Segui e li com atenção a indignação do Corpo Nacional de Escutas pela campanha da Media Markt, em que um dos habitantes da Parvónia é escuteiro e defeca numa máquina de lavar roupa. Há 80.000 escuteiros em Portugal que exigem não ser chamados de parvos e que juram defecar em sítios construídos para tal. Fizeram circular petições e abaixo-assinados em defesa do seu bom-nome. Fizeram eles muito bem! Infelizmente nenhuma chegou às minhas mãos, pois assinaria com empenho uma que dissesse que a Media Markt faz péssimas campanhas e que havendo em Portugal um ministro como o Mário Lino, não se justifica colocarem um escuteiro como parvo.
De facto, ser escuteiro não implica necessariamente ser parvo. Se pensar em tipos da minha idade (e mais velhos) que esperam ansiosamente o fim-de-semana para vestirem calções, porem laçarotes nas meias e saírem para a sede para brincarem com miúdos, estou mais próximo de os julgar como tarados. Indivíduos que se juntam para passarem fins-de-semana acampados, que tocam guitarra pior que os Resistência e cantam canções do Bob Dylan com letras em português, não são obrigatoriamente parvos. São, eufemisticamente, exóticos, diferentes. É claro que não defecam em máquinas de lavar roupa. O escuteiro profissional constrói a sua própria latrina escavando a terra e passando assim divertido o tempo. Mozart também era escatológico e não deixou de ser enorme. Talvez um pouco parvo… mas não foi escuteiro. Apenas teve umas ligações à Maçonaria, que é uma espécie de escutismo sem calções e com mais dinheiro.
Andava eu entretido com estes pensamentos quando tropeço noutra campanha de péssimo gosto: a da JS. Para quem não sabe o que é a JS, eu explico. É uma espécie de escutismo para tipos comprovadamente parvos. Quem nem sequer tem jeito para pôr uns calções, ou fazer uma latrina, tem sempre lugar numa organização partidária juvenil. Têm igualmente uma sede, mas não fazem acampamentos. Fazem congressos.
Pois bem, a campanha da JS, espalhada pela cidade, apresenta-nos um parvo, com duas meninas que tecnicamente se chama de gajas boas. Para começar, o que podemos concluir daqui? Que ser da JS dá-nos direito a ter duas tipas? Que a militância na JS promete-nos o fim de um estado monogâmico? Que para ser da JS, a avaliar pela cara do sujeito, precisamos ser mesmo parvos, e quem sabe um dia, ser mesmo como o Mário Lino (não digo calvo e feio, digo mesmo só muito parvo)? Que a Media Markt podia pegar nestes três e fazer uma campanha melhor? Que o tipo podia ser o Marco Paulo entre dois amores (uma é loira, outra é morena)? Que o Sá Leão podia fazer um filme com eles? Que eles ainda não concluíram o primeiro ciclo? Que esperam pelos +25400 lugares em creches até 2009 para procriarem? Que esperam pelos 150.000 empregos prometidos até 2009? Que as semelhanças do parvo com o Humberto Bernardo são enormes? Serão as duas tipas as candidatas a miss que o tal Bernardo trocou há uns anos atrás? Que a loira compra tinta barata nas grandes superfícies? Que se o futuro já começou e é assim, apetece-nos apenas e só cantar o fadinho “Ó tempo volta pra trás”? Que o tipo é a versão masculina do Cláudio Ramos? Que à palavra jovem e juventude tem de estar sempre associado o mau gosto?
Estas são apenas um pequeno punhado de questões que bailaram pela minha cabeça nos instantes que se seguiram a ter visto o outdoor da JS em Matosinhos. Outros já escreveram sobre isto e muito bem. Passem pelo Womenage a trois (nem de propósito) e leiam.
Para mim resta-me apenas concluir que o publicitário deve o mesmo nas duas campanhas. E não duvido que, no meio de tudo isto, seja o mais parvo de todos.
De facto, ser escuteiro não implica necessariamente ser parvo. Se pensar em tipos da minha idade (e mais velhos) que esperam ansiosamente o fim-de-semana para vestirem calções, porem laçarotes nas meias e saírem para a sede para brincarem com miúdos, estou mais próximo de os julgar como tarados. Indivíduos que se juntam para passarem fins-de-semana acampados, que tocam guitarra pior que os Resistência e cantam canções do Bob Dylan com letras em português, não são obrigatoriamente parvos. São, eufemisticamente, exóticos, diferentes. É claro que não defecam em máquinas de lavar roupa. O escuteiro profissional constrói a sua própria latrina escavando a terra e passando assim divertido o tempo. Mozart também era escatológico e não deixou de ser enorme. Talvez um pouco parvo… mas não foi escuteiro. Apenas teve umas ligações à Maçonaria, que é uma espécie de escutismo sem calções e com mais dinheiro.
