30 setembro 2006

Comentários aos comentários

Há um mês atrás começámos esta aventura do blog. Sinceramente nunca fui de passear na blogosfera. Tinha visitado duas ou três vezes o Amorizade porque tínhamos sido referenciados e há sempre alguém que manda o link para leitura.
Assim e passados 30 dias bem contados devo dizer que estou surpreendido. Por um lado, o acto de escrever quase diário faz-me surpreender de mim próprio. Por outro as pessoas que nos lêem. Há gente que vem aqui visitar-nos, comer um pica-pau connosco, beber da nossa cerveja e até espreitar o nosso ensaio e isso é bonito!
No entanto, o que mais me desperta nesta aventura bloguista são os comentários daqueles que acrescentam brilho aos nossos escritos. Eu, que convivo com a minha estupidez há 38 anos encontro nestas adendas a força para continuar a ser estúpido e a destilar por aqui as imbecilidades que recorrentemente fazem parte de mim. Já pensei no tratamento, mas se é este o caminho vou evitá-lo!
Desta forma dedico este esgalhanço a uma resposta personalizada a alguns dos comentários recebidos neste mês.

Jacky – O mundo é pequeno! E não é que nos conhecemos há 20 anos? Excelente rever-te aqui e saber neste reencontro que quando me conheceste nos idos 80 achaste-me antipático e nariz empinado. Não te enganaste, não. Eu sou mesmo assim. Só faltou mesmo o arrogante. Se agora pensas diferente é porque provavelmente andas a ver pior. Um enorme obrigado pelas dicas técnicas para a construção deste blog.

Tany – Presença constante no blog e na vida das Vozes. Se um dia um disco nosso só vender uma unidade (também pouco mais vende) eu sei quem foi! É engraçado pensar que há 11 anos recebemos no nosso defunto apartado uma carta de Lisboa incentivando-nos. Era tua, lembras-te? Obrigado pela força ao longo desta fadistagem.

Alegrão – Logo à partida simpatizo com o nome. É como Prendas. São nomes positivos e festivos! Obrigado pelas palavras

Tita – Desde o Dia dos Senhores que nos conhecemos. Só não te perdoo o facto de não cantares publicamente. Sempre que falo nisso vens com a desculpa da tosse… é que cantas muito bem e o povo havia de gostar!

Aldina – Obrigado pelas dicas, pelas palavras, pelo teu blog e pelo teu fado! Até eu me converto!

Rui Santos – Bloga aqui amigo. E passa a palavra. Esperamos-te para uma francesinha… sem queijo! (isto lisboetas…)

Pessoal da tuna – Quem casa a seguir? Já agora quando houver um jantar alargado avisem. Como de costume é possível que não possa ir… mas pode ser que seja desta!

Gotinha – Obrigados pelos pingos. Também te frequentamos e gostamos!

São Rosas – vem-te aqui sempre que queiras.

Stef – Andas no carro do Miúdo? Preocupa-me isso…

Dulce – Já nos consegues ouvir? O problema é do file lodge. Alguém nos ajuda e diz outro sitio para alojar ficheiros áudio?

Cusco – Tu andas à espreita… deixa-me ter cuidado!

N. Carmen – se enquanto passeias ouves histórias interessantes, resta-me desejar que a tua vida seja um eterno passeio. Cheira-me que mereces! Já agora, está aqui a Deolinda a pedir para apareceres à gloriosa estreia dela. Depois anunciamos.

João Monge – Perguntas-me se as francesinhas engravidam? Como irmão mais velho ensinaste-me que as cegonhas vêm de Paris, logo…

Manuel Paulo – Que a tua cobra continue a assobiar, porque bem mereces. Quanto ao teu último comentário remeto-te para uma próxima resposta pública sob a forma de esgalhanço. Só espero um dia em que acorde muito bem ou muito mal disposto. Nesses dias a ironia é mais aguda e o cinismo mais ácido.

Mais havia a comentar e agradecer mas o escrito já vai longo. Tentarei daqui para a frente juntar ao esgalhanços seguintes os comentários que forem necessários.
E para terminar, tem sido um prazer esgalhar publicamente! Contem com mais!

País imaginário

Contaram-me uma história surreal que se passou num país imaginário. Num daqueles países onde ainda se arrolam criancinhas e desempregados para baterem palmas aquando da visita das pessoas muito importantes.
Pois bem, certa vez nesse tal país imaginário houve uma visita a uma pequena cidade de uma delegação que incluía vários ministros. Encabeçava a visita o primeiro, o principal. Era dono de estampa desportiva e bom ar. O mulherio suspirava por ele e as mais velhas adoptavam-no como o filho que gostariam de ter tido.
Ao entrar num salão, tinha à sua espera um jovem instrumentista que dedilhava com mestria uma guitarra, executando uma peça de enorme dificuldade. Ora o primeiro, muito dinâmico, brilhante e habituado a fazer muitas coisas ao mesmo tempo, nem deixou o mancebo acabar. A meio da execução dispara: “isso é muito difícil, não?”. O guitarrista imperturbável continuou. Mostrou que não está à altura dos desafios desse país. Tem de melhorar e ser capaz de tocar Tárrega, falar ao mesmo tempo com quem o ouve e se possível com uma vassoura bem incrustada varrer a sala. Assim será um homem de futuro!
Atrás vinha uma ministra. Sim, uma mulher, porque neste país imaginário há muito se cumpria a paridade. A senhora tinha habitualmente um ar carregado. Na verdade, nada devia à beleza, apesar de naquele dia ter posto uns andaimes por dentro dos lábios que lhe sustentavam um leve sorriso. Ouviu com atenção uma flauta. No fim, abeirou-se do flautista e perguntou-lhe as habilitações. “8º Grau? Então sente-se preparado para ensinar no 1º ciclo?”. Mais uma vez o nosso músico envergonhou a classe pois num rebate de honestidade disse: “Claro que não!”. A visita continuou, o séquito seguiu, os músicos arrumaram os seus instrumentos e voltaram acabrunhados. Tinham aprendido com as suas falhas lições de vida que escola alguma é capaz de ensinar.
Entretanto, tenho andado um pouco confuso… e acho que estou a confundir tudo. Na realidade acho que ninguém me contou esta história. Acho até que isto tudo se passou à minha frente há poucos meses atrás. Mas acredito que seja mesmo do cansaço, ando mesmo muito cansado...

