27 abril 2008

Os vampiros

Estávamos no início de Março de 94 quando fomos a Lisboa gravar o Grândola juntamente com o grande colectivo que foi “Os filhos da Madrugada”. Pela primeira vez na vida das Vozes (e na nossa particular) partilhámos estúdio, refeições e conversas com pessoas até à altura infinitamente distantes: Teresa Salgueiro, Tim, Miguel Ângelo, Olavo Bilac, Vivianne, Adolfo Luxúria Canibal, entre outros. Em estúdio estava também o Coro de Santo Amaro de Oeiras dirigido pelo inefável Maestro César Batalha.
Tenho de dizer que neste momento já não guardo grandes recordações dessa tarde passada em Paço d’Arcos. Essa jornada do, na altura, sexteto, fica marcada por alguma irresponsabilidade, principalmente de quem conduzia. Saímos manhã cedo, depois de uma directa aqui no Porto, e regressámos às 7 da manhã depois de uma incursão na noite lisboeta. Excessos naturais da pós-adolescência, que hoje, obviamente, já não acontecem.
Estes dias da Galiza, ficam igualmente marcados pelo cantar do Grândola, pois não há galego que não o cante e que não o peça. E nos três concertos cantámos, junto com o público a música que ajudou a mudar o regime.
A verdade é que as Vozes devem muito ao Zeca Afonso, não tivesse sido Os Índios da Meia-Praia a nossa estreia em termos discográficos. Ainda hoje somos reconhecidos por essa versão de 94.
Verdade também é que de há uns 3, 4 anos para cá toda a gente decidiu homenagear Zeca Afonso, cantando músicas dele. Os discos atropelam-se com homenagens e tributos. Gordos, magros, grandes, pequenos, jazzistas, fadistas, rockeiros, feios, bonitos, afinados e desafinados, não há quem não tenha por estes tempos o seu momento Zeca.
Por isso mesmo eu, o Jony e o Miúdo, enquanto esperávamos pelo Tomi e pelo Vilhas para ensaiar, fizemos esta completely free version do Grândola, para entrar no lote das linguagens alternativas que homenageiam o Zeca. O Miúdo pegou pela primeira vez no contrabaixo, eu levava um ligeiro adianto no piano e o Jony solou e brilhou com a flauta de nariz (que voltará a ser tema de esgalhanço futuro).Assim sendo, viva a liberdade que permite que em nome dela se cometam crimes como este que aqui fica! E viva o Zeca, por ele mesmo.

5 comentários:

São Rosas disse...

Dava-me jeito ter conhecido esta versão do Grândola quando as minhas filhas eram bebés e não comiam a sopa toda!

Tany disse...

Aquilo era "Grândola"???
Têm a certeza???

Está giro, mas parece-me outra música completamente diferente...

Bjinhos

Joca disse...

Tany,

Parece-te diferente? Pois eu acho que está quase igual ao original... Estou a brincar... aquilo é cada um a tocar para o seu lado. A ideia foi de intervenção cultural, já que de revolução se fala nestes dias. Foi a nossa subtil crítica... ao free jazz e aos vampiros.

bjs

jp

Anónimo disse...

Ãh... Onde diabo estava o Grândola?!
Na flauta de nariz, pois...

d- disse...

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Faltava uma introdução a informar a partiicpação no disco,