Andava eu entretido com estes pensamentos quando tropeço noutra campanha de péssimo gosto: a da JS. Para quem não sabe o que é a JS, eu explico. É uma espécie de escutismo para tipos comprovadamente parvos. Quem nem sequer tem jeito para pôr uns calções, ou fazer uma latrina, tem sempre lugar numa organização partidária juvenil. Têm igualmente uma sede, mas não fazem acampamentos. Fazem congressos.
Pois bem, a campanha da JS, espalhada pela cidade, apresenta-nos um parvo, com duas meninas que tecnicamente se chama de gajas boas. Para começar, o que podemos concluir daqui? Que ser da JS dá-nos direito a ter duas tipas? Que a militância na JS promete-nos o fim de um estado monogâmico? Que para ser da JS, a avaliar pela cara do sujeito, precisamos ser mesmo parvos, e quem sabe um dia, ser mesmo como o Mário Lino (não digo calvo e feio, digo mesmo só muito parvo)? Que a Media Markt podia pegar nestes três e fazer uma campanha melhor? Que o tipo podia ser o Marco Paulo entre dois amores (uma é loira, outra é morena)? Que o Sá Leão podia fazer um filme com eles? Que eles ainda não concluíram o primeiro ciclo? Que esperam pelos +25400 lugares em creches até 2009 para procriarem? Que esperam pelos 150.000 empregos prometidos até 2009? Que as semelhanças do parvo com o Humberto Bernardo são enormes? Serão as duas tipas as candidatas a miss que o tal Bernardo trocou há uns anos atrás? Que a loira compra tinta barata nas grandes superfícies? Que se o futuro já começou e é assim, apetece-nos apenas e só cantar o fadinho “Ó tempo volta pra trás”? Que o tipo é a versão masculina do Cláudio Ramos? Que à palavra jovem e juventude tem de estar sempre associado o mau gosto?
Estas são apenas um pequeno punhado de questões que bailaram pela minha cabeça nos instantes que se seguiram a ter visto o outdoor da JS em Matosinhos. Outros já escreveram sobre isto e muito bem. Passem pelo Womenage a trois (nem de propósito) e leiam.
Para mim resta-me apenas concluir que o publicitário deve o mesmo nas duas campanhas. E não duvido que, no meio de tudo isto, seja o mais parvo de todos.
9 comentários:
Meu caro «Joca»
Obrigado por me chamares «exótico e diferente» afinal sempre o fui, não é verdade?!...
Agora o que eu não posso aceitar é que compares os Escuteiros (CNE)e os ESCOTEIROS (AEP)com a JS. Dizeres que a JS «é uma espécie de escutismo para tipos comprovadamente parvos»... sinceramente ... qual escu(o)teiros qual o quê? São mas é ...
Bom. Um grande abraço para todos vós deste - agora - escuteiro, Aristides Dourado.
A despropósito gostei de vos ouvir no RCP ... sobretudo a desconstrução da mariquinhas. Um abraço ao Tomi.
Aristides,
Não te sabia escuteiro! De qualquer maneira ser exótico e diferente nos nossos dias é bom!
Espero um destes dias ver-te de calções por aí. Aparece e garanto-te guarida para não teres que escavar o leito fatal dos teus dejectos.
Um abraço, foi optimo ler-te
jp
Caros amigos das Vozes
Sigo o vosso blog com alguma atençao e nunca me permiti deixar algum comentario, mesmo quando vos ouvi dizer na sessao sobre a HARMONIA que fazia mal comer alheiras em pequeno... eu que casei com um trasmontano...
Mas os escuteiros, nao posso concordar. Por muito que eles tenham que se actualizar, foi a melhor escola de vida que tive, onde ganhei os melhores amigos que ainda hoje guardo, e curiosamente foi ai que ganhei prazer em cantar, mesmo fazendo parte do 5 tipo de voz, os "desafinados".
Continuem com o vosso trabalho do qual sou fa.
O elemento mais velho da familia SEQUEIRA PINTO.