Em Portugal este ano a Música passou a ser ensinada no primeiro ciclo juntamente com o Inglês e a Educação Física integrada em algo que se chama “enriquecimento curricular”. O processo de recrutamento de professores foi no entanto diferente: enquanto para Inglês e Educação Física se pedia uma licenciatura e a profissionalização, para Música o 8º grau de uma academia ou o 12º ano de um curso profissional chegava. A remuneração varia mas pode ser de 5€ por hora. Recibo verde, é claro! A formação de professores não foi feita, nem tão pouco existe uma orientação, um programa. Mas isso para que importa? Estamos todos felizes porque os nossos filhos já têm Música na escola! E que bom será ouvi-los já para o ano a brilharem no Festival da Canção Júnior!

29 setembro 2006

O Sr. Engenheiro não dorme

Já não tenho memória de participar num ensaio tão profissional como o de ontem. Músicas novas, pautas frescas, harmonias proibidas, um fartote. Por momentos quase me esqueci do prometido, do anunciado, da noção das horas, das responsabilidades do dia seguinte, da azáfama do quotidiano. Vacilei. Por pouco não tinha convivido com os meus colegas, na usual e salutar tertúlia que procede aos ensaios. Felizmente a razão falou mais alto (por acaso, quem falou mais alto foi o Joca, com a sua voz projectada natural). E lá fomos nós para o sítio eleito e prometido: PortoBeer.

É notória a preocupação estética da casa. Provavelmente é coisa de arquitecto. Os vidros de grandes dimensões, a mescla de materiais pouco usuais, porém bem combinados, e os focos de luzes estrategicamente colocados convidam um transeunte mais distraído a observar e os mais esfomeados a entrar. Lá dentro o rigor continua. Porém somos surpreendidos com a dimensão da sala. Bem maior do que aparenta exteriormente.

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Depois de nos acomodarmos, é pedida a papinha da praxe. Os meninos ficaram entusiasmados com o preço do picapau. Muito mais em conta que outros locais com pior aspecto já aqui observados por nós. Mas como sabem, isso não quer dizer absolutamente nada. É preciso provar, degustar. O aspecto é este.

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A famosa tosta de queijo também tem este aspecto.

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O que dizer do picapau? Só o melhor: boa carne, boa apresentação, dois tipos de linguiça, presunto do melhor, broa, molho apurado (os gulas pediram pãezinhos para ensopar de molho… pena os pães serem parcos).
A tosta de queijo estava muito saborosa. Fiquei com vontade de pedir outra, o pão estava fresquinho.

Confesso que não esperámos que este local servisse tão bem como nos serviu. Impeliu-nos a arriscar sobremesas. Até eu, que costumo abster-me do açúcar, fiquei com curiosidade em saber se o nível se iria manter. Em locais como estes, o provérbio “quem não arrisca, não petisca” assenta que nem uma luva. E a loucura foi feita. Foi pedido um leite-creme, uma mousse de chocolate black&white e uma tarte de amêndoa.

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Infelizmente, a fasquia estava demasiado alta, assim como as expectativas… Os doces ficaram fracamente aquém do esperado. O preço é desajustado para a qualidade e quantidade que nos foi apresentada. O Joca comentou que leite-creme estava bom, foi queimado na hora e provavelmente aquecido previamente no micro-ondas. A mousse de chocolate, pedida por mim, teve só uma particularidade interessante: toda ela era para se comer, pois a forma era de chocolate. Mesmo assim não convenceu. Porém o pior ficou reservado para o Tomi: na sua tarte de amêndoa sentia-se um leve travo a frigorífico. O Joca comentou o sucedido com o empregado que nos atendeu, acrescentando que, provavelmente, a tarte estaria a refrescar perto de uma pescada, no frigorífico.

Em jeito de conclusão, posso dizer que o PortoBeer foi uma agradável surpresa, e devido à sua favorável situação geográfica, deverá ser poiso frequente dos meninos, em próximo ensaios que se estendam mais que o habitual. Mais uma vez, um produto do Sr. Engenheiro com qualidade acima da média.


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28 setembro 2006

É o destino

O destino, por vezes, gosta de pregar umas partidas, só para tornar a vida mais interessante (e também menos prática). Eu gosto muito de sacudir a água do capote para cima do destino. Como o Joca teve oportunidade de relatar, todas as peripécias das quais fui sujeito, foram todas elas obra do destino. Este triste episódio ficou-me marcado principalmente pelo usurpanço do clarinete... E o destino mais uma vez foi cruel, principalmente no timming. Tudo se passou na noite de carnaval. Enquanto todos festejavam, alguém fez o favor de esvaziar o meu carro e consequentemente parte do meu ser, do meu passado, da minha identidade. Infelizmente (ou não), tenho poucas fotografias para relembrar o meu tão querido companheiro de aventuras, que tanta melodia soltou e que tantas horas de prazer me proporcionou. Um dos registos aconteceu durante a gravação do nosso último cd - Mulheres - enquanto gravava o solo de uma das músicas que o compõe.

A música em questão tem por título "Quando vocês se juntam..." Em verdade vos digo que, quando eu e o meu instrumento nos juntávamos, havia uma cumplicidade tão grande que tudo à volta deixava de existir. Penso que alguns entendem perfeitamente o que digo. Mas o destino não parou por aqui! Esta mesma música foi escolhida para fazer parte de uma telenovela, em horário nobre, ambientando todas as movimentações de uma determinada personagem. Quis mais uma vez o destino fazer das dele. A actriz que dava a cara pela música teve problemas pessoais e saltou na novela. Salta a personagem, salta a música também... deixei, por fim, de ouvir o solo do saudoso clarinete desaparecido, na pequena caixa que revolucionou o mundo. Resta-me olhar em frente, apesar de sentir que a ligação que tenho por ele permanecerá até ao meu apagar. E, se por algum acaso ouvirem algo parecido com este solo, fiquem desde já a saber que eu, por ironias do destino, já fui muito feliz com um.


27 setembro 2006

Papel higiénico

Este blog tem assumido muitas vezes um papel revivalista, como se de um livro de memórias se tratasse. Ora, nós ainda não morremos, ou pelo menos ninguém nos avisou de tal… por isso há que também ir abrindo um pouco as cortinas em relação ao que vamos fazer num futuro próximo, para os senhores leitores irem começando a poupar uns trocos e assim terem onde gastar uns míseros tostões daqui a uns meses.
Conta-se que certo dia John Lennon estava com os seus colegas de grupo num hotel. A certa altura levantou-se e disse: ”vou compor uma piscina”. Com certeza o que escreveu, deu para a piscina, para a casa que estava à volta, bem como para o carro.
Pegando na brilhante frase dele hoje posso dizer que compus um rolo de papel higiénico. Mais, como produzi mais do que um escrito musical, acredito que dê para um pacote duplo. Não do papel mais suave. Falo daquele folha única, rugoso e áspero que nos faz pensar logo em lixa de água. Acredito seriamente que hoje fiz música que vale um pack do pior e mais barato papel do mercado.
Então, e para desvendar um pouco mais, digo-vos que a “Deolinda, cara linda” viu pela primeira vez a luz no dia de hoje. É um tema que está ao nível do nosso pior, onde a imoralidade, a falta de vergonha e até a demência se cruzam num cocktail musical. É muito natural que figure no próximo trabalho das Vozes. A este futuro hit da decadência seguiram-se 2 pequenos apontamentos musicais: um estará disponível brevemente naquela que será a melhor página da web de um grupo a cappella português. A outra até já tem título: “Acalanto para o menino, depois de ouvir Marisa Monte” e foi resultado da batalha que enfrentei pouco tempo antes de me sentar aqui à frente do computador. Garanto-vos que é maior o titulo do que a música. Mas, modéstia à parte, até me soa bem.

