30 outubro 2006

Memórias de pequeninho

Olá.

Muito se tem escrito sobre o grupo, o que tem feito nestes ultimos 15 anos, os concertos, os jantares, as idas à TV, etc..., mas pouco se diz sobre cada um de nós. Quem somos? De onde vimos? Temos papá e mamã? Seremos alienes?
Vou escrever sobre mim naturalmente, focando um período importante na formação de um ser humano sensível, que é o primeiro contacto com a sexualidade na infância. Escrevo, pois o meu foi muito interessante.
Era novinho, muito novo, teria ainda um só dígito, talvez a chegar aos dois. Foi num Natal em Lamego, em casa de meus avós. Meu tio me ofereceu dois hamsteres ( que vou passar a escrever ratos, pois é mais simples), e minha vida não mais foi a mesma. Meu tio disse que era um casal, pois dormiam juntos, partilhavam a mesma gaiola. Mas não, eram dois machos. Macho e fêmea não dormem juntos, nem partilham a mesma gaiola, vim depois a saber.
Semamas depois, minha tia me ofereceu um hamster fêmea ( que irei escrever rata pois é mais simples), para brincar com os ratos.
Tempos felizes eu vivi, brincando com os ratos e a rata. Quando os juntava era tudo muito engraçado, eles eléctricos atrás da rata, a lamberem-na, a agarrarem-na, em acesa disputa. A rata era mansinha, calma, parecia que gostava da brincadeira. Certo dia deu à luz, certo dia ao fim da terceira ninhada meu pai teve que me ralhar, teve que me explicar o que se passava, que rato mais rata igual a ratinhos, que já não tinhamos amigos a quem oferecer ratos.
Compreendi como criança inteligente que era, mas gostava muito daquela brincadeira dos ratos.
Ideia brilhante tive então! Peguei na rata com uma mão, peguei num rato com a outra e esfreguei um no outro algum tempo. Qual receita, depois separei a rata, e juntei o rato ao outro.
Este cheira o amigo que se tinha tomado do cheiro da rata, começa a lamber, a puxar, e zumba, zumba, zumba no ratinho. Achei muita piada, repeti a brincadeira várias vezes ao longo da vida dos ratos e eles pareciam felizes. Alternava a vez dos ratos no esfreguanço com a rata, para haver igualdade.
Hoje penso que criei os primeiros ratos gays da natureza. Hoje penso que sou uma pessoa tolerante e compreensiva graças a estas experiências. Irei oferecer Hamsteres à minha filha quando for maior, lá para os seus 20 aninhos.
Resta-me dizer como morreram os três ratos. Num dia de Inverno muito frio, os ratos não acordaram, estavam rijos. Deitei-os no saco do lixo. Passados uns dias a rata não acordou, estava rija. Ia a caminho do saco do lixo com ela na mão, e meu pai berrou: "Ó João? Que andas a fazer com os ratos? Se calhar estão a hibernar.". Interessante pensei eu. Pus a rata ao pé da lareira acesa e em meia hora ela acordou. Provavelmente os ratos também acordaram no quentinho do camião do lixo.
A rata ficou comigo até ao fim dos seus dias. Morreu com uma infecção na vagina. Já cheirava mal.

1 comentário:

Tany disse...

xiii... Coitadinhos dos hamsters... Também tenho uma história parecida com duas tartarugas (um macho e uma fêmea), mas a minha história era mais inocente :P

Bjinhos :)