Esta não é propriamente uma história das Vozes, apesar de elas estarem indirectamente ligadas a ela. Foi através delas que há uns anos atrás fui convidado para ser ensaiador da Tuna da Universidade Portucalense. Aceitei o desafio em part-time e desses anos mais do que as glorias musicais (sim, porque houve algumas) fica um punhado de bons amigos. O Tó (também conhecido por Mokas) é um deles. Foi ele aliás que me convidou e ficou para sempre a ser o elo mais forte da minha ligação à tuna.
Ontem, no cumprimento de um ritual marialva implementado já no século XX, fez-se a chamada despedida de solteiro, ou seja, arranjou-se um bom argumento para um jantar e um mergulho no mundo da noite povoada por estudantes de psicologia brasileiras e que por cá lutam por um futuro mais risonho (gosto de por as coisas nestes termos, pelo menos para começar).
Já há muito que perdi a conta às despedidas de solteiro que fui. Inclusivamente já fui a duas da mesma pessoa, se bem que legalmente nunca mais se volta a ser solteiro. Todas seguem um guião idêntico. Muda só o elenco e o realizador. Com um realizador mais realista, há uns anos atrás, acabei a noite com uma pistola apontada à cabeça. A de ontem sempre foi mais pacífica.
Cheguei ao restaurante. Muito pouco de restaurante. Muito mais de central de camionagem em hora de ponta. Dezenas de grupos de noivos, noivas, aniversariantes, novos, velhos, feios, bonitos, tudo a dar ao dente e a abafar uma banda de brasileiros que cantava velhos clássicos de karaoke. No meio da confusão lá encontrei a “minha” mesa. Estavam lá quase todos: o Mari Carmen, o Tomadas, o Scotch, o Securas, o Pombinha, o Cromo, o Vanessa, o Átila, o Tom, o Joe, o Cremalheira, o Darth, o Mezenga, o Bragança, o Garrett, o Mário (finalmente um nome real) e outros que o nevoeiro da noite já apagou da memória. Havia também gente nova que eu não conhecia. Lembro-me do Micose, que me foi solenemente apresentado, pelo simples facto de ter passado o fim da noite a enrolar cigarros (fiquei na dúvida, aquilo era só tabaco, não era? Pelo menos foi a isso que me soube…)
Duas meninas bem apresentáveis vieram oferecer-nos favaíto. Os moscatéis portugueses são de longe superiores aos Martinis e quejandos. Pelo menos acredito que os nossos sejam feitos com uvas. Lá bebemos e depois começou a roda-viva das bandejas com cerveja que só terminou depois da conta estar paga. Toca a escolher. Carne para todos é claro! Longos minutos de espera aliviados por umas saladas, umas amostras de chouriço na brasa e um show único de uma menina de nome Tânia que literalmente descarregou uma bandeja de cerveja numa das pontas, molhando os que por aí estavam e partindo vários copos. O sumo do show foi mesmo o varrer do chão com a jovem a inclinar-se de forma muito pronunciada deixando o decote à vista dos comensais. Não se faz isto com gente tão jovem!
Finalmente as vitualhas! Posta e picanha a rodos. Tudo a comer e beber num regresso ao que de mais primitivo há no ser humano! E cerveja pois então, muita! Para aumentar o clima quase tribal começam rituais de dança brasileiros que incluem coisas execráveis como a dança da garrafa e músicas primárias com diminutivos como bundinha, esfregadinha e outros que felizmente não retive. O ponto mais baixo (ou mais alto depende da perspectiva) foi o mega êxito “aaah, é o amôôôôô, ai, ai, ai é o amôôô…”. Comentei (na altura ainda conseguia fazê-lo) com o Mari Carmen o raio de aculturação deste povo que vai buscar sempre o que de mais rasca há dos outros e toma como seu. Se não vai ao nordeste, vai ao Caribe. Ainda para mais se há povo sem ritmo e falta de jeito para dançar é este. Mas estava ali toda a cultura do pé descalço, ou pior, do chinelo de meter o dedo. Sobremesas e caipirinhas. E lá continuavam alegres, felizes, caras femininas e masculinas ora dançando, ora cantando em berros os clássicos do rodízio. Na mesa atrás duas miúdas lindas e bem bronzeadas esfregavam-se freneticamente deixando pasmados tunos e antigo ensaiador (seriam lésbicas? Raio de curiosidade masculina que alimenta fantasias. Acho que o Mezenga tirou isso a limpo. No casamento tenho que lhe perguntar). Na mesa em frente um tipo de facies nórdico tão depressa estava a dançar com um amigo, como saía em ombros com duas amigas em direcção à casa de banho, revirando os olhos. Os cafés tardavam. Mais caipirinhas. Estranhamente já havia nevoeiro lá dentro. Não era só o fumo. Era eu mesmo que já estava a ver as coisas turvas. As propostas para o resto da noite passavam por Vigo, mas com o decorrer do tempo foram perdendo força. Passava da uma quando veio a conta. 579 Euros que ninguém estava em condições de reclamar ou de conferir. E tudo pagou de sorriso nos lábios. Até porque havia continuação da jornada.
