31 dezembro 2006

Previsões para 2004 - Joca

Sou eu, o vidente de serviço, com um baralho made in Hong-Kong, mas pleno de ocidentais. As fotografias são de excelente qualidade em estilo technicolor, o que joga bem com o conteúdo. Acho até que este baralho é do início dos anos 60 e julgo que foi oferecido ao meu avô. As modelos parecem todas Marilyns na primeira Playboy.
Chamo a atenção para o discurso inicial onde refiro o problema das ilegais. Também já aqui escrevi sobre isso, porque me inquieta, mexe comigo. E em três anos não mudei a retórica. A isto chama-se coerência!

Previsões para 2004 - Miúdo

A vez do Miúdo com a sua bola enigmática. Ele, melhor do que eu, pode contar a história desta bola de bilhar com poderes mágicos. A verdade é que a nossa insanidade levou-nos ao ponto de consultarmos a bola em estúdio, enquanto gravávamos o disco “Natal” e logo a seguir o “Mulheres”, para saber se devíamos parar para jantar, prosseguir, para saber se o take estava bom… divertíamo-nos com aquilo, a bola acompanhava-nos para todo o lado, desabafávamos com ela e não há muito mais a dizer…
Um dia o Miúdo guardou a bola e nunca mais nos deixou jogar com ela. Foi uma pena, até porque para a história fica um fim de noite, depois de um concerto, em que alguém que nós conhecemos, com alguma credulidade, perguntou à bola se a filha iria ser feliz no casamento. A bola disse NO. A verdade é que se concretizou a profecia.

Previsões para 2004 - Vilhas

Inicio agora uma saga que terá 5 episódios, qual guerra das estrelas, onde recordo as previsões que fizemos exactamente há 3 anos na já saudosa NTV. O programa era o XPTO já aqui falado, com os anfitriões Ana e Luís, e nós fomos os bobos da corte do último programa de 2003.
As primeiras previsões ficaram a cargo do Rui Vilhena, o nosso Vilhas. E se fizermos agora o balanço, podemos atribuir ao nosso Prof. Caramba das Vozes, uma taxa de sucesso bem superior àquela que a Maya ou mesmo o saudoso Zandinga costumam ter (presumo que o Zandinga já não tenha). Senão vejamos: o Porto campeão europeu em 2004… e não é que foi? Portugal na final do Euro com a subtileza por parte do Rui de não dizer quem iria ser o vencedor… e não é que bate certo?
Pois é amigos, que se cuidem os tarólogos, as ciberbruxas, os videntes das estrelas e os professores feiticeiros, que num grupo a cappella há gente com poderes bem mais fortes que eles todos juntos.

30 dezembro 2006

Todos os nomes

Desde novo que os nomes, as marcas e os logótipos me cativam. Por isso ainda hoje quando passo por um nome estranho tento perceber o que se esconde atrás daquela sigla. Um exemplo? As camionetas que ostentam AVIC em letras grandes. Não descansei enquanto não descobri. E foi o José António, já aqui falado, que me elucidou: Auto Viação Irmãos Cunha. Genial. Reparem que se fosse só irmãos Cunha seríamos logo remetidos para uma salsicharia, ou para uma oficina de automóveis. AVIC permite viajar pela Europa sem vergonha, com a certeza de se ter ali uma carapaça para as misérias encerradas em auto viação ou até mesmo em irmãos Cunha.
Uma das técnicas que mais me fascina na invenção de marcas é aquilo que em música chamamos de retrógrado. Ainda pequeno, vi uma publicidade aos cofres Zamot. Nome sem significado e até muito pouco musical. Mas lendo ao contrário, descobri que o senhor da iluminada ideia se chama Tomáz! A partir daqui abriu-se um mundo novo para deslindar os enigmas que se escondem em nomes de lojas, marcas e até mesmo em nomes artísticos de ilusionistas (felizmente o nosso amigo Luís de Matos não foi por aqui. Seria horrível conhecê-lo por Siul ed Sotam). Assim, em Castanheiro do Ouro, para os lados de Lamego, passei por uma fábrica de camisas Rotiv que é do senhor Vítor, aqui no Porto são conhecidas as cozinhas Osnofa que pertencem ao senhor Afonso e nas estradas rolam autocarros com letras gordas “Viagens Solrac” que obviamente são pertença do senhor Carlos. Devo dizer que mais depressa viajava numa AVIC sem embraiagem e travões do que numa Solrac zero quilómetros. Solrac não inspira confiança a ninguém…
Numa estrada secundária para os lados de Paredes dei de caras com uma placa Assievom. Outro enigma, outro exercício mental. Na curva à frente tinha matado a charada: Móveis Sá. Um Sá destes merecia ser Gomes para ter um bacalhau em sua honra. Mas a mais fantástica utilização da técnica de retrógrado estava à vista de todos na Rua da Constituição, quem chega ao Marquês, em frente ao Gato Verde e Arpoador (quem é do burgo sabe onde é). Café ALEUZENEV. Podia ser um nome eslavo, podia, mas há 20 anos atrás não havia emigração de leste. Podia até ser um nome ditado por um proprietário com necessidades de terapia da fala e escrito sem correcção pelo notário, podia… mas não: técnica de retrógrado e lá temos Venezuela!
Venezuela é um daqueles sítios para onde não se vai. É um sítio onde se cai. É quando já não há Europa civilizada para ir, nem Estados Unidos menos civilizados que nos alberguem. É quando da Austrália já não nos dão visto e nem sequer há vagas nos voos da Varig para o Brasil. É quando se entra já na zona abaixo da linha de água e ficam as sobras. É tão mau que Deus depois de o fazer, de o ter destinado a falar castelhano e de ter programado para ter o Sr. Chavez como presidente, resolveu compensá-los com umas jazidas de petróleo para não ser acusado de parcial.
Por isso compreendo o nome e a necessidade de o ocultar tão bem. Mas convenhamos que marcar um encontro no aleuzenev e dizer o nome do café a um amigo é uma tarefa hercúlea. Quase impossível.Ou como diria o nosso querido Vilhas perante tal situação: !es-adof

28 dezembro 2006

A banana

Olá.

Depois de ausência prolongada, volto a este ninho.
Saúdo os meus colegas Joca e Miúdo por sagazmente e contra tudo e todos, paulatinamente, terem feito deste blog, uma referência nacional. Agradeço as centenas de comments, a expressarem a falta da faceta poética deste blog, anteriormente liderada por mim.
No entanto, hoje não irei postar um poema. Lembrei-me do P.U.N.-Projecto de Unidade Nacional. Intervenientes: Vozes da Rádio e Gaiteiros de Lisboa. Concerto histórico ocorrido no badalado Rivoli, em que para além da excelente música, foram denunciados vários assuntos polémicos da actualidade de então. Um dos quais o fiambrino. A qualidade deste. O sabor deste. A côr deste. O cheiro deste. O...
Actualmente a sociedade defronta-se com problema semelhante, com um sujeito diferente: A BANANA.
Fui alertado para este facto por um especialista que pediu o anonimato com medo de represálias. O comum dos mortais não faz ideia do que é o universo da banana. Parece que as bananas são todas iguais, que só varia o tamanho, se está verde ou madura, mas não. Temos que estar muito atentos ao comprar bananas, por isso, tentarei levantar apenas a ponta do véu, do mundo misterioso da banana.

Marcas de banana encontradas no mercado:

-Dolar
-Bonita
-Del Monte
-Chiquita
-Exelban
-Goldfinger
-Adria
-Bouba
-Pinalinda, mais conhecida por banana grande
-Martinique, conhecida por francesa ou banana dos pobres
-Flanbo
-Gipan
-Cipan
-Guadalupe
-Favorita

Nunca consumir a dos pobres que chega em mau estado.
Dentro destas marcas existem duas qualidades: 1ª extra, 2ªpremium (como nos automóveis).

Melhor banana:
Marca Canárias com 3 qualidades, acrescenta a 3ªsuper extra.
E ainda a banana da Madeira que é a melhor de todas, sendo apenas ultrapassada pela super extra das Canárias.

Há que ter cuidado com a banana francesa, há que consumir banana da Madeira.

Já diz o ditado, "mais vale pequena e trabalhadeira, do que grande e preguiçosa".

26 dezembro 2006

Distinção

Foi com muita honra e alegria que descobri que o nosso blog foi distinguido, neste universo blogosferico, pelo Conde de Abrunhos.
Apesar de mais republicanos que monárquicos, mais democratas que oligarcas, aceitamos de coração aberto o título de Duques do Porto com que fomos presenteados. Toda e qualquer comenda é sempre recebida com satisfação por estes cantores a vozes, sobretudo se der para derreter e trocar por psicotrópicos.
Com menos de 4 meses este espaço de opinião, promoção gratuita e imbecilidade colectiva começa a mostrar-se e a ser reconhecido pelos seus frequentadores.
A todos o nosso muito obrigado e um feliz 2007!

24 dezembro 2006

À espera do Natal II

Já aqui se disse que este ano para a reedição do álbum Natal resolvemos acrescentar dois temas. Um deles um clássico, o “Jingle Bells”, e outro um original.
O original “À espera do Natal” tem pouco mais de um mês, o que significa que ainda está verde nas nossas leves cabecinhas. Daí que, enquanto se montam luzes, microfones, colunas, se faz o som e se acertam níveis, aproveitemos para ir exercitando a canção.
O que aqui se vê passou-se em Viseu, na última quarta-feira, durante os ensaios da tarde. São 3 momentos diferentes para a mesma música. Chamo a atenção para 2 particularidades: a técnica hand in hand, que usamos com a handicam, fazendo-a circular enquanto cantávamos. Outra, está mesmo no finalzinho, e que é uma constante de há uns anos a esta parte. O Miúdo gosta de cantar um êxito do momento (que curiosamente já tem alguns anos) sempre bem perto de mim, porque sabe que não acho grande piada à música. Uma estranha forma de mostrar a sua amizade por mim, talvez.
Quanto ao Natal… ele aí vem a caminho. Chega hoje. A espera acabou. Vamos pois recebê-lo de braços abertos. Um Feliz Natal para todos!

