Na senda da cadeirinha e dos azares do meu amigo Tomi, passo a relatar-vos um dos maiores acidentes de trabalho que já se passaram por aqui nas Vozes, tendo mais uma vez o nosso rapaz da perna pisada como protagonista. Se o faço é porque sei que ele, por força do caricato da situação, nunca irá ter coragem para contar na primeira pessoa.
Estávamos em Macau, no ano de 1996. Um dos concertos que fizemos do outro lado do mundo foi no clube de jazz de Macau. Este clube era, na altura, um verdadeiro clube de jazz. Luz muito coada, uma cortina espessa de fumo, ar irrespirável e localização obscura, numa rua estreita e também ela pouco iluminada. O verdadeiro e convidativo clube de jazz. Quando lá voltámos em 2001 já o clube de jazz estava situado noutra parte da cidade, na marginal, bem iluminado, airoso. Mais cómodo, mas menos clube.
Mas voltemos a 96. Cantámos e como não seria de esperar outra coisa a coisa correu bem. Muito bem até e isso reteve-nos mais umas horas por aquela cave. Tal como o concerto, a noite continuou bilingue sempre entre o português e o inglês para chinos de Hong-Kong que não perdiam uma noite de jazz em Macau.
Já bem tarde reparo no ar de pânico do meu amigo Tomi. “Que se passa?” – perguntei com ar de preocupação, vendo o semblante dele. “Olha para ali. É que já nem disfarça. Estou a ser seguido há horas!”. E eu seguindo as indicações, lá atiro o meu olhar para o ponto que ele me indicou e de onde vinha todo o medo do jovem português atirado às feras do oriente.
O Tomi tinha colado nele dois olhos de uma ocidental, mais balzaquiana que o próprio Balzac. A senhora ostentava na cara o mostruário completo das tintas Cin para esse ano e, visão do inferno, esfregava a língua nos lábios e piscava os olhos, tudo em direcção ao jovem luso. Inacreditável, nunca visto por mim num clube de música, tinha a mão direita pousada no seu colo. Aliás, um pouquinho mais abaixo, e não escondia movimentos dignos de um filme com a Ginger Lynn ou o eterno herói John Holmes.
Mesmo àquela hora, com tudo que se havia consumido, não havia explicação, nem forma de considerar aquela cena como perfeitamente normal. Não, de forma alguma!
Foi o mote para o nosso regresso ao hotel. Deixámos a senhora lá no canto do clube, sentada, desconsolada, e fomos a correr para o Beverly Hotel, não fosse sermos seguidos. Tudo acabou em bem!
Mais, muitos mais acidentes de trabalho já por cá aconteceram. Mas isso fica para outros esgalhanços… e para outros esgalhadores!
Estávamos em Macau, no ano de 1996. Um dos concertos que fizemos do outro lado do mundo foi no clube de jazz de Macau. Este clube era, na altura, um verdadeiro clube de jazz. Luz muito coada, uma cortina espessa de fumo, ar irrespirável e localização obscura, numa rua estreita e também ela pouco iluminada. O verdadeiro e convidativo clube de jazz. Quando lá voltámos em 2001 já o clube de jazz estava situado noutra parte da cidade, na marginal, bem iluminado, airoso. Mais cómodo, mas menos clube.
Mas voltemos a 96. Cantámos e como não seria de esperar outra coisa a coisa correu bem. Muito bem até e isso reteve-nos mais umas horas por aquela cave. Tal como o concerto, a noite continuou bilingue sempre entre o português e o inglês para chinos de Hong-Kong que não perdiam uma noite de jazz em Macau.
Já bem tarde reparo no ar de pânico do meu amigo Tomi. “Que se passa?” – perguntei com ar de preocupação, vendo o semblante dele. “Olha para ali. É que já nem disfarça. Estou a ser seguido há horas!”. E eu seguindo as indicações, lá atiro o meu olhar para o ponto que ele me indicou e de onde vinha todo o medo do jovem português atirado às feras do oriente.
O Tomi tinha colado nele dois olhos de uma ocidental, mais balzaquiana que o próprio Balzac. A senhora ostentava na cara o mostruário completo das tintas Cin para esse ano e, visão do inferno, esfregava a língua nos lábios e piscava os olhos, tudo em direcção ao jovem luso. Inacreditável, nunca visto por mim num clube de música, tinha a mão direita pousada no seu colo. Aliás, um pouquinho mais abaixo, e não escondia movimentos dignos de um filme com a Ginger Lynn ou o eterno herói John Holmes.
Mesmo àquela hora, com tudo que se havia consumido, não havia explicação, nem forma de considerar aquela cena como perfeitamente normal. Não, de forma alguma!
Foi o mote para o nosso regresso ao hotel. Deixámos a senhora lá no canto do clube, sentada, desconsolada, e fomos a correr para o Beverly Hotel, não fosse sermos seguidos. Tudo acabou em bem!
Mais, muitos mais acidentes de trabalho já por cá aconteceram. Mas isso fica para outros esgalhanços… e para outros esgalhadores!
cá está o herói do assédio em Macau, desta vez, ele próprio de língua de fora! Naquela noite de 96 não fez ele este papel. Desta forma, aproveito e mostro mais um excelente momento artístico da nossa Diana, captado em pleno ensaio. Ah, grande fotógrafa!
1 comentário:
Vozes da Rádio adicionados ao blog da guida.
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