14 setembro 2006

Assobio da Cobra à porta

É já para a semana, dia 21 que estreia o musical Assobio da Cobra no teatro São Luiz.
O musical aparece na sequência de um excelente disco com o mesmo título que foi editado há cerca de dois anos e que foi miseravelmente promovido pela EMI.
Sou suspeito quando falo deste disco. Por um lado porque as Vozes participam. Por outro lado foi feito por 2 enormes amigos: o irmão João Monge e o não menos irmão Manel Paulo. Fui aliás assistindo ao crescimento deste trabalho sempre à sombra de uma boa refeição. No verão de 2002 num restaurante alentejano na Parede, meses mais em Aveiro (onde comemos Manel? Já não me lembro). Depois foram mp3 para ir ouvindo, os mails contando pormenores, os encontros em Lisboa e as gravações em Vale de Lobos.
Por isso aguardo com expectativa a estreia do musical. Que se pode esperar do encontro de um dos maiores letristas e de um dos melhores escritores de canções deste país? Só o melhor.
Para aperitivo deixo aqui uma das minhas favoritas do disco. Neste caso ainda se junta outro bom amigo aqui do burgo: o Manel Cruz dos Pluto, Supernada e dos saudosos Ornatos. Tudo boa gente, garanto-vos.

NUNCA PARTO INTEIRAMENTE

Nunca parto inteiramente,
não me dou à despedida
As águas vão simplesmente
presas à sua nascente
é do seu modo de vida

Fica sempre qualquer coisa
qualquer coisa por fazer
Às vezes quase lamento
mas são coisas que eu invento
com medo de te perder

Deixei um livro marcado
e um vaso de alecrim
Abri o meu cortinado
fiz a cama de lavado
para te lembrares de mim

Nunca parto inteiramente
Vivo de duas vontades:
uma que vai na corrente,
a outra presa à nascente
fica para ter saudades

10 comentários:

San disse...

O que gosto sobretudo no vosso blogue é a forma como põem o rádio à mesa. Entre os comes, os bebes, as as músicas e a poesia é tão evidente que se divertem à brava que só podiam fazer grandes canções.
Que óptima ideia partilharem isso connosco!

Anónimo disse...

Foi uma enorme alegria que descobrir o blog das Vozes e, através dele, constatar que se encontram todos fora de grades. Como o Vilhena só apareceu ao fim de alguns dias fiquei um pouco apreensivo: “os gajos vão ter que mudar os arranjos para quarteto”.
Confesso que já me deu a pica para mandar um comentário sobre o quanto admiro o vosso trabalho, mas acabei sempre por não o fazer com o argumento “os gajos podem ler...".
Obrigado por terem enfiado uma canção do Assobio, a minha mãe já se queixava que as outras velhas do bairro estavam em défice cultural!

Grande abraço!

P.S. Prendas, é verdade que as francesinhas engravidam?

Anónimo disse...

Prendas, se conseguires saca o "que" da primeira linha. Se não conseguires, "que" se lixe!

Anónimo disse...

Muito bom! Desconhecia este disco, mas confesso que adorei a amostra.

Abraços
Lola

Anónimo disse...

É com o coração numa rapsódia de emoções, que me passeio pela primeira vez no vosso blog, ainda por cima com a surpresa de ouvir o "NUNCA PARTO...". Há bastante tempo que não ouvia a versão original, com a interpretação única do Manel Cruz e o belíssimo sax tenor do Andrzej Olejniczak. Sinto-me honradíssimo, e a minha mãe pensa exactamente o mesmo que a mãe do Monge. Habituei-me agora a ouvir esta canção na voz do João Reis, em versão teatral, e devo desde já dizer-vos que tenho sido, de um modo geral, surpreendido com as interpretações dos actores do ASSOBIO. Mas disso dir-me-ão vocês de vossa justiça, no dia 21.
Falar em surpresa nas interpretações, remete-me para um dos vossos considerandos sobre os ensaios, o seu objectivo e a sua duração.
O objectivo é óbviamente, ensaiar!, mas há casos em que a partir de certa altura o objectivo é chegar ao fim, já bastante próximos do vómito.(Creio que estes ensaios se revelam especialmente profícuos, embora demorem a passar). Hà ainda aqueles ensaios, em que o objectivo primeiro é a refeição, seja ela a que horas fôr, e vamos tocando com afinco, sem perdas de tempo, a antecipar os bivalves, as carnes grelhadas, ou uma boa dose do prato do dia. Tudo devidamente regado com bebidas à escolha. (Muito bem tiradas aquelas cervejas na Cufra, já para não falar da felicíssima dose de pica-pau.Hà muito que lá não vou, e na primeira vez que for ao Porto, lá voltarei. Foi lá que comi a minha primeira francesinha!).
Mas voltando aos ensaios, de momento tenho a sensação que nunca fiz outra coisa, mas de facto tenho visto a peça a crescer. O Monge é testemunha.
Eu sempre dei muito valôr aos actores. Expõem-se totalmente de uma forma algo abstracta. Nós subimos a um palco e expômo-nos, mas tocando, ou cantando. Não digo que seja mais fácil, de modo algum, mas para mim é mais objectivo. Nós temos que tocar e cantar, e bem, mas aqueles gajos têm que SER. Ser, seja lá o que fôr, e admito que se um gajo fizer de corcunda da Notre Dame, ou de Henrique VIII, até tenha umas buchas a que se agarrar, agora quando um gajo tem que fazer de gajo normal, deve ser muito complicado. Tudo isto , também, porque pela primeira vez tenho um pequeno papel, talvez mesmo minúsculo.É uma singela dúzia de palavras, e asseguro-vos que aqueles minutos em que estou em palco como não-músico, me preocuparam mais do que todo o trabalho musical da peça. Por tudo isto e pelo convívio com a misteriosa tribo dos actores, esta está a ser uma experiência única e altamente gratificante.

Amigos, aqui fica um enorme abraço, e rirmos das mesmas coisas, partilharmos aquilo que gostamos, é mesmo o que nos une.
(agora está-me a dar para o melodrama. Não tenho jeito.) Outro abraço. MP

Anónimo disse...

Já agora, O ASSOBIO DA COBRA, estreia no dia 21 de Setembro no Teatro S. Luís, em Lisboa,e estará em cena até ao dia 26 de Novembro.
Até aos 30 anos, o preço dos bilhetes é de 5€. Depois dos 30, vai até aos 15€. Não é, portanto, nada caro.

jacky disse...

Eu sou super fã desse album e cheguei até a passar algumas letras no blogue, e até fiz uma interpretação livre do samba do acento mas infelizmente nunca ouvi as músicas em nenhuma rádio e nunca vi passar nada na TV.

Às vezes, detesto tanto este país onde a qualidade não é reconhecida e só vingam as influências e as cunhas... :(

jacky disse...

PS lá vou eu ter de ir á capital ver o musical ou há hipóteses de vir ao Porto?

Gotinha disse...

"NUNCA PARTO..." é um mimo!!!

Alegrao disse...

A minha preferência fica logo pela primeira música: Variações do amor.
Também irei ver o musical.
Abraços