O normal

Hoje, ao contrário do Jony, acordei feliz. Feliz, porque hoje é Dia Mundial do Turismo; porque ouvi um sr. na rádio a dizer que temos os melhores campos de golf do mundo; porque estive todo o santo dia na escola e, mesmo sendo o Dia Mundial do Turismo, saí de lá com um sorriso na cara. Vai daí, estou suficientemente feliz para escrever sobre o último ensaio, que não foi assim tão feliz como poderia ser... pois foi demasiado sério, demasiado extenso, nem tempo sobrou para apreciar uma boa cervejaria. Mas amanhã será diferente.

Do ensaio, ficou-me na retina a farta barba do Joca



O farto terçolho do Tomi (pode ser que ainda saque uma foto do terçolho a ser lancetado)

Os meninos do coro, a ensaiar a sério.



Amanhã há mais. Em princípio a festarola será no PortoBeer. Podem aparecer, aquilo é espaçoso. Ainda por cima o Vilhas não vai.

Poesia

Hoje acordei triste. Hoje é dia 27. Hoje é dia de IRS:
Para me alegrar, para me preencher, para amar de novo a vida, tive que procurar algo único e precioso, que gostaria de partilhar com vós.

Do grande poeta Esther Gress, nascido na pitoresca vila de Copenhaga, na Dinamarca, onde se notam grandes influências de Johannes Vilheelm Jensen, e principalmente de Juan Ramón Jiménez.




Ordet

De kan knaegte
det levende ord

De kan knuse
et levende liv

De kan aldrig
ta liv af Ordet

Vagina por cabeça

Olá.

Apesar do titulo, o que escreverei a seguir é de conteúdo inocente. Tudo se deve à minha avó materna, que desde cedo me ensinou a gostar da língua portuguesa, da leitura, da poesia...
Por isso, para cativar a atenção de uma criança ladina, ensinou-me vários jogos empregando palavras, como por exemplo trocar as consoantes, em vez de gato, ficaria 'tago', etc...

Hoje, proponho aos leitores o seguinte jogo:

Em vez de se utilizar a palavra cabeça, utilizar a palavra vagina.

Exemplos:

- O mais vulgar seria "Hoje estou com dores de vagina".
- Para os professores de matemática "Vamos fazer contas de vagina".
- Rachar a vagina.
- Coçar a vagina.
- O Zidane tinha mandado uma vaginada ao Materazzi.
- Aquele grupo famoso chamar-se-ia " Os vaginas no ar ".



Fico por aqui, gostava que mandassem mais exemplos, mais utilizações. Vamos fazer deste blog, um espaço para dignificar a língua portuguesa. Não vamos ficar dependentes da Bárbara Guimarães e do Diogo Infante, que são grandes vaginas na área, mas não são suficientes. Puxem pela vagina e sejam criativos. Aguardo.

26 setembro 2006

Jura

Em 1995 as Vozes da Rádio gravaram num disco colectivo uma versão do Jura. O disco chama-se Espanta-Espíritos e saiu por alturas do Natal. Quando fomos convidados para gravar neste disco a única regra que nos foi imposta é que a gravação e mistura durasse apenas um dia. Pensámos o que gravar e optámos por fazer uma versão deste tema que estava numa cassete que o nosso amigo Veloso nos deu com uma série de originais que ele nunca tinha gravado. O Jura tinha já sido editado pela Lara Li mas o Rui só o gravou anos depois de nós o termos feito.
Então fica aqui para ouvirem sem bolinha no canto. Para gravarmos esta faixa não tivemos de nos despir, nem rolar em secretárias e camas, nem mesmo ajoelhar. Apenas contamos com a co-produção do Mário Barreiros e do Carlos Tê. E sinceramente foi muito melhor opção.

Em memória do Vilhas

Os leitores mais atentos devem ter estranhado por ontem, dia 25 de Setembro, as Vozes da Rádio não se pronunciarem no seu blogue, como é costume. Alguns poderão ter pensado que finalmente ganhámos juizo e não iriamos escrever mais... Outros terão chorado amarguradamente por não terem a dose diária de insanidade. Não foi por esquecimento... muito pelo contrário! Foi pura solidariedade com o nosso colega de grupo, Vilhas. Ele anda revoltado com o blogue. Até certo ponto, compreendo a sua revolta. Ele é o mais maduro do grupo, tem visão de sábio, tipo avozinho. Para ele, o blogue não é mais que um prolongamento da nossa idiotice quotidiana. E não será esse o propósito? Como neto emprestado, tenho de o respeitar e tentar aprender, do alto da sua sapiência. Decidimos então não "postar" ontem. Desejo que este post alegre o Vilhas, e que ele se reencontre no silêncio de um dia que fica na história... Pelo menos na história deste primeiro mês de vida.

Sai um duplo

Noite negra para o futebol português... Porto perde fora, Benfica perde em casa... Longe vão os tempos em que festejávamos efusivamente vitórias em contexto europeu. Mesmo nesses momentos de índole mais desportiva, a nossa banda não ficou de fora. No ano em que o Porto conquistou a Taça Uefa, o sr. (A)Pinto "Dourado" da Costa fez questão que estivéssemos na festa oficial, no Casino da Póvoa. Fica o registo. ps: gosto muito do benfiquista a cerrar os punhos como se fosse o seu clube que tivesse ganho...

