08 setembro 2007

Cereal Killer

No passado dia 20 de Agosto fomos entrevistados no Rádio Clube Português. Por esses dias, um grupo folclórico intitulado Verde Eufémia, invadiu uma plantação de milho transgénico, destruindo a plantação, alimentando os jornais e os noticiários da rádio e da televisão. Na verdade, ao ver as imagens, fiquei com a sensação que um encontro tão razoável de freaks e inúteis já há muito não se realizava em Portugal. Só por isso merecia todo o destaque dado pelos media. E digo isto porque gosto mesmo destes ajuntamentos de raridades. Divirto-me a sério. Dias depois vi um dos responsáveis (?) do Verde Eufémia em conversa com o Mário Crespo na SIC Noticias e percebi que com um pouco de sorte podemos ter artista para mais uns tempos: basta dar-lhe um pouco mais de espaço e rapidamente esqueceremos o Tino de Rans ou mesmo o famoso Emplastro do Porto.
Isto tudo para vos contar o que ficou por dizer nessa entrevista no RCP: eu também já fui um Cereal Killer! Foi prometido durante a emissão ao Aurélio Gomes, que iria revelar esta história, mas o relógio traiu a narrativa.
Há mais de 20 anos, teria eu 17, 18 anos, fui acampar com um grupo de amigos para os lados da Torreira. Campismo selvagem e ilegal como manda a lei. Metidos no meio do mato, saíamos à noite para nos misturamos na movida estonteante da Torreira. O programa era tão aliciante que havia sempre necessidade de inventar algo, não se fosse morrer de tédio! E um certo dia alguém teve a ideia brilhante de assar umas espigas de milho. Verificamos que dos ingredientes necessários para a iguaria só faltavam mesmo as espigas. Nada mais fácil: atravessava-se a estrada e em frente um lindo campo de milho nos esperava. Como conhecedores, andámos à procura das espigas ainda de leite, mais moles, para ainda nessa noite as comermos. A agitação no milheiral devia ser tanta, que o jeep da GNR parou e foi averiguar. Dois guardas, daqueles genuínos de bigode, logo deram connosco e mandaram-nos subir à confortável viatura para nos identificarem na sede social deles. Foi um caminho bonito, uma viagem diferente e sobretudo uma noite agitada, algo que procurávamos incessantemente. Fomos identificados, ficaram com os nomes e as moradas dos prevaricadores e ficou a ameaça: “se o proprietário apresentar queixa pelas espigas destruídas terão que pagar o prejuízo!”. Ainda hoje vivo no medo. Ao fim e ao cabo as quatro espigas que surripiei acabaram por ficar no campo e nem pude usufruir do meu furto qualificado.
Por falar em RCP, ouvi hoje que a Ana Sousa Dias vai ter um programa de rádio! Eu, que sou muito interessado nestes fenómenos empresariais, nunca pensei que o grupo MediaCapital invertesse o sentido do seu investimento e se virasse agora para a indústria farmacêutica. É que a avaliar pelo dinamismo sempre demo
nstrado na televisão, não deve haver no mercado melhor indutor do sono. Jogada de mestre dos senhores da Prisa!

3 comentários:

São Rosas disse...

Havias de experimentar os pêssegos do ti'Abílio. Valiam o risco das pedradas!...

Smelly_Cat.arina disse...

Eu posso-me dar por sortuda. Já vi o emplastro do Porto com um cachecol do Belenenses a dormir em Coimbra!

Milho Killer...?

;D

Anónimo disse...

Pois é.
è triste quando o pessoal anda desesperado por causas.
Só mesmo quem não acredita em nada se pode comportar assim.
Estes senhores deste movimento verde, não passam de vândalos e espero que o caso não passe em claro.
Soa mesmo a bandalheira mais do que a convicção.

Quanto ao mister joca compreendo a tua sensação.
Mlho em leite grelhado com manteiga por cima é um pitéu.