23 dezembro 2006

Compras de Natal

O Natal é, entre muitas outras coisas, a febre consumista que nos afecta a todos, sem excepção. Mais do que o gastar compulsivamente, gosto de surpreender, nem que seja pela negativa.
Este ano a ânsia de ser diferente levou-me à Rua do Almada. O Jony, tão determinado no efeito surpresa quanto eu, apresentou-me uma loja de produtos russos!
O grande encanto é que podemos comprar produtos sem sabermos o que são, para que servem, como se usam. O rótulo é tudo, com aqueles caracteres todos torcidinhos como eles para aquelas bandas gostam de escrever. Depois o preço também pode ser determinante, mas esse está em euros o que facilita as coisas. Desta forma de certeza surpreendemos quem recebe.
Igualmente fascinante é o supermercado chinês (não confundir com o supermercado do chinês) que fica na Praça da República. Os rótulos são mais bonitos e os caracteres mais artísticos. O Jony já mais do que uma vez nos presenteou com produtos supostamente comestíveis desse supermercado. Lembro-me de uns rebuçados de gengibre que só não fizeram mais estragos porque nenhum de nós usa placa. Eram intragaveis e colavam melhor que supercola 3. Mas o encanto da descoberta é sempre o mais bonito.
Por isso, e porque amanhã ainda é dia de últimas compras, aqui fica a sugestão. A placa da loja é esta, para não entrarem numa loja de ferragens por engano.

Loja Russos! Lindo, não há que enganar. Podem até comprar o jornal desportivo lá da terra. Há lá melhor prenda neste Natal. Bom haver há... o nosso disco, mas esse já todos têm.

Elf yourself a merry little christmas


O natal consegue pôr o incauto cidadão assim!
Elfem-se também, e partilhem connosco a vossa figurinha. Feliz Natal para todos vós.

22 dezembro 2006

No regresso de Viseu


Como com certeza foram seguindo aqui no blog, estivemos na passada quarta-feira em Viseu a cantar o Natal, e não só. O concerto foi na aula magna do Instituto Politécnico e foi uma excelente noite, pelo menos para nós. Divertimo-nos, que é sempre o mais importante.
O Instituto tem uma televisão online que fez uma reportagem com os Senhores e filmou duas cançonetas. Podem ver-nos em www.ipv.pt/vtv ou ainda podem ler a crónica no blog www.politecnicodeviseu.blogspot.com.
Entretanto vou sair. Vou fazer umas comprinhas de Natal. Façam o mesmo e não se esqueçam do disco surpresa deste Natal!

O frio foi completamente dominado com o Dão servido durante o jantar. À saída do restaurante deparámo-nos com estes dois indigentes que nos cantaram as Janeiras. A troco de 1 moeda de 50 cents e uns cigarritos deixaram-nos em paz!

20 dezembro 2006

Memórias do Natal V

Esta memória é de 1999. Talvez por ser um ano mítico em termos de ficção científica, este foi o ano em que pior vestimos. Basta um rápido olhar pelas indumentárias dos Senhores para pensarmos logo em filmes de temática espacial com low-budget, ou em hardcore italiano dos anos 70. Há ainda a hipótese de se tratar de uma banda sueca da década de 80 com insuficiência de gosto.
Mas não. São portugueses mesmo no fim dos 90 com extrema necessidade de mudar de guarda-roupa.
Quanto à música, é mais um clássico de Natal que anos mais tarde seria gravado no disco Natal, já sem o Mário Alves, mas com o Miúdo em grande forma.
Resta ainda acrescentar que este foi um programa de Natal gravado em Miramar, ou na Granja aqui perto do Porto. Lembro-me que teve como apresentador o sr. Goucha e como convidado entre outros, o Quim Barreiros. Foi transmitido a 24 de Dezembro à noite, o dia em que não se liga a televisão à hora de jantar. Ainda bem!

19 dezembro 2006

Encontro histórico

Tinha doze anos quando ouvi pela primeira vez cantada uma zona que conhecia e perto de onde vivia. Foi uma alegria perceber que o Lima 5 tinha já direito a canção e ainda para mais com pronúncia. Assim conheci os “Trabalhadores do Comércio” e estávamos em 1980. Depois vieram o “Chamem a Pulissia” e o “Taquetinhu ou lebas no fucinho”. O humor, a ironia, os lugares e a pronúncia eram aqueles a que eu estava habituado. A música tinha proximidade com o Zappa que começava a conhecer e a admirar.
Depois, em 2001, nós, a Manuela, o Veloso, o Reininho e o Godinho fizemos o grand finale do Porto Cantado com o “Sim, soue um gaijo do Porto”, hino de todo o bem-nascido aqui no burgo: “sim, sou um gaijo do Porto / olha a grande nobidade / represento, bibo ou morto / o mau jeito da cidade”.
No domingo, dia 10, deu-se o nosso encontro histórico no estúdio The vault em Matosinhos. Fomos gravar no novo disco dos Trabalhadores do Comércio, o primeiro do século XXI, e com título Ebuloçom.
Mais do que poder cantar em Nortuguês e trocar os vês pelos bês, foi para mim um voltar aos 80s e à minha adolescência, e recordar os amigos, os colegas, os freaks, os passados, os punks, os flipados e os ganzados do Marquês, da Constituição, da Filipa, do Ofir e do Cenáculo.
Gravámos umas vozes de classe, melhores que as dos outros gaijos do Norte de Inglaterra. Aquilo tá melhor que o Dear Prudence! E mais ainda, tivemos que repetir um take, não por estar desafinado, mas porque algum traidor pronunciou salvar em vez de salbar! Biba os Trabalhadores do Comércio!

Final da sessão. Da esquerda para a direita como no futebol: Jony, Serjão, eu, Miúdo, Tomi e Jorge Filipe. Por motivos óbvios o Vilhas não está presente. Este é um trabalho só para gaijos do Porto. Ah! o miúdo deles, o João, esteve no estúdio mas à hora da foto já tinha bazado!

18 dezembro 2006

Próximos concertos de Natal

Hoje vi, pela primeira vez, os cartazes a anunciar os concertos de Natal. Estavam lindos, colados por baixo de um semi-tunel entre o Bom Sucesso e o mítico Shopping Brasília. Infelizmente estes não têm a última data correcta. Como já foi aqui anunciado, o próximo concerto de natal, no Porto, realizar-se-á no dia 21, próxima 5ª feira, no Auditório da Junta de Freguesia de Paranhos, pelas 21h30m. Mais, a norte: jogaremos em Viseu no dia 20, 4ª feira, na Aula Magna do Instituto Superior Politécnico. Pelos vistos, este concerto está esgotado, mas quem fizer questão, pode ser que se consiga arranjar alguma coisa... em troca de um presente!

17 dezembro 2006

Memórias do Natal IV

Mais uma recordação televisiva de Natal. Esta de 2003 e num canal que já não existe: a NTV. O programa chamava-se XPTO e supostamente era para os jovens malucos e inconscientes. Estávamos ali a apresentar o nosso disco Natal, que tinha sido editado por aqueles dias. Tudo cantado ao vivo, num espaço onde não caberia nem mais um, e com a apresentação de dois amigos: a Ana Rita e o Luís Oliveira. Neste momento quer ela, quer ele, deixaram esta nossa terra onde se gosta de viver e mudaram-se para a terra onde se tem de viver. Ela está na SIC e ele (companheiro de noites na Rádio Nova, durante a gravação do Dia dos Senhores) está na RTP. Para os nossos amiguinhos beijinhos, abraços e um Feliz Natal!

Última hora

Por motivos de força maior, o concerto previsto para hoje às 18h no Auditório da Junta de Freguesia de Paranhos foi adiado para quinta-feira às 21h30m. Até lá.

16 dezembro 2006

Disco de Natal


Respondendo a perguntas feitas quer aqui no blog, quer para o mail da página das Vozes da Rádio geral@vdr.com.pt, informa-se que o disco Natal, reedição 2006, encontra-se disponivel nas lojas Fnac do Grande Porto (Gaiashopping, Santa Catarina e Norteshopping), ou ainda através de envio à cobrança. Mais informações através do mail bezidroglio@gmail.com.
Feliz Natal.

15 dezembro 2006

Só para relembrar






















in jornal destak, essa maravilha da informação, que tanta e tão boa companhia faz a quem gosta de ler no w.c.

Como o Joca teve oportunidade de postar, estes vão ser os próximos locais onde estaremos para festejar o Natal, da forma mais harmoniosa possível. Portanto, não se esqueçam do bolo-rei, da oferta (e não "troca") de presentes, do espumante e da aclamação festiva. Estamos a contar convosco.

14 dezembro 2006

Concertos

Este fim-de-semana jogamos em casa e vamos cantar 3 dias seguidos aqui no Porto. Sexta-feira começamos no Auditório da Pasteleira, no sábado estaremos no Auditório de Aldoar e domingo no Auditório de Paranhos. Sexta e sábado às 21h30m e domingo às 18h00. A organização é do pelouro de Habitação e Acção Social da Câmara do Porto. O mote é o Natal e os lindos cânticos desta época tal e qual estão no nosso disco, mas com o calor do espectáculo logo se vê…
Prometemos, como de costume, animação, luz, cor (pelo menos 2 cores a julgar pela tez dos cantores do quinteto) e fantasia.

Na falta de ilustração mais decente coloco aqui estas fotos com apenas 1 semana. Referem-se ao concerto da semana passada. Lá em cima a mesa antes do ataque dos sefarditas. Em baixo o fim da refeição, já à espera do toque para cantar.

Postal de Natal

Aqui fica o lindo postal de Natal das Vozes da Rádio para este ano de 2006. Não foi pintado com a boca, nem com os pés, não ajuda nenhuma instituição de caridade, nem organização não governamental. Pode ajudar a nossa emérita obra, se quiserem depositar alguma gratificaçãozinha na conta com nib 0018 00031387 7147 02046
“Heresia, não te diz nada?” perguntou-me o Vilhas quando lhe mostrei esta obra de arte. Não, sinceramente não. A grande graça de ser um europeu ocidental civilizado é a de poder livremente divertir-me com a minha religião. Não é popular o ditado que diz que um “santo triste é um triste santo”? Pois eu até acredito que Ele lá em cima, também se diverte com este lindo presépio.
Entretanto e se quiserem enviar esta preciosidade a um qualquer inimigo podem ir a http://www.vdr.com.pt/ que o postal está lá para download.
Bom Natal!

10 dezembro 2006

Memórias do Natal III

Cá vai, tal como o prometido, mais uma memória de Natal. Esta, bem do fundinho do baú. Estávamos em 1991 e pela segunda vez apresentávamo-nos televisivamente. A versão do Silent Night aqui cantada é quase igual à que temos gravada no nosso disco “Natal”. Mudam uma meia dúzia de notas e o idioma. No “Natal” puxamos do nosso melhor alemão e cantamos na língua de Goethe, Beckenbauer e Werner Herzog.
Deste tempo resto eu. Os outros, quais Trotskis, foram sendo selectivamente apagados da fotografia. Para eles, um Feliz Natal! Ah, e para ver e rever está o Goucha e seu bigode estilo 91 e o nosso amigo Juca Magalhães quando ainda praticava basquete e apresentava programas de entretenimento. Foi mesmo há muito tempo.

