Dedicado à Tuna Meliches e à atenção do nosso Miúdo
“O bem que me sabe, pelo mal que me faz”. Ouvi esta frase já várias vezes, sobretudo a pessoas mais velhas. Nunca lhe atribui grande importância até à altura das primeiras fraquezas do fígado e do estômago.
Fui educado no princípio de bem comer e bem beber. Aprendizagem lenta e consolidada em lautos almoços e jantares que continua por essa vida fora. Estou constantemente a ser alvo de avaliação continua. O prazer de uma boa refeição e de uma boa companhia é único. E em grupo, como muitas vezes fazemos, sai a inspiração para os melhores momentos musicais.
Por isso não consigo perceber uma turma que vem a crescer de modo exponencial que se nega aos gostos da carne e do peixe. Ora, o nosso Miúdo é desta seita, o que mais do que me entristecer, preocupa-me imenso. Que homem teremos amanhã? Pois ninguém sabe…
Não entendo que prazer se pode ter num jantar de tofu ou de seitan mesmo que regado com um Douro de excepção. Que raio de gozo alimentar se consegue com a soja, seja estufada, seja sob a forma de sumo ou de leite. A justificação é sempre, não o sabor (se alguém o fizesse seria nesse mesmo instante rotulado por mim de disfuncional), mas o cuidarmos do nosso corpo, da nossa saúde.
Certa vez, um primo meu, rendido às maravilhas da medicina chinesa e da cozinha alternativa tentava, em vão, convencer o meu pai à conversão. O homem, do alto dos seus 70 anos, disse: “Alex, eu não quero morrer com saúde”. Sempre a aprender contigo, velho Prendas! Mas é obvio… que interesse existe em nos entregarmos ao coveiro com uma saúde de ferro? Faz-me lembrar os vendedores de automóveis em segunda mão que dizem sempre “tem 80 mil quilómetros mas está como novo”. Quem acredita? Para quê?
Tal como o faço em relação aos carros que fui tendo, também vou usando e abusando do meu cadáver… com moderação, é claro. O mal que me vem fazendo tem compensado o bem que me sabe.
Se um dia, esticado na mesa das autopsias, estiverem a ver o que se aproveita para outro mortal, quero que concluam que o meu fígado nem para iscas, que qualquer esponja do Continente funcionaria melhor que os meus rins, que os pulmões estão negros como “os teus olhos negros, negros, são gentios da Guiné” e que, se por acaso o médico tiver que aproveitar o que vou escondendo na bolsa escrotal, diga ao infeliz que os herda que “isto está aí, mas só dá mesmo para coçar. E com cuidado, senão desfazem-se”.
A vida é mesmo para ser vivida a cores. Bem aproveitada, no limite, algumas vezes, para se tirar proveito dela, sem escorregar para o outro lado. É para comer, beber… e dar azo à imaginação! Com moderação, é claro.
Cá estão os Senhores quando foram presenteados com umas sopas do Espírito Santo, acto gentil de boa gente do Faial.
6 comentários:
Lamento desapontar-te mas, tb adepta da soja, tofu e seitan, te garanto, que devidamente temperados, são uns óptimos petiscos. Por enquanto ainda só dispensei a carne. O peixe, ovos e leite continuam nos meus menus, mas dispensar a carne acho q foi uma boa opção.
Experimenta ... mas feito por um bom cozinheiro.
Beijos ... e boas comezainas (vegetarianas)
Que não seja por isso!
Se o Miúdo fizer questão, também teremos cabidela de soja, tofu assado à moda da Bairrada e sumo fermentado de seitan (seja lá o que isso for).
Ele que leve essas coisas orientais que nós também apreciamos japonesas...
Há bolos de soja?
Nós?!? Eu é mais nacional. :P
E digo mais mais.. não soja por isso... também há arroz-bife
Tuna Meliches??!
Vocês são amigos dessa grandiosa Tuna e com elementos do maior gabarito a nível interestelar??!
Parabéns pelo bom gosto!
:-)
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