Um abraço ao Tiago
No domingo passado, na baixa de Coimbra, passou por nós um grupo de escuteiros em fila indiana (deviam estar à espera de vez para a latrina).
Não resisti:
- Olha! Um grupo de meninos disfarçados de escuteiros!
Um matulão que lá estava esclareceu-me:
- Não estamos disfarçados. Somos mesmo escuteiros.
- Mas disfarçam muito bem!
Joca, prepara-te. Vais descobrir muitos amigos escuteiros depois de publicar isto. Felizmente tens o rótulo de anormal colado bem no meio da testa, senão ainda te levavam a sério...
Osc
Queridos amigas e amigos escuteiros,
Fico muito contente com a vossa participação activa aqui no nosso cantinho. De facto descubro um mundo de amigos que não dispensa o fim-de-semana de uniforme.
Gostei especialmente da participação de um elemento da família Sequeira Pinto. E acredito que os escuteiros tenham sido uma escola de vida. Aliás a utilização do verbo no pretérito perfeito reforça algumas das minhas convicções. Também eu passei por acampamentos, fins-de-semana, cantei, brinquei, montei tendas, frequentei o posto da GNR e da PSP, dormi num banco de pedra em Arcos de Valdevez e ainda hoje me doem as costas... mas foi há 20 anos!
Seria ridículo hoje ter esse entusiasmo de então, essa vontade de viver. Talvez tenha perdido isso, é natural que se cresça e que se envelheça, mas ganhei um Visa que paga o hotel, por exemplo! Se algo, a brincar, critiquei no esgalhanço, foi isso. Esse estacionar de alguns no tempo, tentando eternizar um tempo que inexoravelmente já passou. E não me falem de botox para a alma ou para o espírito. A partir de uma altura deixam de ter graça e passam só a ser engraçados (eufemismo para ridículos)...
No escutismo haverá muito a reformular e actualizar. A começar pela farda e o uso dela. Assumo que a ideia de farda me repugna à partida. Remete-me logo para uma ideia de falsa disciplina. Vi, em casa dos meus pais, uma foto dos idos anos 50, com a minha mãe usando o uniforme da mocidade portuguesa. Mas foi há 50 anos e todo o cenário era diferente... Depois há os pormenores. Por exemplo: os calendários... já alguém apreciou bem os calendários do CNE? Até as fotos parecem saídas dos anos 70. Daí para cá já se inventou, por exemplo, a máquina digital! Quanto aos aspectos doutrinais não os vou discutir aqui, porque isto é um tasco e a gente passa por cá para se divertir. Um dia mudamo-nos para o Abrupto do Pacheco Pereira e continuamos lá...
Da alheira de Mirandela e do H de Harmonia (confesso que tive de puxar pela cabeça para me lembrar que alarvidade teria dito na altura): sou um consumidor de todo o tipo de fumeiro, enchidos, carnes em geral desde que aparentemente mortas. No entanto já sou grandito. Ora convenhamos que se o Menino Jesus tivesse disso alimentado a alheiras e morcelas, acompanhado por sopas de cavalo cansado, não teria sido o homem brilhante que foi e que ainda é. Temos pois de dar muitas graças a Deus por ter escolhido a família certa e o sítio certo para ver nascer o Menino.
E pronto, por agora está. Para continuar a polémica e a vossa animada participação prometo mais temas quentes para breve: o salão Eros, a compra e venda de crianças africanas, o uso obrigatório de piercings a partir dos 2 anos, a vida e obra de Manoel de Oliveira.
Divirtam-se
bjs e abs
jp
Joca:
Pois é... reconheço que adoro uma boa resposta.
Concordo com a necessidade das reformas referidas e de muitas outras.
Na realidade, neste momento, tambem eu prefiro um bom hotel a uma tenda, e prefro estar aqui em Andorra a fazer sky em vez de estar a acampar e subir montanhas...
Mas creio que há tempo e idade para tudo.
Quanto à música, é que eu nao dispenso, seja no campo, na praia, ou na neve!
Até breve com um abraço
Sequeira Pinto
Amiga Sequeira Pinto,
Isso é que é escutismo de luxo! Excelente! Boas férias! Quanto à inveja que me deixou, eu que estou aqui perdido a fabricar partituras para os meus meninos do Coro das Famílias Reais, prometo uma resposta dentro de três semana.
Saudações a cappella,
jp
p.s. - no mail há muito trabalho de casa para a sessão de 17 de Fevereiro na Casa da Música. Vamos fazer um concerto memorável em Março!
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