Indignação

Este trabalho de escrever no blog transformou-me num rapaz mais atento ao mundo. Fazer um blogjob todos os dias, ou quase todos, espicaçou a minha consciência crítica e a intervenção social.
Por isso, foi com indignação que li no Público do dia 6, e ouvi na rádio, que mais dezanove cidadãs brasileiras que trabalham em casas de alterne de Trás-os-Montes, tinham sido identificadas pelo SEF como sendo ilegais, e poderão sofrer processos de expulsão do nosso país.
Estas cidadãs, que honestamente trabalham, são responsáveis pela estabilidade emocional no lar de muito construtor civil e autarca português. São o conforto de dirigentes desportivos. São o aconchego de muito capachinho e de muita unha feita na barbearia. Diria mesmo que são o esteio de muita família lusitana.
O SEF, que não sei quem é, anda constantemente a importunar quem apenas produz o amor e o bem. Em contrapartida deixa soltos, ilegalmente soltos, magotes de romenos nos semáforos. Estes ilegais que nada produzem, além do lixo que espalham junto ao seu posto de ataque, tentam-nos impingir fotocópias de orações ao Sagrado Coração de Jesus, purificadores do ar para carro ou pensos. Outras vezes riscam-nos os vidros dos carros, simulando estarem a lavá-los, sem o solicitarmos. Pior ainda, fazem o dantesco espectáculo de andarem com crianças com deficit de limpeza ao colo, e com cartazes escritos em português macarrónico.
Porque não são estes os deportados? Porque não são estes os identificados? Será que o tal de SEF não anda de carro? Será que só sai à noite e com destino a bares de alterne? Porque a minha consciência não me deixa calar, lavro aqui a minha indignação. Pronto, já está.

09 dezembro 2006

Memórias do Natal II

Este podia ser apenas mais um playback, num programa de Natal. Tão normal, que nem deveria constar aqui. Há, no entanto, particularidades que fazem dele um momento televisivo diferente.
Em primeiro lugar o apresentador. Sim, é ele, o Fernando Rocha. Se me contassem, mais depressa me acreditaria na participação do Pe. Vítor Melícias no júri da miss Playboy portuguesa, que na angélica apresentação do Fernando Rocha num programa de Natal. Mas eu estava lá e vi. O nosso conterrâneo deixou a rica e literária verve por cá e articulou um discurso próprio da época. Foi lindo.
Depois, se atentarem bem, há o fato que eu envergo, que não é igual aos demais. Na hora de nos vestirmos, abro o meu porta-fatos e reparo que as calças tinham ficado 300 kms a norte. Ainda propus irmos de cuecas, mas não foi acolhida com muito agrado a minha intenção. Nessa altura a Cristina Pereira, promotora da editora a quem estávamos ligados na altura, desata a bater em todos camarins a ver se alguma alma caridosa me podia valer. A solução foi rápida. O José Figueiras, outros dos apresentadores do programa, cedeu-me temporariamente o fatuncho dele e assim descobrimos que vestimos exactamente o mesmo número. A única diferença foi só a cor. Bem visto, o fato do Figueiras é castanho. Mas que me assentou bem, lá isso assentou…

06 dezembro 2006

Momento de união

Beija-me
na mão
e ficarei
como nadar
sem pé

ps: dedico este post ao Vilhas, jovem na flor da idade e que tem sido consumido pela paixão (a julgar pela aparente perda de peso e volume)

05 dezembro 2006

Comezainas

Dedicado à Tuna Meliches e à atenção do nosso Miúdo
“O bem que me sabe, pelo mal que me faz”. Ouvi esta frase já várias vezes, sobretudo a pessoas mais velhas. Nunca lhe atribui grande importância até à altura das primeiras fraquezas do fígado e do estômago.
Fui educado no princípio de bem comer e bem beber. Aprendizagem lenta e consolidada em lautos almoços e jantares que continua por essa vida fora. Estou constantemente a ser alvo de avaliação continua. O prazer de uma boa refeição e de uma boa companhia é único. E em grupo, como muitas vezes fazemos, sai a inspiração para os melhores momentos musicais.
Por isso não consigo perceber uma turma que vem a crescer de modo exponencial que se nega aos gostos da carne e do peixe. Ora, o nosso Miúdo é desta seita, o que mais do que me entristecer, preocupa-me imenso. Que homem teremos amanhã? Pois ninguém sabe…
Não entendo que prazer se pode ter num jantar de tofu ou de seitan mesmo que regado com um Douro de excepção. Que raio de gozo alimentar se consegue com a soja, seja estufada, seja sob a forma de sumo ou de leite. A justificação é sempre, não o sabor (se alguém o fizesse seria nesse mesmo instante rotulado por mim de disfuncional), mas o cuidarmos do nosso corpo, da nossa saúde.
Certa vez, um primo meu, rendido às maravilhas da medicina chinesa e da cozinha alternativa tentava, em vão, convencer o meu pai à conversão. O homem, do alto dos seus 70 anos, disse: “Alex, eu não quero morrer com saúde”. Sempre a aprender contigo, velho Prendas! Mas é obvio… que interesse existe em nos entregarmos ao coveiro com uma saúde de ferro? Faz-me lembrar os vendedores de automóveis em segunda mão que dizem sempre “tem 80 mil quilómetros mas está como novo”. Quem acredita? Para quê?
Tal como o faço em relação aos carros que fui tendo, também vou usando e abusando do meu cadáver… com moderação, é claro. O mal que me vem fazendo tem compensado o bem que me sabe.
Se um dia, esticado na mesa das autopsias, estiverem a ver o que se aproveita para outro mortal, quero que concluam que o meu fígado nem para iscas, que qualquer esponja do Continente funcionaria melhor que os meus rins, que os pulmões estão negros como “os teus olhos negros, negros, são gentios da Guiné” e que, se por acaso o médico tiver que aproveitar o que vou escondendo na bolsa escrotal, diga ao infeliz que os herda que “isto está aí, mas só dá mesmo para coçar. E com cuidado, senão desfazem-se”.
A vida é mesmo para ser vivida a cores. Bem aproveitada, no limite, algumas vezes, para se tirar proveito dela, sem escorregar para o outro lado. É para comer, beber… e dar azo à imaginação! Com moderação, é claro.

Cá estão os Senhores quando foram presenteados com umas sopas do Espírito Santo, acto gentil de boa gente do Faial.

04 dezembro 2006

Questões

A minutos de mais um ensaio, questiono-me:

  • escrevo um post mais elaborado e chego tarde ao ensaio?
  • escrevo um mísero de um post e chego a horas?
  • edito alguns vídeos de ensaios anteriores e nem sequer apareço lá?

Às vezes a vida consegue ser mesmo complicada...

03 dezembro 2006

Memórias do Natal I

Já submersos em Dezembro, aproveito para mostrar algumas das nossas apresentações natalícias.
O ano passado participámos no programa “Que Nadal!!” da Televisão da Galiza. O programa foi emitido na noite de Natal e a gravação ocorreu uns 3 dias antes. Passámos 2 dias de turismo cultural e religioso em Santiago de Compostela, com um salto até à Corunha. Nos intervalos gravámos o “Rudolph, the red nose reeinder” (que se pode ver aqui) e mais três excertos de canções de Natal.
Particularidades: esta é uma das últimas apresentações públicas do clarinete Prestige do Miúdo. Como aqui já foi relatado, este instrumento desapareceu misteriosamente uma noite, tendo abandonado o seu habitual local de repouso, a mala do carro do Tiago. Talvez já prenunciando o final dramático, o nosso clarinetista tem um final sem dó. Ou melhor, com dós a mais! Outra particularidade: estamos todos de cabelo curto, o que não devia acontecer desde 1995.
Bom Natal!

02 dezembro 2006

Um lindo conto de Natal

O Jony, já aqui o disse, é o meu colega das Vozes mais calado e mais discreto. Nas viagens cansamo-nos de não o ouvir falar. Nos dias mais eufóricos lá articula monossílabos como sim, não e humm (este com variadíssimas interpretações, conforme a entoação). É no entanto rapaz para nos surpreender em actos e acções, só ao alcance de pequenos demos.
Há 3 anos estávamos num daqueles habituais programas de Natal. Este era da tvi e julgo que se chamava “Há festa no hospital”. O local do crime foi o hospital da Estefânia em Lisboa.
Nas horas que antecederam a nossa entrada em cena, com o habitual desfile de toda a fauna e flora musical portuguesa, fomos instruídos para o seguinte: depois do playback deveríamos por um nariz de esponja e eu deveria dizer “as Vozes da Rádio apoiam a Missão Sorriso”. No entanto, o Jony tem um grande problema: é alérgico a esponja! Por isso ficou com a missão especial de mostrar para as câmaras o cd da Leopoldina. Como o cd era exemplar único naquela maratona, fomos massacrados horas a fio pelas meninas da produção e pela promotora da editora para que assim que saíssemos devolvêssemos o disquinho.
A apresentação esteve a cargo do mítico Carlos Ribeiro, também conhecido como o Júlio Isidro português, e depois do playback, lá pus eu o nariz de palhaço, e disse as palavras mágicas. O Jony, como as assistentes do Preço Certo, mostrou o disco e saímos a correr do palco.
De regresso e ao passar no posto de serviço de Santarém, Jony articula muitas palavras. Uma espécie de acto de contrição onde a frase “foi mais forte do que eu” foi repetida várias vezes, seguido de um ir ao bolso do casaco para nos dar o prazer de ouvirmos o disco da Leopoldina durante o resto da viagem. E assim foi durante algumas viagens. “Brinquedos, brinquedos, eles são a nossa maior alegria!”.

