10 janeiro 2007

Balada do Anónimo

Alguma sobrecarga de início de ano tem-me afastado da escrita. Assim, deixei passar ao lado grandes mudanças do mundo como por exemplo a forma lamentável como os amigos de Saddam o deixaram pendurado na noite de passagem de ano ou de como a ETA mudou de estratégia política passando agora a combater o povo equatoriano. A nível nacional não pude esgalhar sobre a forma como o Atlético faz mais e melhor pelo ânimo e pela produtividade do país do que muitos, muitos Sócrates juntos. E como “águas passadas, não movem moinhos” sigo para o que de mais relevante vai acontecer nos próximos tempos.
No calor do blog e seus comentários surgiu uma letra fabricada por anónimos. Eu comprometi-me a pegar em tão suculenta poesia e fazer dela uma cançoneta. Na viagem para Viseu, e apenas sobre uma quadra, fiz três abordagens: a sambista, a standardista e a Lopes-Graciana, em ano de centenário. Não conseguimos ainda tempo para gravar e colocar à mercê dos senhores leitores-ouvintes estas amostras. Nos comentários também se discutiu os direitos de autor e para quem seriam. Questão séria e pertinente mas que encontrou eco no nosso lado mais Marxista.
Meus amigos, isto é do povo e para o povo! Nasce, brota das mãos de quem trabalha e a essas mãos e ouvidos regressará sob a forma de canção. Comprometemo-nos a compor, ensaiar, gravar e disponibilizar graciosamente esta anunciada pérola por alturas da inauguração oficial do site. É só esperar mais um pouco. Trabalhadores de todo o mundo, uninde-vos!

O anónimo tem direito
a tudo o que ele quiser
até um botão de peito
seja homem ou mulher
Ele nunca se declara
Nem pra mim, nem para tu
Não dá o nome nem a cara
Mas gosta de dar palpites
Tem o dom da geografia
Na da mãe e na da tia
Sem ter graça anda feliz
porque o nome nunca diz
Talvez seja só pudor
Ou quem sabe um garanhão
Ou donzela sem amor
À procura dum quinhão

Carol, oh oh oh oh
Quero ser o teu anónimo
Anónimo de serviço
Oh oh oh Carol
Queres uma sandes de chouriço?
P.S. - Confesso que a ideia de botão de peito me toca de forma particular. De igual modo a invocação de chouriço faz renascer em mim as distantes recordações do PREC e da canção do chouriço (alguém possui essa relíquia? Dão-se alvíssaras a quem me disponiblizar uma gravação)

6 comentários:

Paulo Moura disse...

É deste chouriço que estás a falar?
http://www.youtube.com/watch?v=ZgRn69nWT04

E esta vossa canção parece ajustadinha à Tuna Meliches...

A propósito... para quando o nosso leitão com tofu?

Anónimo disse...

o anonimo sente-se consideravelmente lisonjeado!!!

Joca disse...

Não amigo Paulo. Este chouriço é com favas e é do nosso amigo José Cid. É uma pérola sem duvida, mas há outro bem mais brilhante. A canção do chouriço falava de um chouriço que andava de panela em panela, passava pela panela do ps, do pcp, do ppd, enfim de todos os partidos da altura e mencionava os seus lideres.Tudo em tom minhoto. Quase garanto que era Quim Barreiros. Do Quim é também "O Malhão não é reacionário" que é de um recorte poético e musical incomparável. O melhor dos anos 70!

São Rosas disse...

Parece-me que já sei do que estás a falar... mas também não sei onde encontrar. Olha, eu ando há décadas à procura de uma música que passava na rádio e cujo refrão era "o casamento que bom que é / mas o que aborrece é o choro do bebé" (e a música era muito parecida com a do anúncio do "Boca Doce é bom é bom é..."). O que eu dava (não em géneros) por essa gravação... e por saber o intérprete...

Anónimo disse...

Caro Jorge,

Sou possuidor dessa preciosidade que procuras... Trata-se da " Cantiga do Chouriço " de Carlos Alberto Vidal ( antes do Avô Cantigas ). Manda-me um e-mail para me lembrares de a trazer...

Abraços,

Joca disse...

Caro Rui,

Também conheço a "cantiga do chouriço" do nosso avô Cantigas, antes de o ser. Sim é brilhante, pérola a ser ouvida com a maior atenção... mas ainda não é essa que procuro. Aquela de que falo é tão singular (deixa-me por as coisas nestes termos) que nem o extraordinário acervo da tua rdp deve ter um exemplar. Repara eu tenho só memórias disto, teria eu 7, 8 anos... lembro-me da capa do cartucho que vi à venda nessa altura. é algo que marca um homem para sempre!

grande abraço (quando vens cá acima para uma francesinha sem queijo?)

jp