E porque isto já é mais que um post, é um capítulo de diário, conto em próximo post a segunda parte. Para muitos a melhor. A parte das gajas.
Ontem, no cumprimento de um ritual marialva implementado já no século XX, fez-se a chamada despedida de solteiro, ou seja, arranjou-se um bom argumento para um jantar e um mergulho no mundo da noite povoada por estudantes de psicologia brasileiras e que por cá lutam por um futuro mais risonho (gosto de por as coisas nestes termos, pelo menos para começar).
Já há muito que perdi a conta às despedidas de solteiro que fui. Inclusivamente já fui a duas da mesma pessoa, se bem que legalmente nunca mais se volta a ser solteiro. Todas seguem um guião idêntico. Muda só o elenco e o realizador. Com um realizador mais realista, há uns anos atrás, acabei a noite com uma pistola apontada à cabeça. A de ontem sempre foi mais pacífica.
Cheguei ao restaurante. Muito pouco de restaurante. Muito mais de central de camionagem em hora de ponta. Dezenas de grupos de noivos, noivas, aniversariantes, novos, velhos, feios, bonitos, tudo a dar ao dente e a abafar uma banda de brasileiros que cantava velhos clássicos de karaoke. No meio da confusão lá encontrei a “minha” mesa. Estavam lá quase todos: o Mari Carmen, o Tomadas, o Scotch, o Securas, o Pombinha, o Cromo, o Vanessa, o Átila, o Tom, o Joe, o Cremalheira, o Darth, o Mezenga, o Bragança, o Garrett, o Mário (finalmente um nome real) e outros que o nevoeiro da noite já apagou da memória. Havia também gente nova que eu não conhecia. Lembro-me do Micose, que me foi solenemente apresentado, pelo simples facto de ter passado o fim da noite a enrolar cigarros (fiquei na dúvida, aquilo era só tabaco, não era? Pelo menos foi a isso que me soube…)
Duas meninas bem apresentáveis vieram oferecer-nos favaíto. Os moscatéis portugueses são de longe superiores aos Martinis e quejandos. Pelo menos acredito que os nossos sejam feitos com uvas. Lá bebemos e depois começou a roda-viva das bandejas com cerveja que só terminou depois da conta estar paga. Toca a escolher. Carne para todos é claro! Longos minutos de espera aliviados por umas saladas, umas amostras de chouriço na brasa e um show único de uma menina de nome Tânia que literalmente descarregou uma bandeja de cerveja numa das pontas, molhando os que por aí estavam e partindo vários copos. O sumo do show foi mesmo o varrer do chão com a jovem a inclinar-se de forma muito pronunciada deixando o decote à vista dos comensais. Não se faz isto com gente tão jovem!
Finalmente as vitualhas! Posta e picanha a rodos. Tudo a comer e beber num regresso ao que de mais primitivo há no ser humano! E cerveja pois então, muita! Para aumentar o clima quase tribal começam rituais de dança brasileiros que incluem coisas execráveis como a dança da garrafa e músicas primárias com diminutivos como bundinha, esfregadinha e outros que felizmente não retive. O ponto mais baixo (ou mais alto depende da perspectiva) foi o mega êxito “aaah, é o amôôôôô, ai, ai, ai é o amôôô…”. Comentei (na altura ainda conseguia fazê-lo) com o Mari Carmen o raio de aculturação deste povo que vai buscar sempre o que de mais rasca há dos outros e toma como seu. Se não vai ao nordeste, vai ao Caribe. Ainda para mais se há povo sem ritmo e falta de jeito para dançar é este. Mas estava ali toda a cultura do pé descalço, ou pior, do chinelo de meter o dedo. Sobremesas e caipirinhas. E lá continuavam alegres, felizes, caras femininas e masculinas ora dançando, ora cantando em berros os clássicos do rodízio. Na mesa atrás duas miúdas lindas e bem bronzeadas esfregavam-se freneticamente deixando pasmados tunos e antigo ensaiador (seriam lésbicas? Raio de curiosidade masculina que alimenta fantasias. Acho que o Mezenga tirou isso a limpo. No casamento tenho que lhe perguntar). Na mesa em frente um tipo de facies nórdico tão depressa estava a dançar com um amigo, como saía em ombros com duas amigas em direcção à casa de banho, revirando os olhos. Os cafés tardavam. Mais caipirinhas. Estranhamente já havia nevoeiro lá dentro. Não era só o fumo. Era eu mesmo que já estava a ver as coisas turvas. As propostas para o resto da noite passavam por Vigo, mas com o decorrer do tempo foram perdendo força. Passava da uma quando veio a conta. 579 Euros que ninguém estava em condições de reclamar ou de conferir. E tudo pagou de sorriso nos lábios. Até porque havia continuação da jornada.
E porque isto já é mais que um post, é um capítulo de diário, conto em próximo post a segunda parte. Para muitos a melhor. A parte das gajas.
1 comentário:
Obrigado por me lembrares a parte final do jantar!
O Nevoeiro ou os cigarros do micose náo me permite lembrar ... lol
Obrigado Amigo
O Nubente
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