Citação III

A 25 de Setembro durante o ensaio e no meio de várias imprecações, Vilhas dixit:
"Não tarda nada este grupo está a ensaiar de bengala"

24 setembro 2006

Best Buyer Award

Continuo a sentir uma perseguição atroz que apenas se fundamenta na inveja e na ganância de alcançar o poder supremo a qualquer custo.
Refiro-me, é óbvio, às histórias mal contadas e às biltres insinuações que colegas meus aqui escrevem sobre a minha pessoa, comportando-se como aves de rapina em voo picado para bicarem uma presa que apesar de tudo está em grande forma para se defender.
Para equilibrar o barco aqui vai uma história real que tem como protagonista o já vosso conhecido Miúdo.
Não há muito tempo encontrámo-nos no aeroporto Sá Carneiro para mais uma saída. O normal entusiasmo destas viagens estava patente na cara de cada um de nós. Havia no entanto uma face que irradiava uma alegria acrescida. O puto (também assim chamado no seio desta família) tinha com ele uma câmara digital novinha, pronta a apanhar os melhores momentos da viagem.
O voo parou em Lisboa e seguiram-se as habituais horas de seca na zona de embarque passadas deambulando de loja em loja, de tasco em tasco. Estava eu e o menino (igualmente assim tratado) sentados quando me levanto e digo: “vou tomar mais um café”. Ele, solícito e simpático acompanha-me apesar de não ser consumidor. Chamada para embarcar, entrámos no avião e estamos nós a arrumar os nossos saquinhos quando o efebo (ele mesmo) repara que o saco com a máquina digital tinha ficado na sala do aeroporto. Toca de incomodar toda a gente, tripulação, torre de controlo e… nada. A máquina, sentindo-se abandonada, procurou novo dono e fugiu.
Foi vê-lo acabrunhado o resto da viagem. Ao aterrar o avião, o seu humor mudou. Tinha esquecido a perda e agora interessava aproveitar. Fez bem.
De volta à terra natal, regressa à loja. Aqui confesso que vou dar azo à minha imaginação. Imagino-o a entrar na loja e a pedir outra máquina igual àquela que tinha levado pouco tempo antes. O ar surpreso do funcionário, contrasta com a alegria do nosso mancebo com novo brinquedo nas mãos.
O nosso jovem tem no entanto ideias que não passam pela cabeça do comum dos mortais. Com o fito de ajudar a sua mãezinha na lide de casa, resolve usar a mala do seu carro como sala de arrumos e assim evitar a desarrumação normal dos quartos dos teenagers. E na mala do seu Megane (que nós carinhosamente chamamos de ferro de engomar) habitam (ou habitavam) em total harmonia o clarinete, a guitarra, a máquina digital, a placa de som e microfones, o discman, o walkman, cd’s, as colunas e até o portátil. O mais incompreensível de tudo isto é que o oligofrénico nem sequer tem garagem. Na noite que tirou o portátil, os outros hóspedes da mala ficaram tristes e com a ajuda de um transeunte libertaram-se da posse do nosso néscio.
Nova ida à loja. Imagino o diálogo. “Olá Sr. Tiago. Mais uma maquinazinha?” “Sim, sai mais uma maquinazinha”, resposta com o sorriso franco e aberto que todos nós lhe conhecemos.
Por este motivo a Sony vai instituir este ano o “Best Buyer Award for Stooge People” e o nosso Miúdo é dos mais bem cotados para o ganhar. Neste momento apenas lhe fazem frente um vietnamita amblíope e um porto-riquenho amnésico.
aqui está ele apanhado por uma máquina analógica. Neste caso podemos dizer que ficou bem na foto.

O remédio para a doença

Hoje estive enfermo, no meu leito, o dia inteiro. A culpa é, sem dúvida, do sr. que inventou o Dia Europeu sem Carros. Na sexta-feira não pude abdicar da viatura, mas como sou um rapaz atento a problemas ambientais, ontem fui de bicicleta para o local de trabalho. Resultado: dia chuvoso e frio, dores de garganta e cabeça, uma noite sem dormir e (pior de tudo) hoje não pude comparecer a uma bela almoçarada a convite da minha afilhada de curso... Uma caldeirada de peixe preparada com tanto afinco... foi triste. Mas como tristezas não pagam dívidas, e depois de umas bombas químicas, tentei reagir. Foi então que decidi vasculhar nos cds de backups algumas fotografias terapeuticas. Descobri algumas muito interessantes que melhoraram significativamente o meu estado de espírito. Ei-las. Por ordem crescente.

Eu, imitando um acidentado que ficou sem a parte superior da beiça. Pontuação: FRACO


Vilhas, imitando o Brutus. Pontuação-SOFRÍVEL


Tomi, imitando o duende dos Lucky Charms. Pontuação: SUFICIENTE +


Jony, imitando o cruzamento entre o JC Superstar e o Bugs Bunny. Pontuação: BOM


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Joca, imitando um recém-nascido com falta de oxigenação. Pontuação: MUITO BOM

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Aqui está o nosso brilhante técnico de som. Não está a imitar ninguém, é simplesmente ele! O Nuninho consegue transformar um dia cinzento numa aguarela gigante! Pontuação: EXCELENTE

Obrigado amiguinhos, por contribuirem para a minha felicidade.

Citação II


A 24 de Setembro, durante uma conversa telefónica, Vilhena disse:

"Espero que me vejam hoje, na RTPN, por volta das 22:30, no programa Hora de Baco"

23 setembro 2006

Robert Plant e as Vozes da Rádio

Não, infelizmente não é uma participação confirmada para o próximo disco. É apenas mais uma história de viagem.
Em 1996 fomos pela primeira vez a Macau. A comitiva era grande e incluía também o Rui Veloso e sua banda e os Gaiteiros de Lisboa. Tudo para o Festival Internacional de Música de Macau. Foram 10 dias no outro lado do mundo muito bem passados e pouco dormidos.
Certa tarde passeávamos nós pelo Leal Senado, vimos um ser que era tal e qual o Robert Plant que conhecíamos das capas dos Led Zeppelin. Tão parecido o tipo era, que o fomos seguindo atrás a ver se tirávamos dúvidas. O Mário atalhou esforços e gritou “Hey Robert Plant”. À segunda, olha um tipo cabeludo já com um ar envelhecido, que ia ao lado do “nosso” Robert Plant. Parou e cumprimentou-nos. O velhinho era o verdadeiro Robert Plant. O outro era o filho!
Foram uns minutos de conversa. Quem éramos, o que fazíamos ali, ele também nos contou que andava ali às compras, que estava em Hong-Kong para uns concertos, falámos das parecenças do filho, de Portugal, dos Led Zeppelin… Perdemo-nos no entusiasmo e apesar de carregarmos todo o material necessário, nem filmámos, nem fotografámos, nem sequer pedimos um sarrabisco ao homem. Até agora era apenas uma história de memória. Fica agora aqui escrita não vá o Alzheimer tecê-las…

China 1996

China 1996. Não é Macau. Não sei se autografava ou se dava explicações sobre a posição de Portugal no mapa mundi

Memórias da Rádio III - Só para contextualizar

Como eu gosto e prezo muito os meus amigos, e para que não pensem que nós somos declaradamente uma cambada de senís, vou contextualizar a citação do meu amigo Vilhas, talvez o único elemento da banda que não padece de qualquer psicose (só mesmo de lapsos e gaps frequentes causados por aparições furtivas do sr. Al Zheimer...). Ano 2002, aproximava-se o dia da Mãe. Sem dinheiro para gastar em presentes sem sentido e despidos de intimidade, Joca aproveitou uma letra linda escrita por seu primo, compondo uma delicia musical, que se transformou numa dádiva a todas as parideiras do mundo. Um verdadeiro hino à feminilidade. 4 anos depois, a pedra do sepulcro foi removida e de dentro dele saiu esta preciosidade. Digo apenas que Joca se inspirou, para a sua brilhante interpretação, no Iglésias Lusitano. Disfrutai. (esta também fará parte de um cd de sucesso que poderá ser lançado brevemente...)

