10 dezembro 2006

Indignação

Este trabalho de escrever no blog transformou-me num rapaz mais atento ao mundo. Fazer um blogjob todos os dias, ou quase todos, espicaçou a minha consciência crítica e a intervenção social.
Por isso, foi com indignação que li no Público do dia 6, e ouvi na rádio, que mais dezanove cidadãs brasileiras que trabalham em casas de alterne de Trás-os-Montes, tinham sido identificadas pelo SEF como sendo ilegais, e poderão sofrer processos de expulsão do nosso país.
Estas cidadãs, que honestamente trabalham, são responsáveis pela estabilidade emocional no lar de muito construtor civil e autarca português. São o conforto de dirigentes desportivos. São o aconchego de muito capachinho e de muita unha feita na barbearia. Diria mesmo que são o esteio de muita família lusitana.
O SEF, que não sei quem é, anda constantemente a importunar quem apenas produz o amor e o bem. Em contrapartida deixa soltos, ilegalmente soltos, magotes de romenos nos semáforos. Estes ilegais que nada produzem, além do lixo que espalham junto ao seu posto de ataque, tentam-nos impingir fotocópias de orações ao Sagrado Coração de Jesus, purificadores do ar para carro ou pensos. Outras vezes riscam-nos os vidros dos carros, simulando estarem a lavá-los, sem o solicitarmos. Pior ainda, fazem o dantesco espectáculo de andarem com crianças com deficit de limpeza ao colo, e com cartazes escritos em português macarrónico.
Porque não são estes os deportados? Porque não são estes os identificados? Será que o tal de SEF não anda de carro? Será que só sai à noite e com destino a bares de alterne? Porque a minha consciência não me deixa calar, lavro aqui a minha indignação. Pronto, já está.

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