muita gente não conta, mas há quem use produtos inflamáveis para limpar a cerâmica. Outros há, que por descoordenação motora, confundem a beata com o resto e lançam à agua o que não devem.
Em estúdio. Dia 1. Foi assim o fim do jantar. Para trás ficaram as pataniscas, o chouriço, a alheira de javali, o bacalhau com natas e a francesinha. No fim o Sr. Fernando não deixou de nos presentear com o digestivo de aguardente e mel. Inexplicavelmente essa noite foi de fraco rendimento no estúdio.
Em estúdio. Dia 2. Contrariamos completamente a tendência do dia anterior e ficámo-nos apenas pela posta, deixando de lado o novo-riquismo do prato de peixe e de carne. No entanto, e tal como na noite anterior, o horário nocturno não foi muito produtivo. Teria sido do presunto? do pão de alho? das sobremesas? Não sei...