22 setembro 2006

A cobra come e bebe... também muito bem

Todos aqueles que lêem o Jornal de Letras, Artes e Ideias, a Revista Ler, sabem quem é o Prof. Eduardo Lourenço ou até já compraram o público para ler o Prof. Eduardo Prado Coelho devem saltar este escrito e centrar a atenção no anterior (a cobra assobia… e bem). Este é para todos os que gostam de passar os olhos pela Caras, pela Vip ou Flash, passam religiosamente férias no Algarve, já foram à casa do Castelo ou acham que diáspora é uma pedra preciosa.
Terminado o espectáculo a populaça começou a juntar-se às portas do Jardim de Inverno. Populaça não! Estava a nata das artes cénicas e musicais. Estavam igualmente pessoas.
O primeiro encontro foi com a nossa querida Ana Bola com quem trabalhámos por alturas da Débora. O que conversamos será agora transcrito.
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Desta forma salvo a minha pele das pragas que a Sodona Bola me rogou e que teriam efeito se escrevesse tudo o que falámos. Nem a foto com os seus meninos tirou. Mas salva-se a imagem colocando aqui a do enormíssimo Zé Nabo que ainda para mais fazia anos ontem e é como se sabe o senhor que aquece os pés da Dona Ana.
Entrámos no salão. Os encontros foram imediatos e de vários graus. Os colegas e amigos andavam por lá: o Veloso, o Gil, o Represas, o Camané, o Palma, o Vitorino, o Sérgio, o José Martins, a Amélia Muge, o Carlos Martins, o Tê. Das outras artes andavam actores como o Miguel Guilherme, a Graça Lobo, aquele moço que é pasteleiro em Belém e que deve ter um problema capilar grave ou um eczema de pele porque nunca tira a boina. E mais, muito mais, como aquele comentador de futebol que também faz uns filmes. A Aida Tavares, pessoa que muito estimamos. As lindas famílias do Manel e do Monge. A Paula e o Jorge. Estava lá tudo à conversa, a beberricar e a mastigar porque a fome àquela hora apertava e muito. Também andava a imprensa de várias cores. Ficam-me as cores da Ana Rita, conterrânea que esteve nesse marco da televisão que se chamou NTV e que agora se mudou para a SIC. Infelizmente não trocámos ideias. Fomos sempre acompanhados de perto pelo Rui Santos, falando de música, tecendo comentários e acima de tudo, tentando ficar-lhe com o programa. Nós somos jovens necessitados e não comprámos programas. Estávamos quase a cair em tentação mas acabámos por lhe confessar. Ele, bondoso, ficou de tirar fotocópias lá na rádio e mandar por correio.
Aqui Joca e Jony dividem a pelicula com Manuel Paulo e João Monge, os pais da cobra.

Aqui está João Monge, alentejano e boa pessoa, apesar de por vezes ser visto com más-companhias. Como aqui, que tenta em vão ser fotografado a fumar com Joca perante o sinal de proibição que se encontra atrás pouco visivel... Nem chega a ser uma provocação. É só uma idiotice

À meia-noite o telefone retine. Pensei que pela hora poderia ser a Cinderela, mas ela anda longe daqui. Era o Maestro Cesário Costa que tinha acabado a récita das Bodas de Fígaro mesmo ali ao lado no Trindade e juntou-se aos amigos do Porto. Fez ele muito bem. Era quase uma e resolvemos sair já com o estômago forradinho e com o bafo de Baco a aquecer-nos. Despedimo-nos e saímos com destino marcado: a casa do Nuno, nosso técnico de som e que foi persuadido a dar-nos guarida. Mas ao despedirmo-nos do nosso querido Maestro, não resistimos e fomos agasalhar com ele um bifinho na Trindade. No fim, tolos, ainda fomos passear para o bairro alto.

Ora cá está o bife devidamente montado por um ovo. O Cesário preferiu o bacalhau que tinha bom aspecto. Esqueci-me de lhe perguntar se estava bom... mas ele não fez má cara.


Já tarde fomos ter com o Nuno. Deu-nos cama, toalhas para o banho, uma gata e ainda uma experiência única: ouvir os sinos da Igreja da Penha de França às 8 da manhã. Fica a atenção do Sr. Prior: um dos sinos está desafinado meio-tom. O grave é que essa desafinação faz com que se crie uma quarta aumentada com a tónica. Este intervalo era chamado de “Diabulus in musicae” na Idade Média e soa muito mal no hino de Fátima que o Sr. Prior nos deu o prazer de ouvir. De certeza que estas coisas não são agradáveis aos ouvidos do Senhor. Quanto mais aos meus.



A cobra assobia... e bem

Desde o início que só os 4 caucasianos estavam decididos a ir a Lisboa. O Vilhas assim que soube que o musical não é em Kimbundu, nem que não tem tradução simultânea, amuou e disse que não ia. No entanto, por desígnios errantes desta vida, só eu e o Jony seguimos viagem. Os melhores, portanto.


É histórico que as grandes estreias provocam agitação, tumultos, por vezes até a histeria descontrolada. Desta vez nem a mãe natureza se quis alhear de tal facto, apareceu para o espectáculo e brindou-nos com um Gordon (também já varias vezes brindei com ele mas misturado com água tónica) causando o pandemónio rodoviário durante o dia e com ele os inevitáveis atrasos.
Rumámos a Lisboa numa viatura completamente recuperada (vide o meu popó) e, como é sagrado, lá parámos para ler a melhor imprensa. Soubemos pelo 24 horas que a Merche confessou que se culpa por muita coisa. Deixa lá Merche, fica só entre nós.