01 dezembro 2006

Ainda a propósito do Action Man

Há alguns anos, talvez 7, talvez 8, uma pequena amiga minha e do Mário Alves pediu-nos para a ajudarmos a participar na gala dos pequenos cantores da Figueira da Foz.
Aceitámos o desafio e logo o Mário escreveu dois textos: um falava sobre animais com falas trocadas e outro era de uma ironia tremenda e falava dos brinquedos bélicos que se oferecem às criancinhas. Era a canção de embalar o action-man.
As duas tiveram destinos diferentes. A do action-man, com certeza porque poderia ferir sensibilidades ou interesses, nem apurada foi. A outra como com certeza já estarão a adivinhar ganhou o prémio para melhor música desse ano (finalmente um espacinho para a minha arrogância. A partir do momento que decidimos ajudar a nossa amiguinha ficaram a concurso apenas os prémios de consolação, certo?). Sinceramente, sempre achei a canção do action-man bem melhor do que a outra. Aliás, bem me esforço neste momento para me recordar da outra… e não sai nada.
Quando avançámos para o disco de Natal pedi ao Mário para rever a letra original do action-man e acrescentar-lhe algum Natal. Foi coisa de minutos. No mail, passado muito pouco tempo, estava a letra do action-man conforme está gravada e uma outra que nunca foi gravada, nem nunca será, sob pena de Sodoma e Gomorra voltarem a ser destruídas.
Recordando as imagens que o Miúdo colocou aqui no blog com a Sofia e o Leonardo, gostaria de vos dizer que essa foi a viagem mais limpa que fizemos a Lisboa, até hoje. O habitual impropério deu lugar à conversa civilizada. O redundante tema feminino deu lugar às cartas ao Pai Natal. Confesso que ainda tentei subverter as crianças e criar um momento de televisão único (o programa foi em directo) insistindo com elas que mudassem apenas uma letra num dos versos. Era um A por um Ó. Deveriam fazê-lo e apontar ostensivamente para o Vilhas no momento musical da troca. Onde os meninos cantam “mas eu li no teu folheto/E lá vinha escrito a preto” deveriam cantar “mas eu li no teu folheto/E lá vinha escrito ó preto”. Era uma pedrada no charco, não duvido, mas elas, crianças lindas e bem-educadas, deitaram-me olhares de reprimenda e desisti da ideia.

Cazuza

Na segunda-feira, enquanto o Vilhas brilhou pela ausência, apareceu-nos na sala de ensaios o nosso amigo, já aqui citado, Carlos Figueiredo. O Carlos, além de ser um velho grande amigo, é também realizador dos nossos últimos vídeos “Tu lês em mim” e “Milu”. Ainda o desafiámos para cantar connosco (garanto-vos que tem uns graves de classe), mas ele preferiu ficar com a sua câmara a filmar uma pequena homenagem que fizemos ali mesmo, naquela hora, ao Cazuza. Pois é exactamente isso que podem ver aqui abaixo, o tema Luz Negra, escrito pouco tempo antes da luz do Cazuza se apagar. Hoje dia 1 de Dezembro, mais do que nunca, faz sentido colocar aqui esta canção.


30 novembro 2006

The Art of Dying

Fez ontem, 29 de Novembro, 5 anos que o George Harrison viu finalmente o sweet Lord que tanto procurava. Negar que ele nos tem vindo a influenciar (bem assim como os outros 3 de Liverpool) era mentir com todos os dentes. Se o nosso disco Mulheres tem slide guitar e sitar a rodos a ele o devemos. Já há muito que fomos conquistados pelo som dos Beatles, pelas suas harmonias vocais, diria até desde que nascemos.
Por isto a melhor forma de marcar o facto é por aqui esta nossa versão do My sweet Lord. Se ela existe devemo-lo ao Júlio Isidro que como responsável por um programa televisivo transmitido em directo da Culturgest há uns dois anos (por aqui percebe-se que já não me lembro do nome do programa…) nos desafiou para cantar esta música. Infelizmente tivemos menos de uma semana para fazer arranjo e cantá-lo em directo. Ou seja… podia estar melhor. Mas ainda assim vale a pena estar aqui… pela intenção.

29 novembro 2006

Reconhecimento

Leituras que já ouvi
Cantadas por quem te leu
Luxúria que em mim desceu
Amor que por ti senti.

28 novembro 2006

Canção de embalar o Action Man

O Natal aproxima-se. Já se sente no ar a nostalgia de tempos passados, de credos escarlates, do cheirinho a canela que repousa na aletria acabada de fazer (a minha avó faz cá uma aletria... ui ui). Quando penso em Natal, penso inevitavelmente na minha infância... Nas palhaçadas com o meu irmão, no nervoso miudinho que sentia quando chegava finalmente a meia-noite, no esbogalhanço do meu olhar quando as prendas apareciam do nada, junto do sapatinho... E não existiam playstations nem gameboys que superassem um carro telecomandado (daqueles que gastam as pilhas mais depressa do que dizer "Boas Festas"), um casio-tone para tocar músicas natalícias ou até uma bola de futebol para "dar uns toques" aos domingos no parque da cidade. Depois crescemos e tudo amaina, fica tudo em banho maria. E penso que só não arrefece completamente porque existem sempre pirralhos que se vão lembrando de vibrar como nós vibrámos: filhos, sobrinhos, netos, crianças em geral. Em 2004, tentámos aquecer um pouco mais esta tendência. Aproveitando um convite da RTP para participar numa das suas galas, intitulada "Sonhos de Natal", fomos mais uma vez de viagem até à capital. Esta gala marcou a diferença pela inclusão de crianças nos momentos musicais dos artistas. Aproveitámos então um dos rebentos do Tomi, a Sofia, e um dos seus colegas do conservatório, o Leonardo, que por sinal é meu futuro ex-sobrinho (esta denominação é vanguardista [daquela vanguarda mesmo da frente] e esgalhada pelo meu futuro ex-sogro, que me trata recorrentemente por futuro ex-genro, visto que, segundo ele, é muito provável que um dia me divorcie, pois está na moda! Eu acredito que, pelo andar da carruagem, quando me casar, já vais estar de novo na moda ficar casado até à eternidade). Com letra de Mário Alves e música de Joca, fiquem com uma das minhas músicas preferidas, a canção de embalar o action man (com direito a parlapier no fim e tudo...)


26 novembro 2006

www.vdr.com.pt

Tal como temos vindo a anunciar as Vozes da Rádio estão a desenvolver junto com a PZP, uma página onde todos poderão ter acesso não só a informação sobre o grupo como também a visionamento de vídeos, audição de temas, loja online e sempre uma pequena oferta das Vozes. Prometemos, sob palavra de honra, que as novidades sairão sempre antes na página do que na Caras ou no Jornal do Crime.
A partir de hoje está em funcionamento um preview do que será esta página em www.vdr.com.pt. Algumas opções estão já disponíveis. Convidamos a uma visita e a explorarem a nossa (futura) página!

Wer macht mir

Quanto mais estranhas e absurdas são as canções, mais nós devemo-nos esforçar por explicar o seu sentido, a fonte inspiradora, a história que está por trás. Isto ando eu a fazer há uns 6 anos quando cantamos este original nosso… ainda assim poucos parecem convencidos.
Certa noite, de regresso ao hotel depois de um concerto, faço o habitual zapping pré- repouso nos braços de Morfeu. Lembro que já era tarde. Dei comigo parado num canal alemão onde um talk show tinha como assunto “wer macht mir ein baby?” que o meu péssimo alemão ainda conseguiu traduzir: “quem me faz um filho?”. Todo o sono se dissipou e maldisse a minha ignorância de não saber mais alemão. A meia dúzia de meses de aprendizagem da língua de Goethe no Conservatório não deu para perceber quase nada. No ecrã estava uma moderadora, uma Fátima Lopes de porte germânico e cinco donzelas, mais balzaquianas que donzelas, que apelavam à caridade masculina no intuito de conseguir de um macho o esforço e empenho necessário para as fertilizar! Lindo. Lembrei-me logo que faço parte de um quinteto que podia, não fosse a distância e a barreira linguística, corresponder aos anseios e assim cumprir o que São Paulo tão bem escreveu aos Coríntios: “Mesmo que eu falasse a língua dos homens, … sem caridade eu nada seria”. E bastava ver 1 minuto do programa para perceber que só mesmo por caridade…
Adormeci com aquela ideia. De regresso ao Porto partilho-a com um parceiro de canções, o meu primo, que além de cultura vasta e vocabulário farto possui igualmente a loucura que certifica a nossa consanguinidade. Falei-lhe num refrão forte e numa coisa polilinguística. Ele surpreendeu-me com a letra perfeita: em cinco línguas (alemão, francês, inglês, italiano e castelhano), tantas quantas as bocas que cantam, uma história idílica (chamo sobretudo atenção à poesia que emana do verso “something’s itching down there”) e estava feita a canção. Gravámo-la ao vivo em 2000 e desde aí tem-nos seguido. O que aqui se apresenta é a versão apresentada no Coliseu do Porto aquando do Porto Cantado em 2001, integrado no Porto Capital da Cultura.

25 novembro 2006

À espera do Natal

Temos andado atarefados, mas não se nota muito, ou não deixamos notar.... Às vezes é bom ir guardando um pouco de segredo sobre o que se faz para não dar azar. E garanto-vos que no nosso caso, isto é bem verdade.
No entanto a partir de segunda-feira deixa de ser segredo para todo o mundo que as Vozes da Rádio gravaram 2 temas novos que serão incluídos na reedição do disco de Natal. Bom, o Miúdo já o tinha mencionado de forma tímida num esgalho anterior. Um deles é o incontornável Jingle Bells que sendo cantado ao vivo por nós desde 1991, só agora passa a estar gravado. O outro, um original de título “À espera do Natal”.
Pois é exactamente este original que começa a ser tocado a partir de segunda-feira na Antena 1. Desde já um Feliz Natal, mesmo a um mês do dia, porque já o Pessoa dizia, a vida pode ser sempre Natal. Queiramos nós!

24 novembro 2006

O porquê dos Senhores...

