05 outubro 2006

Na sapatilha!

Aqueles que me conhecem sabem que sou um indivíduo sério, bem formado, que não entra em brincadeira brejeiras, nem tropelias tontas. A vida pode ser divertida sem ser preciso recorrer à gargalhada gratuita, à partida degradante. A fruição da Humoresque de Dvorak ou de La Revue de Cuisine de Martinu chegam e sobram para acrescentar diversão às batalhas que travo no dia-a-dia.
Outros porém não pensam assim. Chico escreveu e Caetano cantou “Deus é um cara gozador, adora brincadeira…”, numa clara provocação sem piada. Outros ainda gozam com os vindouros. Os pais da Maria das Neves ex-primeira ministra de São Tomé e Príncipe baptizaram-na com uma alvura que não condiz com a tez. Só para gozo, já se vê. E por falar nisso, que dizer da Clara das Neves com os seus 7 anões de um filme brasileiro, com uma morena de, como diz o Monge, fechar o comércio à hora de ponta? E as cenas com os liliputianos? Chacota amigos! Chacota que, definitivamente, não faz parte de mim.
Neste grupo há-os capazes de gozarem com este e com o outro mundo. A história que vos vou relatar perde-se na minha memória. Não sei quando foi, onde foi. Sei que, como é hábito nesta seita, dois instigadores do mal vasculhavam a carteira do Vilhas nuns camarins, onde esperávamos pelo início de mais um concerto, enquanto este se encontrava ausente. É recorrente. Tenho constantemente a minha vida devassada pelos meus colegas que ora pegam no telemóvel para lerem as mensagens, ora pesquisam no meu portátil aquilo que lá tenho, ora ouvem as minhas conversas ao telefone. Tudo fica a descoberto. Eu vi-os na função de tirar e por cartões, contarem o dinheiro e acabei por virar a cara e as costas por pudor e em acto de reprovação. Não posso pactuar com isto!
Passado algum tempo, semanas talvez, recebo uma chamada do amigo Vilhas. Era domingo de tarde e estava um dia agradável. “Ó Joca, quem me tirou o cartão do Porto?” disparou o sub-sahariano como se (vede do que a mente humana é capaz…) eu tivesse algo a ver com o desaparecimento do cartão de sócio cativo das Antas. “Eu estou aqui à porta das Antas e não me deixam entrar porque não encontro o cartão!”. “É racismo, Vilhena” ainda brinquei, mas ele não estava para isso.
Telefonei ao Jony e ao Tomi na tentativa de ajudar o belfudo africano. Nenhum deles sabia de nada. Negaram como Pedro e ainda para mais o galo nunca mais cantava para se sentirem arrependidos.
Passados dias alguém se lembra. “Ó Vilhena, ora vê debaixo da palmilha da tua sapatilha!”. Lá jazia o cartãozinho com foto e tudo. Afinal o Vilhena tinha levado o cartão à bola. O que ia era no sítio errado. Devia ter procurado melhor…

A verdade é que não sei quem escondeu o cartão ao pobre Vilhas. Mas tenho a certeza que no meio desta multidão fotografada na Ilha de Santa Maria durante as marés de Agosto de 2003 estão os dois responsáveis pela facécia!

3 comentários:

Tany disse...

Realmente não sei o que é pior... Se esconder o cartão ao Vilhena ou andar a dar carne e ketchup aos peixes em Monsanto... Só vocês... lol

Bjinhos aos terroristas e ao Sr responsável que escreveu o post :D

Anónimo disse...

A propósito do "filme" referido, ouvi dizer que em França a versão é "Blanche Fesse et les 7 Mains" (em vez de «Blanche Neige et les Sept Nains»). [Euh... "fesse"?... Et bien, euh, cela veut dire... quer dizer "nádega"...]

:/

Anónimo disse...

Tany, eu não sei quem tu és mas também sou testemunha! Eu assisti a esse momento de partilha. Os 5 doidos deram bitoque aos peixes: bife, restos de ovo, batatas fritas e ketchup. Os desgraçados pensaram que era o P. Antº Vieira e vieram ao comício... Era um cardume imenso a alambazar-se e os 5 meninos a rir como doidos. Eu vi!