Lisboa. Trânsito. Estacionámos quase junto ao rio, na Rua do Corpo Santo. Paradoxal, pois em frente estava o bar Viking com 2 corpos bem pecadores à porta.

reparai no olhar extasiado de Joca e Jony perante o brilho da grande cidade. Há experiencias irrepetíveis

Ligámos ao nosso amigo da Antena 1, Rui Santos. Marcámos jantar no Tavares Rico, mas à última da hora entrámos numa porta mais abaixo, o snack-bar O Trevo. Bifanas e finos num atendimento de excelência. Ao balcão, quero dizer.

Jony, Rui Santos e Joca depois de uma bifana. O fascínio pela capital continuava

O apetite era muito e as bifanas não calafetaram, de forma alguma, as falhas do estômago. Mas muito maior era a expectativa de ver o “Assobio da Cobra”. A toque de caixa lá fomos para o São Luiz. A entrada não poderia ser mais gloriosa: Monge num brado forte exclama “Olhó Prendinácio!”. Respondo na mesma medida “Ganda Mongex”. Segue-se o abraço da ordem e continuação da euforia com os demais que rodeavam tão brilhante letrista.
Subimos. Esperamos. O ar começava a aquecer. Demasiado e ainda nem tinha começado. “O ar condicionado está avariado há 2 anos” disse-me no fim a Ana Bola. Há problemas insolúveis neste país.
Até que começa o espectáculo. E dele nada vos conto porque os artistas querem é o público na sala. Apenas digo que foi excelente ouvir e ver as canções do disco “Assobio da Cobra”, mais três da Ala dos Namorados a serem cantadas, dançadas e representadas. Também é sabido que sou e serei sempre suspeito a falar do trabalho do Manel e do Monge. São dos melhores e está tudo dito. Mas aos dois (também eles) suspeitos, juntou-se um trabalho fantástico dos actores (e tenho mesmo que dizer que o Diogo Infante é enorme em palco: representa e canta como ninguém), um texto que conseguiu aquilo que eu achava impossível fazer, que é a partir de canções avulsas construir uma peça, uma história, um cenário muito bem conseguido e o vídeo muito bem trabalhado. A ideia de um espelho mágico é simplesmente brilhante. Notável é o trabalho dos músicos em palco.


Sai toda a gente a trautear o “samba do acento” ou o “olha por ti” e leva lá dentro as “malhas caídas” ou o “nunca parto inteiramente” (bem cantado pelo João Reis. Não é como o Manel Cruz, mas Deus pôs-lhe à escolha, ou cantas como o Manel ou ficas com a Catarina. Ele, é obvio, fez a opção certa).
Chegados ao final fomos para o Jardim de Inverno para um beberete. Essa parte será contada num escrito à parte porque tenho que despir o papel de crítico teatral e vestir o de cronista social. Trabalho difícil este…

21 setembro 2006

A Cobra Assobia Hoje!


Precisamente a esta hora, o Assobio da Cobra sobe ao palco. Infelizmente não pude assistir à estreia, ao contrário dos meus colegas Joca e Jony. Estou ansioso por saber como tudo correu.
Parece que foi ontem, quando nos encontrámos em Lisboa para gravar.



É, sem dúvida, um privilégio para mim, privar com pessoas que tanto admiro. Ao Manel Paulo e ao Monge um grande abraço e continuação de excelentes projectos.

20 setembro 2006

Memórias de Viagens III

É o nosso anjinho da guarda. Profissionalmente acumula vários cargos: é o nosso homem de estrada, ou road manager se preferirem o anglicismo, é o consultor gastronómico, é o enólogo das viagens.
Quem é que traça o roteiro das viagens privilegiando as paisagens e a boa comida? Quem é que, quando dizemos “daqui a duas horas temos que estar em Lisboa”, consegue chegar 5 minutos antes? Quem é que escolhe os restaurantes, os vinhos, os digestivos e até as sobremesas? Quem é que, protegendo sempre a boa forma vocal dos meninos, compra as cigarrilhas da melhor qualidade? Quem é que se preocupa com os camarins, vê as águas, o catering, o palco? Quem é que sai a correr para ir a uma farmácia se alguém precisa de um analgésico ou uma qualquer panaceia para dores de garganta, dentes, sinusite, músculos ou até intoxicações alimentares? Quem é que faz a escolha musical para nos acompanhar nas viagens? Quem prepara o melhor catering do mundo quando as produções são nossas? Quem leva literatura variada e outros entretenimentos, como uma bola de futebol, para as viagens? Quem, certa noite em que as ovelhas andavam tresmalhadas e desnorteadas, as levou para o respectivo curral e assegurou que elas não sairiam mais? Quem? O nosso Zé António.

O grande Zé António


Esta imagem tem história. Fevereiro 2003. Cedo acordámos. Estávamos no Estoril. Encontrámo-nos ao pequeno-almoço e zarpámos rumo a norte. Antes a religiosa paragem em Belém para os pasteis e reforço de cafeína. Almoçámos em Celorico da Beira no “Escorropicha, Ana!” que diligentemente foi marcado por telefone pelo nosso Zé, durante a viagem. Seguimos para norte até Torre de Moncorvo. Aqui, estávamos parados em plena estrada, provavelmente num espectáculo privado de idiotices. Depois foi o concerto mais frio que fizemos ao ar livre, até hoje. 2 Graus negativos. No final gelados tínhamos o Zé com casacos para assegurar que a carreira das Vozes não ficava por ali.

Todos os grupos têm o seu anjinho da guarda. O nosso é o melhor do mundo. Pelo menos para nós.

Aparições Televisivas I

Como sabeis, esta banda é fortemente requisitada para apresentações televisivas. Pelo menos, era usual ser. Por acaso recentemente até nem tem sido. Desde que fizemos uma versão do Doce de Ananás, na tvi, com o Juca Magalhães a cantar connosco, as requisições começaram a escacear... Falta saber se foi a nossa prestação vanguardista que bateu demasiado forte nas bigornas dos telespectadores, se foi o cantarolar de rola do Juca. Mesmo assim, somos uma presença quase assídua da Praça da Alegria. Ainda no dia 6 do próximo mês, estaremos lá. A nossa presença é sempre uma lufada de ar fresco... sobretudo nos nossos locais de trabalho diário (vulgo escolinhas, academias, etc.), pois são sempre manhãs onde os nossos colegas não têm de se cruzar connosco! Eu gosto particularmente de ir à Praça da Alegria... Porque já fizemos bons amigos lá, porque até cheguei a jogar futebol às quartas-feiras com o, agora treinador, Jorge Gabriel, porque sempre nos receberam com carinho... Mas tenho colegas meus que gostam de ir lá por outros motivos. Palavras para quê? Uma imagem vale mais que mil palavras... mesmo sendo escritas neste blog!
ps. a menina de cabelos longos e de camisola castanha é a pikolé, vestida à civil... Quase conseguiu convencer uma pessoa a ir para o chapitô, para um curso de palhaçada. Esqueceu-se que esse alguém já era doutorado nisso.

