Raramente trago para aqui histórias da minha vida profissional extra-vozes. No entanto há algumas que são irresistíveis. É o caso desta.
É sabido que todos nós, de uma forma ou de outra, estamos ligados ao ensino. A minha área é a Composição, que se estende também para a História da Música.
Numa aula de História da Música em que eu falava sobre as qualidades e os progressos que Wagner trouxe ao mundo da música fui várias vezes interrompido com questões diversas. Mal acabei a exaltação do artista, dizendo como foi importante para a ópera, como foi fundamental no diluir da tonalidade, como foi inovador na utilização da orquestra, já tinha uma pergunta: “ele era nazi, não era?”. Esta pergunta é um clássico. Todos os anos chegados aqui, lá tenho eu que explicar que quando muito Hitler é que era um Wagneriano. E entre vários argumentos, o que cola sempre melhor é o cronológico. Ainda assim há sempre quem fique com essa ideia para sempre.
A aula prosseguiu e avancei para uma audição do Tannhäuser. Cá para nós, e apesar de reconhecer todas as qualidades de Wagner, não sou um consumidor compulsivo da sua música. Aqueles clisteres auditivos de horas de alemão, fazem-me urticária nas partes mais escondidas do corpo e não me aguento muito a ver e a ouvir as tragédias, histórias encantadas e lendas dos arianos.
O Tannhäuser, ainda assim, é uma ópera levezinha. Para quem não sabe bem do que trata cá vai um resumo: O Tannhäuser está em Venusberg rodeado de ninfas, sereias e de Vénus. Um tipo no meio de um pelotão de gajas boas, basicamente. A ópera começa assim mesmo, com o afortunado a dizer: “Basta! Basta! Tirem-me daqui e levem-me para a minha terrinha. Tenho lá a Elisabete à minha espera e é dela que eu gosto”. Pelo meio ainda reza à Virgem Maria a pedir desculpa pelos pecados. O Wagner mistura o catolicismo, com a mitologia e está o circo montado. Depois de umas voltinhas que não interessam para o caso, a história acaba da maneira mais previsível para a época: os dois num motel! Não!! Os dois acabam mortos e enterradinhos, que é para se deixarem de porcarias.
É sabido que todos nós, de uma forma ou de outra, estamos ligados ao ensino. A minha área é a Composição, que se estende também para a História da Música.
Numa aula de História da Música em que eu falava sobre as qualidades e os progressos que Wagner trouxe ao mundo da música fui várias vezes interrompido com questões diversas. Mal acabei a exaltação do artista, dizendo como foi importante para a ópera, como foi fundamental no diluir da tonalidade, como foi inovador na utilização da orquestra, já tinha uma pergunta: “ele era nazi, não era?”. Esta pergunta é um clássico. Todos os anos chegados aqui, lá tenho eu que explicar que quando muito Hitler é que era um Wagneriano. E entre vários argumentos, o que cola sempre melhor é o cronológico. Ainda assim há sempre quem fique com essa ideia para sempre.
A aula prosseguiu e avancei para uma audição do Tannhäuser. Cá para nós, e apesar de reconhecer todas as qualidades de Wagner, não sou um consumidor compulsivo da sua música. Aqueles clisteres auditivos de horas de alemão, fazem-me urticária nas partes mais escondidas do corpo e não me aguento muito a ver e a ouvir as tragédias, histórias encantadas e lendas dos arianos.
O Tannhäuser, ainda assim, é uma ópera levezinha. Para quem não sabe bem do que trata cá vai um resumo: O Tannhäuser está em Venusberg rodeado de ninfas, sereias e de Vénus. Um tipo no meio de um pelotão de gajas boas, basicamente. A ópera começa assim mesmo, com o afortunado a dizer: “Basta! Basta! Tirem-me daqui e levem-me para a minha terrinha. Tenho lá a Elisabete à minha espera e é dela que eu gosto”. Pelo meio ainda reza à Virgem Maria a pedir desculpa pelos pecados. O Wagner mistura o catolicismo, com a mitologia e está o circo montado. Depois de umas voltinhas que não interessam para o caso, a história acaba da maneira mais previsível para a época: os dois num motel! Não!! Os dois acabam mortos e enterradinhos, que é para se deixarem de porcarias.
Durante a abertura da dita ópera lá ia eu explicando esta história, fazendo citações do texto com sotaque brasileiro (resulta melhor, acreditem) e é claro, a ser constantemente interpelado por alunos na força da puberdade: “O quê? Quer deixar essas mulheres todas, para voltar à aldeia?” “Reza à Virgem porque está arrependido?” As perguntas rodavam à volta do mesmo, eu lá ia argumentando da melhor maneira possível … até que solta-se uma grande gargalhada. Um dos presentes olha para o caderno do outro e vê escrito: Bágner. Eu, que até tinha escrito no quadro, lá vou falar com o autor da proeza, dissertando sobre as vantagens de escrevermos correctamente. No caminho ainda ouço “F%#%@-se, deixar as gajas todas! Por jeitos era paneleiro”.
Ignorei. Não podia fazer nada melhor. Chamar à atenção seria o mais indicado... só que por jeitos o miúdo até tinha razão…
Depois desta experiência resolvi deixar de lado o Tannhäuser. Hei-de escolher outra coisa qualquer, que não o “Idílio de Siegfried”. É que este Siegfried é o filho de Wagner e se tiver que falar da vida dele, sujeito-me a mais uma vez ouvir o comentário! E é melhor não.
Ignorei. Não podia fazer nada melhor. Chamar à atenção seria o mais indicado... só que por jeitos o miúdo até tinha razão…
Depois desta experiência resolvi deixar de lado o Tannhäuser. Hei-de escolher outra coisa qualquer, que não o “Idílio de Siegfried”. É que este Siegfried é o filho de Wagner e se tiver que falar da vida dele, sujeito-me a mais uma vez ouvir o comentário! E é melhor não.
3 comentários:
Ser professor é dibertido!
Este post é muito bom!
Com um bom professor aprende-se sempre, seja lá como for. Obrigada!
Beijinhos de até sempre, Prendas
"Esse Siegfried" é um HERÓI teuto-germano-nórdico. Quem ler o final do seu artigo fica a pensar que o maravilhoso Idílio foi composto em homenagem ao filho. Nada mais errado.
Ainda assim... excelente blog!
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