Com certeza já muitas vezes deram conta que nos referimos a nós próprios como os Senhores. Tivemos um programa de Rádio com o título “Dia dos Senhores” e o nosso quarto álbum chama-se “O som maravilha dos Senhores”. Porquê esta fixação? Porquê Senhores?
Tudo começou em 2001. Fomos a Macau (está na altura de voltarmos, não?) pela segunda vez para participar nas comemorações do Dia da Raça. Como bem raçados que somos, granjeamos logo uma plêiade de fãs asiáticas que no dia a seguir à nossa actuação no Clube de Jazz de Macau invadiram o átrio do hotel e tiraram centenas de fotos em actos tão marcantes como a entrega das chaves do quarto na recepção, a saída da sala de pequeno-almoço ainda com um croissant entalado entre os dentes, as fotos lado a lado que quiseram tirar connosco e no fim ainda dispararam durante a tão salutar troca de e-mails.
Foi aí que começaram a chover mails. O primeiro rezava assim:

ÄúºÃ£¬caro amigo
ÄúµÄÅóÓÑ julieta ¸øÄú¼ÄÀ´ÁËÒ»•â¾«ÃÀµÄºØ¿¨£¡
ÏÖÔÚ±£´æÔÚ"¿¨Ðã Cardshow " (½«±£´æ30Ì죩¡£
Çëµã»÷ÒÔϵØÖ•¹Û¿´ÄúµÄºØ¿¨£º
Ô¸Äú½ñÌìÓЕÝÓä¿ìµÄºÃÐÄÇ飡

Fiquei deveras emocionado com as lindas palavras… depois foram chegando outros como este, onde mais uma vez o nível de compreensão é posto à prova:

Óla,Jorge!
Está tudo bem?
Hoje é 11 de June,chove muito em Macau!
Ontem à noite, quando voltaram à Hotel Sintra? Muito tarde, pois
não? Tinha ligado 3 vezes mas sempre não estavam. Eu deixei
um recado para recepcionista, não disse à vocës? Porém,
são as palavras para dar bënção a vocës.E
uma senhora do Hotel disse-me que vocës já partiram às 7:45,mais ou
menos, hoje à manha.Então sinto- me desesperada outra vez.Que
infeliz para mim----esta rapariga quem gosta do vosso grupo muito.Quese
chorarei!
O Rigardo disse que ele está a estudar na universidade, não é?
então, vocës estão ocupados para estudar, e para fazer
representação? Acho que este tipo da vida é muito
intressante.
O meu amigo disse que nunca viu a Julieta tão louca por um grupo
de música(ou gosta) como agora.`Mas porquë? De facto, não sei
claramente também. Só sei que na Sexta-feira, no centro de cultural de
Macau, depois de ouvir as canções, sentia-me muito
livre.Porque antes naquele dia, tinha algumas coisas
dificeis,principalmente é sobre o meu estudo.Dentro das vossos
canções, vi uma qualidades de optimista e uma força
que pode, pelo menos, fazer-me ligeira e alegre.
Sempre acho que o meu portuguës'não é fluente mas queria ser
uma estudante excelente,pois alguns tempos sinto -me perder a
esperança.Tenho 21 anos e esta idade é uma idade em que todas as
juventudes pensam muito sobre o futuro deles próprias e a vida humana.E
quanto estava um pouco vaga, as canções ofereciam--me vigor
juvenil.Não estou a Obrigada! É sério! Obrigada!
Lamento que não tenho o E--MAIL do Mário. Então se eu
queria contactar com ele apenas posso mandar cartas e ele vai responder à
carta ou não, eu não sei! Mas para dizer uma verdade :eu
gosto muito muito de si. Não preciso da razão especial gosto s
ó por causa do gosto! Talvez é uma carisma dele!DON'T LAUGH AT ME!
Então podia ajudar-me a perguentar porque é que ele não tem
E--MAIL?
Espero que podemos manter contactos perpetuamente. Se tenho oportunidade
vou ir ao Porto a visitä--los! Os mais sinceros cumprimentos para
vocë, para Rui, António, Gigardo, e para Mário!
Bom dia! Até já!

No entanto o que mais nos tocou foi este:

Olá,Miguel:
Já voltou Porto?
E como está a viagem?Todo está favorável?
Este dia,nós tomamos a liberdade de ir o hotel para tirar fotografia com
vocês.
E Julieta já mandou esteas fotografias para vocês.
Eu senti-me tão feliz que posso ouvir som maravilha dos senhores e
conhece-los.
Muito obrigada!
Outros dias, eu vou escrever e-mail outra vez.Porque eu vou assitir um
jogo de fazer a maquilhagem como modelo.Então estes dias estou muito
ocupato sempre.
E outra coisa,pode ajudar-me cumprimentar outros senhores?
Muito obrigada! Boa noite!
Margarida

E lá está a bold… A Margarida (que na verdade se chama Jin Yi) baptizou-nos para todo o sempre. Para ela, as singelas palavras do tema que abre o nosso primeiro disco: “Desfazíamo-nos, Rebaixávamo-nos, Humilhávamo-nos, Humedecíamo-nos, só de olhar para ti, Margarida!!”

Boas Festas

Já cheira a Natal. Sinto isso nas ruas, nas noites frias e chuvosas, nos ensaios em que trocamos as Mulheres pelo Pai Natal.
Assim foi hoje. Estivemos a ensaiar para os próximos compromissos que já incluirão as canções que estão no nosso disco "Natal".
Na altura do seu lançamento fizemos o vídeo que podem ver aqui. A ideia foi fazer um filme inspirado nos festivais da canção dos anos 70. Daí alguns planos e o preto e branco. Vou confessar uma coisa: quando o vi pela primeira vez não achei grande piada. Fiquei sem vê-lo uns 3 anos. Quando agora peguei nele, vi-o com agrado. Estão lá os clichés todos, o arzinho Eurovision, os efeitos da época. Por isso, porque acho que vale a pena ser visto (e comentado), e porque exactamente daqui a um mês estaremos com os pézinhos debaixo da mesa a comer o bacalhau, aqui ficam as nossas Boas Festas. E que venha o Natal.

23 novembro 2006

Ensaios

Já há algum tempo que não registamos aqui o âmago dos ensaios... Isso não quer dizer que a malta não tenha ensaiado. Bem pelo contrário. Agora que se aproxima a época natalícia, muito material interessante rolará por aqui... Aguardem pelos próximos esgalhanços.

22 novembro 2006

R.I.P.

O dia hoje é de consternação para as Vozes da Rádio. O nosso companheiro de vídeo, candidato a melhor actor secundário no ano 2005, o peixinho amarelo, sucumbiu esta noite após prolongada doença. Estes últimos dias, já os passou acabrunhado no fundo do aquário, evitando dialogar comigo, apesar da minha insistência.
O meu maior problema agora é explicar a uma criança de três anos que o peixe esticou as barbatanas. Pensei já em três estratégias. A primeira chamaria a realista. Explico-lhe que a vida tem um outro lado e que se chama morte. Que um dia o papá também vai passar para esse lado, tal como peixinho e que a diferença é que em princípio o papá não vai acabar num saco do Continente com a inscrição “a marca do seu Natal”. Não que o papá precise de uma urna em jacarandá, pau-rosa ou sucupira. Basta-me um saquinho daqueles que se usam nas tragédias para ensacar cadáveres, desde que tenha uma cor discreta. Outra hipótese é a fantasista. O peixinho largou o nosso lar para ajudar o pai natal que nesta altura anda carregadinho de trabalho. Depois do Natal voltará a nossa casa, bem disposto e pronto para mais uns mergulhos. A terceira via chamaria de via-sacra. Deus, que no paraíso também tem os seus lagos, neste momento precisava de uma carpa bonita como a nossa. Nós, como gostamos de partilhar, demos-Lhe o nosso companheiro. Ficamos todos felizes… enquanto não me decido, deixo aqui uma visão póstuma do nosso amigo.

A cappella meets Fado

Há uns anos o João Monge perguntou-me: “ouve lá, ó Prendas, gostas de fado?”. A minha resposta foi aquela de quem não se quer comprometer muito: “mais ou menos”. Por um lado a ignorância não me permitia dizer muito mais, por outro sabia da paixão do João pelo fado e o facto dele ser um dos seus mais notáveis letristas. Talvez pela aridez da resposta, o Monge iniciou um curso intensivo para ignorantes do fado. A primeira lição foi a de me ensinar que há fadistas e há artistas. Depois veio o desafio para esgalhar uns 2 ou 3 fadalhões (como ele costuma dizer). A aula final foi no domingo à noite: o concerto da Aldina Duarte na Casa da Música.
Encontrámo-nos ao fim da tarde para um café no Península: a Aldina, o Monge, o guitarra portuguesa José Manuel Neto, o viola Carlos Manuel Proença e eu iniciámos um intercâmbio de experiências musicais. Fim de tarde bem disposto e jantar no Chaimite, cujo nome só por si assusta, mas que se mostrou à altura do apetite.
Depois vieram os fados. E aí foi de fechar o comércio (esta também é sacada ao Monge). A Aldina esmagou-nos a todos. Incrível a música que dela brota! O acompanhamento ajuda e muito. Fabulosos músicos. E a Aldina lá vai planando sobre as cordas. O meu barómetro, que tenho instalado na pele, várias vezes deu sinal de alarme.
Acabei o meu curso sobre fado nos camarins a confraternizar com os artistas. Ainda não sei com que média vou ficar, mas não tenho dúvidas que ontem tive a melhor aula. E já sei distinguir uma fadista de uma artista. A Aldina é fadista. Enorme.

Final do jantar depois de umas tripas à moda do Porto (Monge, não é dobrada. Voltas a dizer isso aqui e não te servem, garanto-te...)

(este esgalhanço estava já esgalhado desde segunda. Infelizmente esgalharam-me a net até hoje, por isso o esgalho tardio)

O arraso

O último post descreveu in-loco uma gravação de urgência. Faltou apenas dizer que o que seria relativamente simples e rápido de se fazer, tornou-se numa maratona vocal. Resultado: após o serão, não tive mais noticias dos meus amigos. Quem souber do paradeiro de algum deles, avise por favor... Temos alguns concertos agendados e fica mal não dar satisfações a quem está a contar connosco.

20 novembro 2006

Em estúdio...

Estamos precisamente a gravar dois bonitos temas de natal para vos presentear na devida altura. Um dos temas é sobejamente conhecido, porém outro é original (letra e música do Joca). Como alguns de vós deveis saber, outrora este grupo teve um cd de natal nas bancas, com o tema original "Natal". Quem sabe se não existirá uma reedição com estes novos temas. Confesso que, para mim, o cd de natal foi o mais popular de todos os 6 que este grupo fez... Não digo isto apenas pelo número de vendas que se registou, nem tão pouco pelas vezes que o cd tocou nas rádio. Digo isto apenas porque certo dia, a mãe de um aluno meu comentou comigo que tinha visto cópias do cd a serem vendidas numa feira. Com mais espanto ficou da minha reacção, que foi, obviamente, de rejubilo. Haverá melhor indicador do sucesso de um produto que uma feira? Ao lado de cd's de morangos e floribelas... é um orgulho!

Joca a assobiar à pai natal... pelo menos foi o que disse!