19 setembro 2006

Outra desilusão

Caros leitores:

A partir de hoje penso que vai ser difícil fazer um acompanhamento total dos ensaios regulares da banda. Isto porque tenho de me levantar todos os dias muito cedo e não me posso deitar no horário pornográfico que me tenho deitado, em dias de ensaios. Posso, no entanto, acompanhar a parte menos interessante, a musical. A observação e comentários a pica-paus e afins podem ser feitos pelo Tomi, visto ser o único caucasiano a postar menos.

Da parte musical do ensaio de ontem, ficam apenas dois momentos bonitos: o Joca Almighty e o Jony a tentar emitir sons sem ser vocais...


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Depois de cantar um pouco, lá fomos ao Convívio, perto do Shopping Bom Sucesso. O que nos salta logo à vista é a faixa etária dos garçons... entre 65 e 70 anos. "É bom sinal, pelo menos devem ter muita experiência", pensava eu, inocentemente. Por incrível que pareça, o sr. que nos atendeu nem sabia o que era um pica-pau. Falha enorme. Teve de chamar um colega, curiosamente mais novo, o qual nos explicou que ali se denominava "carnes mistas à chefe". Aos omnívoros, soou-lhes muito bem. Lá mandaram vir uma dose para os 3. O Vilhas optou por um prego, porque, segundo ele, está de dieta... Eu fui no habitual.



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Apesar do aspecto até ser jeitoso, neste caso seria preferível só se ter comido com os olhos. Logro é a palavra que me surge para avaliar os petiscos. A dose de pica-pau era curtíssima para o andamento em presto das mandíbulas dos nossos 3 amigos. O Vilhas não emitiu opinião sobre a qualidade do prego. Apenas comentou o valor que pagou no fim, comentário esse impróprio de ser transcrito, pois a minha mãezinha lê o blog e ia ficar com pior impressão do jovem cabidela. A tosta de queijo foi das mais sumíticas que alguma vez provei.
Alguns desistiram, não tiveram coragem de pedir mais nada a não ser a conta. Apenas o Joca e o Tomi não resistiram à tentação, e pediram para cada um uma fatia de charlotte de chocolate com gelado de nata. Foi triplamente errado. Não era nada de especial, era caríssimo e provocou um efeito bastante estranho... diria Wainwrigtiano, até...


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Portanto, não há muito mais a dizer. Para este tipo de petiscos, esta casa é para esquecer.

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Vamos à Capital do Império!

Já aqui falei, mas é só para relembrar a estreia dia 21 do Assobio da Cobra. Os Senhores vão lá estar, pelo menos os mais importantes (eu vou). Podem vê-los quinta à tarde A1 abaixo ou então parados no posto de abastecimento de Leiria a consultarem a Caras, a Vip, a Flash e outras revistas da especialidade.
À noite lá estarão civilizadamente sentados a assistir.

Falta decidir onde dormem e até se dormem, mas isso logo se vê.

Fica aqui o cartaz com o elenco e tudo...

A crítica severa, imparcial e incisiva aparecerá aqui depois do evento.



Elenco

Poesia

Para que não restem dúvidas acerca da minha pessoa, da minha natureza, sensibilidade, dos meus valores, do que eu amo na vida, partilho com vós mais um belo momento.

Poema de Rufino Duarte, natural de Vale, Vila da Feira.

NINFA

Ela querelava junto do flúmen silente,
Quando a titónia undiflava e rorífera
Encheu a natura obducta e paínfera
De um punício tão pátulo quão furente.

Sob o sinceiral fluctígero e sedente,
A progne lúrida e a mariposa lucífera
Brincavam com uma incude opífera,
Alheias à tágide serícea de tridente.

Muita lectícia desde aí me tropeçou
Por este víndice e pático averno;
Mas nenhuma tão hiulca me ficou

Como aquela nutriz semota e morígera,
Levada pela amaritude do hesterno,
Sobre aquela natura pulcra e navígera!

DOSSIER: HOTEIS - outra história de violência

Olá.

Antes demais, tenho que me defender da publicação de uma fotografia exibida num post no dia de ontem. Essa alma pura que a publicou, tirou a fotografia do contexto. Tal como fizeram com Sua Santidade o Papa Bento. Exijo que se retrate e peça desculpas publicamente.

Para que não restem dúvidas:
Macau 1996. Hotel Sintra??? Não interessa, era um hotel. Em Macau quase ninguém fala português, facto do qual nos apercebemos pouco depois de lá chegarmos. Numa descida de elevador, vamos os cinco, entra um senhor asiático muito bem posto. Joca começa sem demoras a adjectivá-lo em voz alta: "olha-me o penteado deste.....", " olha que cara de ......", " gosta de.....", (penso que a mãe do senhor també foi agraciada). O elevador pára, o senhor sai, não sem antes desejar "Boa tarde", no mais correcto português.

Outra descida de elevador, outro senhor asiático, outra paragem e diz o senhor: "Bye, Bye!". Responde Vilhas: " Bye, bye, bai para a p........".

Histórias destas nunca vão ouvir acerca da minha pessoa.

Citação I

A 18 de Setembro, durante o ensaio, Vilhena disse:
"Espero que valha a pena o esforço pelo Sr. Cerqueira"

18 setembro 2006

Raiva e dor

Tenho sido vilipendiado de forma grosseira e agressiva neste blog por aqueles que se dizem meus amigos. Aqueles a quem dei regaço no duro início da vida artística, cospem hoje no prato de onde já comeram.
Quem nunca se interessou pela história da Roma antiga, não percebe por certo, o que um homem (com h minúsculo) é capaz de fazer para ascender a um lugar que pertence a quem, por antiguidade, por tradição, obra, equilíbrio, autoridade e lealdade o ocupa.
É verdade, falo de mim e da posição de único elemento das Vozes que ainda por cá anda desde a sua criação e que por isso mesmo assumo a postura de chefezinho déspota, de ditador irascível, de comandante tirano.
Mas o perigo espreita. Outros, quais abutres do Egipto, planam sobre mim à espera que exale o fétido cheiro de carne podre para assim assumirem o meu lugar.
Falo daqueles que aqui relataram histórias que pouco dignificam a minha credibilidade (vide Dossier: Hotéis – uma história de violência) ou que lançam o anátema sobre mim, recorrendo à injuria e falsidade, associando-me a Cacia e a comportamentos sociais reprováveis (vide Concertos I).
Poderia contar-vos memórias de fazer corar o menos inocente. Mas é sabido que as imagens falam mais que mil palavras.
Estávamos em Vila Franca do Campo, São Miguel, Maio 2004. Eu, feliz e ingénuo, quis com a minha Lomo captar um momento terno de família. Atrás, os meus colegas de grupo mais o técnico de luzes Pedro Cabral, aqueles a quem tenho por irmãos, comportam-se de forma condenável. Atentai bem nos dedinhos deles... Lamentável!

O casamento - capítulo III

Três é número da perfeição. Por isso este é o último capítulo deste tríptico amoroso que me levou a Lamego para partilhar a felicidade de um jovem casal que iniciou agora uma longa caminhada a dois. Bonito!
Actuação da tuna
Nem duas vidas universitárias me levaram a pôr uma capa e a cantar com uma tuna....de capa Nada contra, antes pelo contrário. Se calhar é mesmo uma questão de feitio, ou de oportunidade. Não deu na altura. Agora, só mesmo o Mokas e a Migui para me porem lá no meio. Por isso fica a noite de 16 de Setembro marcada pela minha primeira e última actuação com uma Tuna. E claro só podia ser com a Tuna da Portucalense.
Antes, o ensaio cá fora. Copos e cigarros para o aquecimento. A certa altura dei comigo a pensar que se fosse instrumento musical nunca seria um de sopro. Vi o bafo letal que saía do Cavadas em direcção à flauta. Eu oxidaria, baixaria de tom, se calhar até derretia. Ele lá continuava com os trinados e a pobre da flauta respondia. Ao meu lado o Vanessa afina afincadamente o violino. “Para quê? Para destoares?” perguntei. Ele sorriu. Passa por mim e pelo Mari Carmen o Scotch a rir. A bom rir. Infelizmente não tínhamos câmara para captar. Nunca ninguém se vai acreditar nisto. O Adélio está em grande forma no bandolim. Ele como um dos fundadores da tuna puxa a carroça com empenho. O Bragança tenta ordenar as tropas. Chega uma camioneta cheia de meninas. Ao longe julguei que o Tomadas tinha sido diligente desta vez. Mas não. Era a tuna feminina da Católica que estava a chegar para abrilhantar a festa.
As meninas tocaram e pelos relatos muitíssimo bem. Eu não as ouvi porque estava empenhadíssimo no ensaio com a rapaziada. Afinal conhecia o que cantavam, mas já não contactava com aquelas músicas há mais de 2 anos.
Lá fomos cantar. Deu-me muito gozo ouvi-los outra vez. As grandes vozes do Hélder e do Mário. O Tó a cantar como nunca cantou. O Mari Carmen brilhante no solo e nas percussões. O resto da rapaziada: o Chaves, o Tomadas, o Darth, o Cromo, o Atila, o Joker, o Bijou, o Renato (mau demais escrever aqui o nome de guerra dele), o Vanessa, o Cavadas, o Rui Barros, o Cremalheira, o Fafe, o Garret, o Scotch, o Securas, o Bragança e outros que a memória já não me ajuda a estas horas. Confesso até que os meus olhos marejaram quando ouvi o rouca vai a campainha, uma cançoneta parida por mim e pelo Mário Alves há uns anos para o Museu dos Transportes.

Tuna


Com o fim da brilhante actuação, chegou também ao fim o meu dia. Havia que regressar e começava a ser dificil.
Notas finais

Qual Prof. Marcelo aqui deixo as notas finais:

20 valores

Ao Tó e à Migui. À festa. À companhia. À “minha” tuna. Ao simpático senhor que me serviu os camarões de forma personalizada e que repetiu o feito com os 3 cafés antes da viagem de regresso.


8 valores

Ao ter que fazer a viagem de regresso àquela hora. À camisa daquele senhor que estava quase à minha frente e que fazia da mira técnica de uma qualquer televisão um esbatido quadro a pastel. Ao carro da BT que estava parado no IP4 não possibilitando a transgressão de forma livre e espontânea.

… e para terminar, afinal a banda não era cubana. Não! Olhem para o violino. Sim é ele! É português! É o Obikwelu.

os falsos cubanos


Dia 5 de Outubro tenho mais um casamento! Até lá.

17 setembro 2006

Concertos I

Enquanto alguns andam por aí no bem bom, a comer à grande e à francesa, em viagens com álibis de casamentos e acompanhados por amigos com gostos duvidosos... Outros trabalham e defendem a cor desta equipa. Pois é, meu amigos, ontem os 3 cantores do grupo deslocaram-se a Mafra para, mais uma vez, deslumbrar a plateia com raros dotes vocais. E pasmem-se! Presenteamos todos com música muita antiga... gregoriana, mais especificamente. Mas vamos por partes.
Saímos do Porto para sul... Foi notório, logo que entrei no carro, algumas diferenças:
-o carro estava bastante mais leve, logo, mais rápido;
-não tivemos os famosos jornais e revistas que o Vilhas leva, usualmente, aos magotes;
-pela viagem fora, só cheirou mal uma vez, quando passamos por Caxias... a diferença que o Joca faz...
Chegámos ao destino. Mesmo junto ao convento. Um painel vislumbrava-se ao longe; dizia em letras garrafais "Moda Mafra". Enquanto acabava de ser montado o palanque da passerelle, os meninos decidiram bater terreno circundante.

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Existem certos pormenores que nunca ficam bem pôr a descoberto, principalmente situações bizarras de uma banda de prestígio como esta. Por exemplo, a ideia deprimente de nos vestirmos no carro depois de se ter a oportunidade de nos vestirmos no mesmo camarim que dezenas de manequins conhecidas, parece-me algo um pouco absurdo. Mas nós gostamos de ser assim... do contra! Pena que não tenha nenhum registo fotográfico deste acontecimento, de certeza que os boxers ao xadrez do Tomi ficavam muito bem aqui, como fundo...
Depois chegou o momento alto da noite... Entre modelos a correr, apresentadores a espalhar charme, público a delirar com uma menina dos morangos com açúcar e fotógrafos rookies, os meninos sobem ao palco e brilham com a primeira música... Hino a S. João Baptista, com batida patrocinada pelos melhores DJ's de Kizomba. Coisa de nível...


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Claro está, que após cantarmos para todos os apreciadores de música gregoriana (seguramente mais de 4), estivemos a fazer horas para os restantes músicos acabarem. Enquanto isso, como quem espera desespera, existe sempre espaço para a palhaçada. Não é por acaso que o meu nick é miúdo...


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No entanto, mal o concerto acabou, foi ver resmas de modelos a correrem para ter um autógrafo nosso... Será que foi pela nossa brilhante actuação? Será pelo nosso incontornável charme? Terá sido pelo paleio nos bastidores? Fica apenas o registo... (ó pra elas, todas cheias de pressa...)


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