19 novembro 2006

Milú

O dia hoje, à semelhança dos últimos dias, amanheceu triste, com chuva, deprimindo aqueles que, como eu, são heliodependentes. Por isso, e para tentar alegrar o dia, deixo aqui o videoclip da Milú, do nosso último álbum.
Este esgalhanço permite-me contar coisas que os discos normalmente não dizem. A Milú existe na realidade e foi uma activista das causas femininas nos anos 60, aqueles em que os dias, como o de hoje, amanheciam cinzentos em Portugal. Daí esta cançoneta ter um ar tão sixtie. O vídeo é da responsabilidade do Carlos Figueiredo que compilou uma série de imagens antigas das Vozes, juntando algumas de estúdio e da apresentação ao vivo de "Mulheres".
Bom domingo.

O fado vem ao Porto


É já amanhã, na Casa da Música, que a fadista Aldina Duarte apresenta o seu último álbum Crua. E eu vou estar lá, porque se há fado que nos toca, o da Aldina é um deles. Diria que é fado sem corantes, nem conservantes. 100% natural, exactamente como ele deve ser.
Por isso amigos do Porto e arredores não percam esta oportunidade de ouvir uma fadista a sério. Encontramo-nos lá!

18 novembro 2006

Adenda

Joca, faltaram alguns pormenores (ou pormaiores) da saída dos meninos... Faltou contar a rodagem que foi feita ao carro alugado, como o aproximação das portagens a 180 km/h... Faltou contar a palidez estampada no rosto do Vilhas (coisa que pensei ser impossível de acontecer), sempre que os pneus chiavam, seguido dos seus tão conhecidos impropérios... Faltou contar o nível do hotel onde ficámos, o facto de teres partilhado o quarto comigo... Do maravilhoso pequeno almoço que deveria ter sido entregue no quarto... Vá lá, não te acanhes e conta tudo direitinho...

Noite em Lisboa

Depois da gravação no sábado à noite, três dos senhores resolveram sair um pouco do hotel e esticar as pernas até à 24 de Julho. Há uns anos atrás esta Avenida era palco das cognominadas festas do farfalho, expressão sem significado preciso mas que depois de inventada pelo Vilhas acabou por ser de uso recorrente nas saídas do grupo. Há um outro conceito que também nasceu no seio das Vozes da Rádio: o ensaio de naipe, que será tratado numa crónica futura. Voltemos à noite de 11 de Novembro. Saímos a pé, pois somos responsáveis, e não iríamos de forma alguma conduzir com uma gota de álcool. Descemos a Rua que querem que se chame Amália, passámos na casa onde viveu Assis Pacheco, outra onde durante um ano Fernando Pessoa lavou os pés e claro a casa museu da sodona Amália. E foi exactamente por aqui que demos com este achado num velho Opel Corsa de cor vermelha. Já não tenho vareta!!! O que se conclui daqui? O que pensar? De que vareta falamos? Da do óleo? O que se quer dizer com isto? Este insolúvel enigma seguiu-nos o resto da noite e inibiu-nos de entrar em alguns locais como a KKs, Kremlin e Kapital. Ainda somos reconhecidos como os homens que tiraram a vareta ao Corsa e saímos de lá espalmadinhos, a avaliar pelo tamanho dos seguranças…

17 novembro 2006

Que horas são?

Quase meia noite... O Tomi está com a barriga a dar horas... É a altura ideal para desejar um bom fim-de-semana a todos. :)

16 novembro 2006

Smelly Cat - last recall

Amanhã, pelas 21:30, na RTP, os mais distraidos poderão observar a performance musical de nível no Diz que é uma espécie de magazine. Como sabemos também que muitos de vós pegam no turno das oito da noite e só saem às tantas da manhã, oferecemos aqui o momento referido anteriormente.


Newsletter

Tal como já foi aqui anunciado, em breve as Vozes da Rádio terão disponível uma página, onde além das habituais fotos, dos vídeos, do curriculum e das notícias, haverá sempre uma lembrancinha para descarregar. Por isso, inscreva-se na newsletter para não perder, desde já, nenhum capítulo.

15 novembro 2006

Mudanças de visual

Ontem no calor do palco, a emoção falou mais alto e anunciei o corte da barba aquando da apresentação da canção Mudo Tudo. Curiosamente mereci, por força do heroísmo, o maior aplauso da noite. Poderia agora reflectir porque é que se aplaude mais uma manifestação de intenção, que um rico repertório desfiado em cerca de hora e meia. Será com certeza motivo de conversa no próximo ensaio, onde proporei aos meus colegas anúncios similares para próximas actuações: a amputação de uma mão ao Jony, a aplicação de botox nos lábios e nádegas ao Tomi, a lobotomia ao Miúdo ou ainda a operação estética que o Michael Jackson fez ao Vilhas.
Assim hoje, cortei e cortei-me para retirar todas as pilosidades que se acumularam durante dois meses, certinhos, na minha face. O acto durou uma hora entre esgares de dor e alguns impropérios. Fiz a vontade a uma enorme legião de fãs, encabeçada pela minha mãe e seguida de perto pelo pai do Vilhas que se mostrou indignado perante a imagem de militar de Abril saído do verão quente de 75. Tristes ficaram os (poucos) que invejavam estes hirsutos pêlos. O Ricardo Araújo Pereira, por exemplo, confessou que gostava de ter uma barba assim. Mostrei-lhe o lado menos prático, falando-lhe de quando estamos constipados e nos assoamos. Ele ainda assim referiu a vantagem da barba poder ocultar uma mucosidade durante uns três dias e passado esse tempo a reencontrarmos sã e salva. Sem dúvida um aspecto positivo, que não me deu a força suficiente para continuar… até porque com a chegada da chuva aumenta a probabilidade de me constipar e sinceramente prefiro perder todas as mucosidades.
Mas para este esgalhanço não ir a seco para o blog, recordo aqui fotograficamente, o estilo Os acólitos de Al Capone, de 1995. Por esses anos o Nuno Gama além de nos vestir, esculpia-nos personagens que assumíamos em palco. O visual resultava muito bem e, no fundo, todos os personagens se encaixavam bem connosco.
Com bigodes, sem bigodes, de cabelos ao vento, ou rapados, nós somos todos uns camaleónicos. Uns David Bowies do a cappella lusitano, a bem dizer…

Tomi, no papel de mafioso, explorador de casinos. Hoje, seria dirigente desportivo.
Vilhas, no papel de contrabandista por altura da lei seca. Hoje, forneceria linhas à linha.

Jony, no papel de pombo-correio da máfia. Hoje, seria um hacker.

Eu, no papel de bandido conquistador. Hoje, seria massagista de hotéis de 5 estrelas.

14 novembro 2006

Ah e tal...

Eu tenho o privilégio de trabalhar com 4 colegas talentosos. Mas no sábado, sem ter ingerido uma quantidade considerável de álcool que me dobrasse a visão, vi-me no meio de 8 criaturas que transpiram talento. Como já aqui foi contado, eram 17h30m de sábado, estávamos no estúdio à toa sem saber o que iríamos fazer, e com certeza os gato também, sem saberem como nós o iríamos fazer. Trocados os galhardetes, iniciámos trabalho: eles dando-nos os textos, nós pensando no que podíamos cantar. O Ricardo queria muito que fizéssemos aquela dança de mineiros que já aqui foi apresentada. Testámos coisas, dançámos, rimo-nos e finalmente entrámos em palco para ensaiar com os gato fedorento. Para primeiro e único ensaio correu bem. Para nós e para eles. O problema foi o tempo: 15 minutos, a produção reclama... e toca de tirar coisas. Por isso a dança acabou (para nossa pena e deles) por ficar de fora. Foram suprimidas partes e a segunda vez que fizemos tudo foi já na gravação ao vivo. O resultado foi o que viram no domingo, ou poderão ver na sexta. Divertimo-nos imenso e só por isso valeu mais do que a pena.
Respondendo a alguns comentários entretanto aqui deixados:

Improviso – Já expliquei em cima o que aquela apresentação teve de improviso. Com certeza foi tudo bem mais improvisado que alguns discursos de improviso que ouvimos;

Zé Diogo – Perguntarem se está mais magro… Que raio de pergunta. Nunca o tinha visto (pessoalmente) mais gordo! (expressão popular a que não acho particular piada, mas que aqui se enquadra literalmente);

Troca de equipamentos – Sim. A ideia foi essa! E assumo, com algum orgulho, que foi nossa. Achamos que também deveria ser assim na Assembleia da Republica e nos jogos femininos de voleibol. Troquei casaco, gravata, cinto e os sapatos com o Zé Diogo. Infelizmente o sapato dele não me coube, apesar de ser do mesmo número. Problema de forma. Ainda propus a troca de calças e cuecas, mas não tive parceiros. Atitude simpática teve o Tiago Dores que nos camarins, ofereceu-me a t-shirt dos gato fedorento que ele trazia vestida. Eu vesti-a e assim mergulhei na noite de Lisboa. O suor dele deu sorte! Eram só gajas de Ermesinde atrás de mim! (esta parte é exagero… lembro-me só do Miúdo e do Tomi);

Podem ver aqui a t-shirt usada e suada do Tiago Dores já no meu corpinho, bem como a descomunal estatura do Ricardo. Um enorme talento, essa é que é essa...

Agradecimentos

Serve o presente post para agradecer a todos os que nos foram ver à Fnac do GaiaShopping. Agradeço também a todos os que queriam ir e não tiveram oportunidade. E já agora, também a todos os que não sabiam, mas que teriam ido se soubessem. É sempre bom ver caras conhecidas pelo público: familiares, amigos, colegas, alunos e outros. Ah, e já agora, obrigado por terem acedido ao pedido do Joca, e terem contribuido para a ajuda da compra das fraldas dos seus rebentos. Ele agradece!
Para mim, foi um serão agradável. Vamos repetindo, noutros locais...

Foto gentilmente usurpada daqui (desculpa lá, Carla) ;)
Se mais alguém tiver fotos deste bonito encontro, avisem.
Jacky, tu deves ter que eu vi! :p

13 novembro 2006

É amanhã

Uma pequena pausa nos esgalhanços sobre o nosso encontro com os gato fedorento só para lembrar que amanhã pelas 19 horas estaremos a cantar os parabéns à fnac do gaiashopping. Ao contrário do que se anuncia, não iremos fazer apenas a apresentação do álbum Mulheres. Vamos fazer, como de costume, o que nos apetecer no momento. Uma coisa é certa, vai haver Mulheres, homens, palhaços, um africano e boa disposição.
Tinha que mostrar esta fantástica fotografia da Diana Silva tirada aquando da apresentação ao vivo das Mulheres, em Abril do ano passado.

12 novembro 2006

Le chat

Já posto no conforto do lar, inicio aqui alguns considerandos sobre a nossa magnífica participação no programa “Diz que é uma espécie de magazine”. Tudo começou com o honroso convite que o Ricardo nos fez, via 93, na passada quarta-feira. Seguiram-se algumas curtas conversas telefónicas de onde se concluíram aspectos importantes:
1º) Não sabíamos bem o que fazer. Aliás, nem bem nem mal, como tal deixaríamos para a altura decidir o que iríamos fazer;
2º) Nós gostamos deles e eles de nós, o que não iria significar necessariamente que este seria um encontro colorido;
3º) Concluímos com toda a humildade, que este encontro reuniria o melhor do que se faz em Portugal, no humor e na música, não sabendo nem nós, nem eles, qual das áreas cabe a cada grupo;
4º) Dia onze, dia da gravação, é dia de São Martinho e como tal o tempo deveria estar bom;
Assim ontem lá fomos A1 abaixo, cantando e rindo! Eram 17h30m, conforme estava combinado, e estávamos na Cinemate prontos para os ensaios. Depois foi todo um árduo trabalho só ao alcance dos melhores profissionais. À noite, e depois de um jantar num requintado tasco da capital, gravámos aquilo que hoje será transmitido. E para já mais não digo, até porque nem eu estou certo do que fizemos ontem à noite. Espero esta noite para ver…

Há muitos anos que não se via em Portugal um conjunto tão grande de estrelas reunidas no mesmo palco. Nem na festa dos 20 anos da Rádio Regional de Arouca se conseguiu tal feito.

11 novembro 2006

Press-release

Estamos prestes a entrar no programa... Nos bastidores conseguimos encontrar a Floriseca antes da produção final. Altíssimo nível...


Joca - estou a vestir-me. Amanhã terão a minha avaliação rigorosa sobre este momento. Que Deus nos abençoe.

10 novembro 2006

O (in)esperado acontece

Amanhã, os jovens músicos deslocar-se-ão à capital para fazer parte de uma espécie de magazine... Diz que é uma... Sim, por incrível que possa parecer, os Gatos Fedorentos lembraram-se de nós. Temos a difícil (senão impossível) tarefa de superar a qualidade musical dos Incríveis Saraiva, que actuaram no último programa. A ver vamos. Domingo, RTP, depois do Sr. Marcelo, lá estaremos com os Gatos.

09 novembro 2006

Um dia cinzento

Hoje, infelizmente, não há ensaio. Cada vez mais, os elementos desta fila-harmónica são requisitados para trabalhos extra. Uns tocam em sitios de vício, outros são juízes de festivais duvidosos; existem ainda aqueles que se armam em Nunos Rogeiros da música erudita. Enfim... Uma cambada de vorras. Estou farto de gente mole... Precisamos de uma ditadura!




Musica do programa da Rádio Nova "Dia dos Senhores", com Vozes da Rádio e Sérgio Sousa, programa esse dedicado à Ditadura

08 novembro 2006

Balada da Aleijadinha - futuro Hit

A insanidade continua. Estive a ponderar não escrever sobre isto, mas é mais forte que eu. Vou aflorar novamente um projecto que já leram por aqui... O projecto das canções proibidas. Em mais um ensaio, ficaram registados mais alguns interessantes momentos desta banda. O que salta à vista é a musicalidade e engenho do Jony, que consegue ser ao mesmo tempo o solista e o baixo do grupo. McCartney, põe as vistinhas neste jovem e roi-te de inveja! Depois podem reparar também que a minha vocação para cameraman tem os dias contados. E como alguns já sabem que não consigo ganhar para uma máquina de jeito, que capte um som decente, vou ajudar à audição, oferecendo-vos a letra, excelentemente vociferada pelo Jony.


Fiquem com a Balada da Aleijadinha. (parte dela, claro... não da aleijadinha, mas sim da música)


Veio de muito longe
De uma aldeia lá de cima
Foi prós têxteis trabalhar
Era Deolinda, uma menina.

Num dia muito triste
Malhas que o Diabo teceu
Sobre a infeliz mocinha
Uma desgraça se abateu

O peso de um fardo de roupa
Nas frágeis costas trazia
Quando caiu nas escadas
E fracturou a coluna e a bacia.

(Isto continua... e não melhora! O resto ficará para um dos próximos concertos)


07 novembro 2006

Questões de estética

Aqui fica mais um capítulo das questões que se me colocam no dia-a-dia. Esta apareceu numa sexta solarenga, logo pela manhã. Antes de uma aula de composição, fui ao café onde habitualmente tomo a dose para as duas primeiras horas. Já lá me encontrava refastelado, quando entram uns alunos e perguntam-me o que achava sobre a parede pintada. Eu nada tinha visto. Eles lá a descreveram e começou ali uma discussão estética que se prolongou sala dentro e que naturalmente resvalou para questões musicais. À saída tive oportunidade de mirar a declaração e registá-la para a posteridade. E foi engraçado ver que conceitos como piroso, coragem, paixão, romântico, foleiro, e outros tão díspares se aproximam quando o assunto é uma declaração. Mas fui perseverante e depois da aula perguntei às minhas colegas o que achavam daquilo ali. Depois colocava noutros termos: e se fosse para ti? A verdade é que também aqui as opiniões mudam. De colega para colega. De situação para situação. Se o Pessoa já falava que todas as cartas de amor são ridículas, a verdade é que todos os muros só o são se não são escritos por e para nós. A esta conclusão cheguei depois auscultadas todas as opiniões, sobretudo as femininas, e de cantar o irmão Monge no Mudo Tudo do nosso Mulheres. Aqui fica um excerto desse poema: Por ti mudo o meu futuro/ meu nome, minha rubrica/ deixo de ser do Benfica/ mudo para verde escuro/ como só de garfo e faca/ até viro a casaca/ e escrevo tudo num muro

06 novembro 2006

Errata

Pelos vistos, errei na hora do tão aguardado concerto. Look at the bright side: em vez de se deslocarem depois do jantar propositadamente para assistir ao circo, mais vale irem antes do jantar e ainda pode ser que as senhas do sr. Fnac cheguem para todos (senhas essas que podem ser gastas em sumos e quiches). Se não chegarem, podem sempre pagar o jantar aos meninos, em troca de alguns bocejos musicais. O importante é mesmo aparecerem por lá e comprar o cd. Dia 14 de Novembro, às 19:00.

05 novembro 2006

Partidas inocentes

Sou um rapaz de bom carácter, um pouco tímido até, regido pelos melhores valores morais e com uma consciência cívica e ética bem acima da mediania. Quis porém o destino, esse erróneo zombeteiro, que me juntasse a um bando de desordeiros, sem educação e capazes das maiores bizarrias sem olharem ao prejuízo do próximo.
É esta nefasta influência que quantas vezes molda a minha conduta. Fora deste antro de víboras, sou exemplo notável para qualquer filho da burguesia. Bem dizia a minha mãe para me afastar das más companhias.
Tudo isto para, se possível, justificar o meu comportamento numa noite de fim de Abril, faz já nove anos.
Estávamos nas gravações finais do Mappa do Coração. Lá dentro estava o Tomi a cantar e nós observando-o do lado de fora do aquário. Nessa altura a moda era o beep que substituía o telemóvel com vantagem, para quem não queria gastar muito dinheiro. Nas Vozes beepava-se sem pudor e o telemóvel ficava só para o Vilhas e para mim. Que raio de ideia me havia de passsar pela cabeça naquela altura? Mandar um beep para o Tomi, é claro. Só que não podia ser uma mensagem qualquer. Teria que ser algo que o desassossegasse verdadeiramente. E nada melhor do que uma mensagem alarmista para um individuo que estava para ser pai pela primeira vez por esses dias. Olho para ele do outro lado do vidro, pego no telemóvel e mando a seguinte mensagem: “A Sofia já está cá fora. Vem para casa. Beijinhos” e assinei com o nome da mulher do meu colega. Depois ficámos todos a observar do lado de fora. O acto do nosso amigo sacar do bolso o aparelho, ler a mensagem e a saída em presto cá para fora. Depois aproximou-se e muito titubeante pediu-me o telemóvel. Enquanto isso nós, com a cara mais inocente, íamos acompanhando cada gesto seu. A verdade é que ele estava tão desnorteado que não conseguiu marcar o número de casa. Nessa altura eu, cão, perguntei-lhe o que se passava e ele não foi capaz de dizer muito: apontava para o beep e pediu-me para lhe ligar para casa que não estava a conseguir. E tremia muito. Aí não me contive. Desatei a rir, seguido pelos outros, e o Tomi readquiriu a cor normal. Percebeu logo que tinham sido os seus queridos colegas, em mais uma brincadeirazinha inocente.
Tomi, não que adiante muito nesta altura, mas mais uma vez desculpa. Por esta e por todas as outras… ainda assim não prometo que tenham acabado.

Instalação para pessoa e tripés. "O menino que não se tinha de pé". António Miguel, Abril de 97. Estúdios Rangel.

XX FITU

Antes que um dos meus colegas me começasse a citar, por falta de posts meus, aqui estou eu a escrever algo mais.

Nos dias 20 e 21 de Outubro, decorreu no Coliseu do Porto o XX FITU (Festival Internacional de Tunas Universitárias). Eu lá estive, e com muito gosto, a convite do Orfeão Universitário do Porto a assistir e no fim a avaliar a participação das tunas a concurso. Não vou aqui fazer uma descrição aturada das noites. Sublinho apenas o saudável espírito académico do público e das tunas participantes. Apesar de este ano, no que diz respeito às tunas a concurso, o nível musical ter sido mais pobre do que em anos anteriores, conseguiram fazer um bom espectáculo académico. De salientar, a prenda oferecida aos espectadores de uma pequena orquestra a acompanhar a tuna universitária, a participação da tuna dos antigos orfeonistas e claro, os grandes Jograis.
Bem hajam todos os presentes e em particular o Orfeão Universitário do Porto (saliento claro o meu amigo Gustavo Nascimento e o digníssimo maestro António Sérgio, bem como todos os outros colegas de Júri). Parabéns!

País de Navegar

Nada faz mais sentido estar aqui no nosso blog, do que esta música que foi feita por alturas da inauguração oficial do Museu da Alfândega, Museu dos Transportes e Comunicações do Porto.
Em finais de 2000 fomos convidados a realizar um concerto todo pensado à volta do título do Museu. Fizemos textos, músicas, pensámos em cenários, criámos um guião. Depois achámos que seria interessante faze-lo com uma instrumentação pouco usual: flauta, clarinete, violoncelo, acordeão e percussões além é claro das cinco vozes.
Este tema, que originalmente se chamava “país de navegar” mas que acabou por ser registado com o nome “voo no dorso do meu rato”, é dedicado à Internet. Por isso mesmo é a mais pop das músicas deste espectáculo, que no início de 2002 teve edição discográfica.
Foi para mim um misto incrível de sensações reencontrar esta gravação. Por um lado achava que a única cópia que havia deste concerto de inauguração tinha desaparecido aquando do roubo do carro do miúdo. E foi uma enorme surpresa quando vi na caixa escrito “alfândega”. Por outro foi recordar toda a montagem deste espectáculo com os músicos: o Quim, o Moreira Jorge, o João Costa, o Nuno Silva e o Manoel Santiestebán. Mas acima de tudo, lembrar-me do nosso amigo e técnico de som que fez esta gravação e que uns meses mais tarde, depois do nosso concerto de Ovar (impossível esquecê-lo), trocou-nos por um coro celestial de anjos bem mais afinados e disciplinados do que nós. Não tenho dúvidas que um dia também lá vamos cantar. Enquanto isso não acontece, vamo-nos relembrando desses tempos. Mas às vezes, dá um raio de um nó…

04 novembro 2006

Mulheres

Como já sabem os que por aqui passam, o nosso último trabalho chama-se Mulheres. Tudo começou com o João Monge e com os seus textos (deveria chamá-los poemas, porque o são de facto) e seguiu depois aqui em cima com a música, os arranjos e finalmente o disco. O privilégio que o Monge nos deu para cantarmos estas mulheres, serve de mote para hoje falar das mulheres que nos acompanham e do igual privilégio que é tê-las no meio de nós (aqui sinto por parte dos meus colegas e dos fieis leitores o medo de que descambe para a baixaria, mas garanto-vos que me aguento…).
Assim, tal como a perfeição divina, temos 3 mulheres que habitualmente trabalham connosco. A nossa Santíssima Trindade é composta pela competentíssima Cristina (é vê-la aqui no jantar de Natal da empresa, onde a obrigámos a comer num restaurante nepalês e a fumar um cubano), que é a nossa sócia, que trata da nossa vidinha de papéis, de contactos, de contratos e que nos atura as manias de artista, a profissionalissima Inês (que aqui aparece ao lado do Lobo Mau, em plena marginal de Ponta Delgada) que é nossa técnica de som, que se preocupa muito connosco (apesar de às vezes se referir a mim como o porco do Prendas, sei que é por carinho) e que igualmente atura as nossas manias de artista e a habilitadíssima Diana (em plena tertúlia de fim de jantar) que é uma excelente fotógrafa, que tem as melhores fotos do quinteto e que tem-nos aturado... manias de artista. Com elas, tudo parece mais fácil. Com elas, até somos mais civilizados. Por isso e por tudo mais, obrigado por estarem connosco. Fiquem por cá, que vale a pena! Já agora, não são todas lindas?

Logotipo

As Vozes da Rádio têm o prazer de apresentar em primeira mão o seu logotipo. Aqui fica a arte de Miguel Marafuz

03 novembro 2006

Questões de linguagem

A extraordinária prosa do meu colega Jony sobre a cromação fez-me recordar uma série de desvios linguísticos que vou coleccionando de memória e que me deliciam, introduzindo estes neologismos, quantas vezes, no meu dia-a-dia.
Era pequeno, talvez 8, 9 anos, e estava com a minha mãe numa loja, quando ouvi uma senhora a dizer que tinha apanhado um bilros. Um bilros muito forte. Troco olhares com a minha mãe e mordi-me todo para não me rir. Ainda hoje no seio familiar, quando estou meio gripado, refiro-me ao bilros. Sim, porque não há Inverno em que o bilros não se aloje em mim. Outra recordação de infância passa por uma conversa didáctica com um jardineiro camarário. Eu, na melhor tradição clássica, gostava de coleccionar saberes e dessa vez tentava perceber quantas vezes se devia regar uma planta. Ele então explicou-me que há plantas mais sedentárias que outras. E as sedentárias precisam de muita água. Já os cactos não (serão nómadas? pergunto-vos eu).
Anos mais tarde, já adulto, confrontei-me com expressões dramáticas como “fazer um taco à queluna”, “ter um filho suficiente”, ou um irmão “toxodepente”. Há ainda o caso do outro irmão que morreu de “rebordosa”. Depois há quem sofra das engivas ou quem tenha problemas no diódeno. Quem gumite o almoço por má dingestão (mistura simpática de digestão com congestão). E há ainda quem sofra das hemorródias (sofrimento diário, como se infere da palavra). A medicina fornece um manancial de novas expressões que não se encerram por aqui. Noutra vertente, uma das mais deliciosas que ouvi foi no autocarro onde uma senhora pergunta à vizinha se “o baso que pus à entrada do prédio estroba?” “Não estroba nada” respondeu a outra. Qual estrobar, qual quê!
Uma amiga psicóloga sabendo deste meu fascínio linguístico passou-me duas expressões geniais. Uma delas foi uma mãe que lhe pediu para abrir as cédulas da filha (gesticulando à volta da cabeça) porque a menina tinha dificuldades de aprendizagem. Já uma outra estava com problemas porque tinha tido um esgoto cerebral.
Nisto também há clássicos nacionais. O há-des ver, por exemplo. E a conjugação da segunda pessoa singular. O fostes, o tivestes, o entrastes e o saístes entre tantos outros.
Para terminar repito a última, arquivada há uma semana. Andava eu de carrinho na rua com um dos herdeiros, quando ele desata a chorar. O motivo é o de sempre. Viu alguém a comer. Não fosse meu filho e parecido comigo, diria que é um aspirador. Perante o choro da fome, aproxima-se uma anciã que pergunta “o que é meu menino?”. Eu lá esclareço a senhora e ela diz-me: “tenho um netinho tal e qual! Sabe o que são meu senhor? Uns alarmes, uns alarmes!!”. E alarmado fiquei, para o resto da vida…

Quando morrer quero ser...

Quando morrer quero ser "cromado".
Na passada quarta-feira, lembrei-me desta frase, em tempos dita por um senhor desconhecido, que ia à minha frente na rua, enquanto falava com outro senhor. Cremado quereria ele dizer, mas o "cromado" ficou-me na cabeça, e de tempos a tempos lembro-me disso.
Dia 1 também conhecido por dia dos mortos, levou-me a pensar na morte, e lá veio o cromado. Vendo bem, podemos ser enterrados, cremados, empalhados, mumificados, congelados, queimados, e por que não cromados?
Em tempos discuti a questão com um amigo que tinha ideia de entrar no negócio das funerárias. O homem já tinha contactos, ia mandar vir os caixões do Brasil, dizia que ia ganhar muito dinheiro. Penso que entretanto desistiu, mas na altura sugeri-lhe que que uma das valências da funerária fosse a cromação. Ele achou que eu estava a gozar, mas a ideia não é descabida. Iria revitalizar uma indústria em decadência, a dos cromados. Hoje em dia é díficil ver-se um cromado, os automóveis já não têm pára-choques cromados, as bicicletas já não têm o guiador cromado. O cadáver cromado pode ser arrumado em casa, na sala, no quarto para pôr a roupa em cima, na varanda ou jardim com uma bela erva trepadeira a enfeitar. Conserva-se melhor que um cadáver empalhado pois é muito mais fácil de limpar o pó. Estando bem limpinho serve de espelho. Não havendo mais espaço em casa para pôr corpos cromados, uma pessoa pode ir até um ponto verde, e depositar o corpo na secção de "monstros metálicos", e assim reciclar a avó ou o padrinho. Fica mais em conta que um funeral tradicinal com caixões e campas.
Estou certo que se pensarmos bem, iremos encontrar ainda mais vantagens, e por enquanto ainda não vi nenhuma desvantagem.
Quando morrer quero ser cromado.

02 novembro 2006

Concerto Fnac Gaiashopping

O sr. Fnac gosta muito de nós. Por isso, pontualmente, lá nos convida para animar as suas lojas. No aniversário, que se aproxima, da sua loja do Gaiashopping, faz todo o gosto que os meninos compareçam, tal como outras bandas. Por isso já sabem, contamos com a vossa presença. Apontem nas vossas agendas, palms, telemóveis e afins: Dia14 de Novembro pelas 19:00, loja Fnac do Gaiashopping.

Questões de segurança

As questões de segurança são importantíssimas neste país. Tudo discute, tudo se exalta pela falta de segurança com que vivemos. Já ouvi falar em fenómenos de sul-americanização, de favelação e até de arrastão. Eu próprio já senti o frio gostoso do fio da navalha no pescoço, não para me fazerem a barba, mas para dar algum dinheiro para tabaco. Eram quatro e meia da tarde e estava no Marquês, bem perto do centro.
O problema é quando o polícia acerta! Aí já não é a insegurança que preocupa, é a pontaria e a formação do senhor agente. Há umas semanas um senhor guarda, aqui do Norte, durante uma perseguição de carro, atirou quatro vezes. Conseguiu acertar duas! Tudo lhe caiu em cima e descobriu-se que afinal o homem não tinha tido formação adequada. Digo eu, pois não, nem precisa. Este tipo devia ser o formador! Um indivíduo que de carro, a alta velocidade dá quatro tiros e acerta dois devia ter direito a reconhecimento público, participação nas próximas olimpíadas na classe de fosso olímpico, medalha no 10 de Junho e nome de rua na terra natal.
O problema é o outro lado. O alvejado. É pena, de facto, até porque o alvejado antes de o ser era assaltante, criminoso, prevaricador. Depois de o ser passa a ser jovem (tem de ser pronunciado devagar)! Pelo menos em todos os noticiários da TVI e alguns da SIC assim o chamam. Depois, e com honras sempre de abertura, ficámos a conhecer toda a vida do jovem, a sua família, a namorada e até que o carro que levava era roubado, mas que nem era normal faze-lo. Ficamos todos com pena do jovem e a família fica com mais tempo de antena que os 15 minutos do Warhol. Ao fim e ao cabo a culpa é da polícia que nem devia andar armada!
Por isso, conduzia eu sossegado por uma rua de Matosinhos, quando vi este revolucionário método de segurança: “Senhores ladrões. Aqui não há máquinas. Levamos para casa” e um enorme ponto de interrogação. Até voltei para trás para tirar a foto e partilhar isto com a blogosfera.
Banqueiros, industriais, ourives, vede este exemplo e segui-o. Levai sempre tudo para casa!